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A cavalaria do inferno
Referência: Apocalipse 9.1-12
INTRODUÇÃO
1. As trombetas são os juízos de Deus sobre os ímpios, em resposta às orações dos santos. Esses juízos não são finais, pois visam o arrependimento. Na sua ira, Deus se lembra da sua misericórdia.
2. As quatro primeiras trombetas foram juízos que atingiram a natureza: a terra, o mar, os rios e os astros. Mas agora os terrores do tempo do fim vão aumentam em tensão e intensidade. Agora não são calamidades naturais, mas terrores demoníacos invadem a terra para atormentar os homens.
3. As últimas três trombetas trazem juízos mais severos e estes atingem os homens ímpios diretamente. São “ais” que lhes sobrevirão.
4. Essa quinta trombeta fala de um tormento imposto aos homens que não têm o selo de Deus. Há inquietação no mundo. As pessoas não têm paz. Elas buscam refúgio na religião, no dinheiro, na bebida, no sexo, nas drogas, na fama, mas o vazio é cada vez maior. A degradação de valores aumenta. As famílias estão se desintegrando. A imoralidade campeia. A violência aumenta. Os conflitos se avolumam. Vivemos dias difíceis, ferozes (2 Tm 3:1; Mt 8:28).
5. Para um mundo que rejeita a Deus, a maldição é receberam o que desejam os próprios demônios. Um mundo sem Deus somente pode existir como um mundo em que penetra o satânico. Deus dá aos homens o que eles querem e nisso está a sua maior ruína (Rm 1:18-32).
6. Deus usa ainda a obra do diabo como um castigo e uma admoestação aos maus (9:20,21).
I. O REI DA CAVALARIA DO INFERNO – V. 1,11
1. Ele é uma estrela caída do céu – v. 1
• Os anjos são descritos na Bíblica como estrelas (Jó 38:7). Lúcifer rebelou-se
contra Deus e foi lançado para fora do céu. “Como caíste do céu, ó estrela da
manhã, filho da alva! Como foste lançado por terra, tu que debilitas as nações”
(Is 14:12). Jesus diz: “Eu vi a Satanás como um raio, que caía do céu” (Lc
10:18).
• A estrela que João viu foi a estrela caída. João não viu uma estrela caindo.
A estrela já estava caída. A queda de Satanás é fato passado. Ele é um ser
caído, decadente, derrotado.
2. Ele tem um caráter pervertido, ele é destruidor
– v. 11
• Os demônios que saem do poço do abismo são liderados por esse ser maligno.
Ele é assassino. Ele é ladrão. Ele é mentiroso. Ele veio roubar, matar e
destruir (Jo 10:10).
• Há um espírito gerador de crise na política, na economia, nas instituições.
Há um espirito gerador de conflitos dentro do homem, entre os que homens e
entre as nações. Ele é o deus deste século, o príncipe da potestade do ar. O
diabo é esse espírito terrível que atua nos filhos da desobediência (Ef 2:3).
3. Ele tem sua autoridade limitada – v. 1,4,5
• O diabo é um ser poderoso, mas Deus é todo poderoso. O diabo não tem
autoridade de agir a não ser que Deus o permita, como aconteceu no caso de Jó.
a) A autoridade para abrir o poço do abismo – v. 1 – O diabo não tem a chave do
poço do abismo. Essa chave lhe é dada. É Jesus quem tem as chaves da morte e do
inferno (Ap 1:18). Ele solta um bando de demônios que estavam presos (Jd 6).
Existem dois tipos de demônios: os presos aguardando julgamento em algemas
eternas e aqueles que estão em atividade. Parte daqueles que estavam presos são
liberados aqui (2 Pe 2:4). Nos abismos do inferno existem anjos guardados para
o juízo. Agora Satanás recebe permissão para que esses demônios saiam e
perturbem os homens.
b) Autoridade limitada quanto à ação – v. 4,5 – Os gafanhotos são insetos que
destroem a vegetação (Ex 10:14,15; Jl 1:4). Mas esses gafanhotos aqui são seres
malignos. 1) Eles não podem causar dano à erva da terra (v. 4); 2) Eles não
podem matar os homens, mas apenas atormentá-los (v. 5); 3) Eles não podem
atormentar os homens selados por Deus.
c) Autoridade limitada quanto ao tempo – v. 5 – Cinco meses não deva ser
entendido aqui como um tempo literal. Cinco meses é a duração da vida do
gafanhoto, da larva à plenitude da sua ação. Ele não tem poder para agir todo o
tempo. Ele está limitado em sua ação e em seu tempo.
II. CARACTERÍSTICAS DOS GAFANHOTOS QUE SAEM DO ABISMO – V.7-11
• Do abismo sobem gafanhotos e eles são como
cavalos preparados para a peleja (v. 7) e ferroam como escorpiões. Os
gafanhotos são insetos insaciáveis. Eles comem e defecam ao mesmo tempo. Quando
passam por uma região devastam tudo. Em 1866 uma praga de gafanhotos invadiu a
Argélia e tão grande foi a devastação que 200.000 pessoas morreram de fome nas
semanas seguintes por falta de alimento.
• Contudo, esses gafanhotos que João descreve não são insetos, mas demônios. Em
certos períodos da história parece que todo o inferno é liberado para agir na
terra sem restrição divina (Rm 1:18-32). Deus o permitiu. Deus os entregou.
Assim, o terrível problema moral que assola o nosso século é o castigo divino
aos homens que o desprezam e zombam da sua Palavra. Deus retirou suas
restrições. Esse é o toque da quinta trombeta.
• Como eles são? Quais são suas características?
1. Espírito de obscuridade – v. 2-3
• O diabo é das trevas. Ele não suporta a luz. Seus agentes também atuais onde
há fumaça, onde a luz é toldada, onde o sol da verdade não brilha, onde reina a
confusão. Onde prevalece as trevas, aí os demônios oprimem.
• Esses agentes do inferno criam um nevoeiro na mente das pessoas com falsas
filosofias, com falsas religiões. O diabo cega o entendimento dos incrédulos. O
grande projeto desses demônios é manter a humanidade num berço de cegueira,
numa vida de obscurantismo espiritual e depois levá-los para o inferno.
2. Espírito de destruição – v. 11
• É difícil imaginar uma praga mais devastadora do que um bando de gafanhotos
(Ex 10:15; Jl 1 e 2). Esses demônios que saem do abismo têm uma ânsia
destruidora. Eles são capitaneados por Abadom e Apoliom. Ele são implacáveis,
impiedosos, destruidores.
• Os gafanhotos não têm rei, agem em bando. “Os gafanhotos não têm rei, contudo
marcham todos em bandos” (Pv 30:27). Esses espíritos malignos, porém, agem sob
o comando de Satanás se infiltram nos lares, nas escolas, nas instituições, na
televisão, no cinema, no teatro, na imprensa, nas ruas, na vida dos homens e
como uma cavalaria de guerra em disparada provocam grande tormento.
• Esses espíritos malignos têm atormentado vidas, arruinado lares, jogado
jovens na vala lodacenta das drogas, empurrado jovens para a prática da
imoralidade, semeado a ganância criminosa no coração de homens depravados. Eles
destroem a paz. Essa cavalaria do inferno em sua cavalgada pisoteia crianças,
jovens, famílias, trazendo grande sofrimento por onde passam.
3. Espírito de poder e domínio – v. 7
• Esses demônios atuam nos filhos da desobediência (Ef 2:3). Eles mantêm no
cativeiro seus escravos (Mt 12:29). Os ímpios estão sob o domínio de Satanás
(At 26:18) e estão no reino das trevas (Cl 1:13).
• O diabo é o deus deste século (2 Co 4:4), é o príncipe da potestade do ar (Ef
2:2) e o espírito que atua nos filhos da desobediência (Ef 2:3). Há pessoas que
vivem debaixo de reinado de medo e terror. Há pessoas que são verdadeiros
capachos de Satanás, indo a cemitérios para fazer despachos. Outros são
ameaçados de morte ao tentarem sair dos seus tentáculos. Ilustração: O lenço
branco.
• Esses espíritos controlam a vida daquelas pessoas que vivem na prática da
mentira, pois o diabo é o pai da mentira.
• Esses espíritos controlam aqueles que vivem com o coração cheio de mágoa e
ressentimento (Mt 18:34; 2 Co 2:10-11).
• Esses espíritos cegam o entendimento dos incrédulos, mantendo as pessoas no
cativeiro da incredulidade (2 Co 4:4).
4. Espírito de inteligência – v. 7
• Esses espíritos malignos podem discernir os que têm o selo de Deus daqueles
que não o têm. No reino espiritual anjos e demônios sabem quem é você.
Encantamento não vale contra a tenda do povo de Deus. O diabo não lhe toca. O
diabo e seus demônios não podem atingir você a não ser que Deus o permita.
• Esses espíritos possuem uma inteligência sobrenatural. Eles são peritos
estrategistas. Precisamos ficar atentos contra as ciladas do diabo. Eles são
detetives invisíveis. Eles armam ciladas, criam sutilezas, inventam filosofias
e religiões para torcer a verdade.
• Esses gafanhotos invadem a imprensa, as universidades, a televisão e até os
púlpitos.
5. Espírito de sensualidade – v. 8
• Devemos fugir daquela ideia medieval que pinta o diabo como um ser horrendo.
Ele se dissimula. Ele aparece como anjo de luz. Ele usa uma máscara atraente.
• O culto mais popular da Ásia era a Dionísio, voltado à sensualidade. Nesse
culto, os adeptos se extasiavam loucamente, meneando o cabelo volumoso, em
danças obscenas.
• Esses espíritos despejam no mundo uma torrente de sensualidade. Não obstante
a impureza proceder do nosso coração pecaminoso, esses espíritos malignos
promovem toda sorte de sensualidade. A orgia, a pornografia, o homossexualismo,
e toda sorte de depravação moral estão enchendo a nossa cultura como uma
fumaceira que sobe do abismo.
• O sexo no namoro, a infidelidade conjugal e as aberrações sexuais estão se
tornando coisas normais para essa sociedade decadente. A pornografia
industrializou-se poderosamente sob a indiferença de uns e a conivência de
outros.
6. Espírito de violência – v. 8b
• Dentes de leão falam de poder de aniquilamento (Jl 1:6). Dentes como de leão
retratam o poder destrutivo e devastasdor desses demônios. Eles não brincam.
Eles não descansam. Eles não tiram férias. Eles são atormentadores. Eles agem
com grande violência. Eles estão por trás de facínoras como Hitler. Eles estão
por trás de de gangues de narcotráficos. Essa cavalaria do inferno por onde
passa deixa um rastro triste de violência e destruição.
7. Espírito de inatingibilidade – v. 9
• Esses espíritos são seres invisíveis, inatingíveis que não podem ser atacados
por armas convencionais (Jl 2:7-9). Eles não podem ser detidos em prisões
humanas. Eles não podem ser destruídos por bombas. Precisamos de enfrentar
essas hordas com armas espirituais. Não podemos enfrentar esses gafanhotos na
força na carna. Não podemos entrar nesse campo sem o revestimento do poder de
Deus.
• Esses gafanhotos têm couraças de ferro. Eles parecem inatingíveis. São como
os esquemas de corrupção do crime organizado que se instalam nas instituições
que resistem à ação repressiva da lei.
III. A MISSÃO PRINCIPAL DESSES GAFANHOTOS QUE SAEM DO ABISMO – V. 4-6,10
1. Atormentar os homens – v. 4-5
• João vê que, ao ser aberto o abismo, sobem imediatamente do poço colunas de
fumaça, semelhantes à fumaceira de uma grande fornalha. É a fumaceira da
decepção e do erro, do pecado e do vício, da violência e degradação moral. Tão
lôbrego é esse fumo, que são entenebrecidos o sol e o ar. Isso é símbolo da
terrível cegueira moral e espiritual provocada por essas forças terríveis que
agem na terra (v. 3).
• Essa estrela caída é um dragão cheio de cólera (Ap 12:12). Esses gafanhotos
são como uma cavalaria infernal que pisoteiam e fazem trepidar a terra e como
escorpiões que ferroam os homens como o seu terrível veneno.
• João está falando de uma invasão extraterrestre, de forças cósmicas do mal
invadindo a terra. Há um cerco de demônios em volta da terra. Os homens estão
cercados pelos gafanhotos do inferno.
• Esses gafanhotos tornam a vida dos homens um pesadelo. Eles despojam os
homens de toda perspectiva de felicidade. Eles tornam a vida humana um palco de
dor e um picadeiro de angústias infernais. Eles ferroam os homens como
escorpiões cheios de veneno (Ap 9:5,10).
• Esses gafanhotos tiram a paz da terra. O homem vive atormentado, inquieto.
Não há paz para o ímpio. Não há paz nas famílias. O mundo está em conflito.
Nesse desespero existencial os homens buscam a fuga do misticismo, das drogas,
do alcoolismo, mas não encontram alívio.
• O sofrimento que esses gafanhotos provocam não é imaginário, mas real. Não é
apenas espiritual, mas também físico. Não é apenas um sofrimento escatológico,
mas histórico, presente.
2. Causar dano aos homens – v. 4,10
• Esses seres malignos receberam poder (v. 3), para causar dano aos homens (v.
4,10). Ah! Quantos danos eles têm causado aos homens! Quantas perdas, quantas
lágrimas, quanta vergonha, quanta dor, quanta angústia nos lares arrebentados,
quantas vidas iludidas, quantas pessoas com a esperança morta.
• O diabo é um farsário, ele promete prazer, mas só dá desgosto. Ele promete
vida, mas provoca a morte. Onde ele age, há danos e perdas.
3. O tormento que eles causam é pior do que a morte
– v. 6
• Como em Apocalipse 6:15-16, as pessoas buscam a morte em lugar de Deus (Ap
9:6). Essas pessoas não têm nenhuma disposição para o arrependimetno (Ap 9:20).
O espírito da época consiste de saturação da vida e de medo indefível de viver,
atraído misteriosamente pelo jogo com o desespero. O ser humano desperdiça-se,
sem livrar-se de si mesmo. Ele transforma-se no suplício em pessoa.
• O tormento causado por esses gafanhotos é tão grande que os homens buscarão a
morte a fim de encontrar alívio para a agonia que sentem, mas nem mesmo a morte
lhes dará alívio.
• Hoje, muitos flertam com a morte e preferem-na à vida. Pior que qualquer
ferida é querer morrer e não poder fazê-lo. Os homens verão a morte como
alívio, mas até a morte não lhes trará alívio, mas tormento eterno. A morte não
consegue matar esse desespero. Esse tormento é pior do que a morte.
• Soren Kierkegaard retratou isso bem: “O tormento do desespero é exatamente
esse, não ser capaz de morrer. Quando a morte é o maior perigo, o homem espera
viver; mas, quando alguém vem a conhecer um perigo ainda mais terrível que a
morte, esse alguém espera morrer. E, assim, quando o perigo é tão grande que a
morte se torna a única esperança, o desespero consiste no desconsolo de não ser
capaz de morrer.”
• O sofrimento é tal que a morte seria preferível. Os homens verão a morte como
um alívio. Mas nem a morte pode livrá-los desse indescritível sofrimento. Jó
3:20,21 fala desse sentimento: “Por que se concede luz ao miserável e vida aos
amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura
dela mais do que tesouros ocultos”.
IV. A CONDIÇÃO DO POVO DE DEUS DIANTE DESSA CAVALARIA DO INFERNO – V. 4b
• O diabo e seus demônios conhecem aqueles que são
de Deus e não lhes tocam – Quando você pertence à família de Deus você se torna
conhecido no céu, na terra e no inferno. Quem é nascido de Deus, Deus o guarda
e o maligno não lhe tocam (1 Jo 5:18). Aquele que está em nós é maior do que
aquele que está no mundo (1 Jo 4:4). Nenhuma arma forjada contra nós prosperará
(Is 54:17). Porque Deus é por nós, ninguém poderá ser contra nós e nos destruir
(Rm 8:31). Agora estamos nas mãos de Jesus (Jo 10:28).
• O povo de Deus é distinguido dos ímpios pelo sêlo de Deus – A igreja é o povo
selado de Deus (Ap 7:4). Aqueles que receberam o sêlo de Deus são protegidos do
ataque desse bando de gafanhotos (Ap 9:4b).
• O sêlo de Deus é o Espírito Santo que recebemos quando cremos – O Espírito
Santo é o sêlo e o penhor da nossa redenção (Ef 1:13-14). Somos propriedade
exclusiva de Deus. Somos o povo genuíno de Deus. Somos invioláveis. O diabo não
pode nos tocar.
• Os selados estão livres dos tormentos – Aqueles que estão debaixo do abrigo
do sangue do Cordeiro não estão debaixo do tormento dos demônios. “A maldição
do Senhor habita na casa do perverso, porém a morada dos justos ele abençoa”
(Pv 3:33).
Rev. Hernandes Dias Lopes
Antes de o ser humano existir, no Céu existia um anjo chamado Lúcifer o qual Deus colocou numa posição de querubim da guarda, uma cargo de destaque em relação às demais criaturas celestes (Ez 28:14). Lúcifer era perfeito, sábio, belo e formoso, de vívido resplendor e reluzente (Ez 28:15, Ez 28:17).
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