sábado, 29 de junho de 2019

CANÇÃO MAKELY KA!





Era um homem vazio
Sem direção
Era sombra e martírio
Só solidão
Coração calafrio
E geladas mãos
Um orgulho sem brio
Sem certidão
Sua voz por um fio
Sem diapasão
Um olhar já sem brilho
Escuro
O desanuvio
Veio após visão
Virou desvario
Revelação
Mas se ela surgiu
Foi uma aparição
Era estéril e pariu
Regeneração
Gestação
Breu quando encontra a luz
A palavra não diz
O que não se traduz
Pôde até ser feliz
Num momento fugaz
Um desenho de giz
Essa paz, essa paz
Era tudo o que quis
Nunca mais, nunca mais
Foi assim por um triz.

Esta canção vai integrar o disco "Triste Entrópico", segundo volume da "Trilogia dos Sertões".

18 de abril às 02:58 ·
Público



Refuge é uma canção inspirada no livro “Walden ou A Vida nos Bosques” do poeta e naturalista norte-americano Henry Thoreau, também autor do essencial “Desobediência Civil”, tão atual e necessário agora. A letra é tradução para o inglês de um texto que escrevi originalmente em português, que segue abaixo.
Não sou fluente em inglês, mas o idioma de Shakespeare se impôs quando comecei a cantar a melodia. Estudei um pouco, depois pratiquei da forma que foi possível nas viagens que fiz a países de língua inglesa ou onde se falam línguas nas quais eu não conseguia me comunicar nem no nível básico, como húngaro, lituano ou dinamarquês. Talvez isso explique meu sotaque estranho.
Usei uma afinação aberta em sol, muito usada pelos violeiros do Vale do Urucuia, no Noroeste de Minas. Lá eles chamam de "rio abaixo". Essa pegada me lembra um pouco o fingerstyle de Nick Drake e Bert Jansch, que são fortes influências para o meu trabalho. Então ficou parecendo um folk inglês com gosto do sertão de Minas.
Eu toco aqui uma craviola, instrumento inspirado na viola e no cravo criado e desenvolvido pelo grande violonista brasileiro Paulinho Nogueira e produzido pela Giannini desde os anos 70.

Refúgio
Quando quero ficar só
Este é o lugar para onde venho
Aqui me sinto bem melhor
Leio um livro, faço um desenho.
Sinto calor e passo frio
Tomo um gole de vinho
Me concentro e desvario
Perde a razão e me alinho
Eu acendo uma fogueira
E durmo ao relento
Acordo com as estrelas
Ouvindo a voz do vento
Quando é preciso sair de cena
Fugir da luz e buscar a sombra
Me refúgio em uma fenda
No espaço-tempo onde ninguém me encontra.


Refuge

When I want to be alone
Here is where I come
And I make my home
I read a book, I draw on stone
I feel the warmth and feel the cold
I take another sip of wine


I feel my brain being flooded
Silence and torpor in my mind
I light a little shiny bonfire
And I sleep in the ground
Wake up under the dim sky
Hearing the voice of the wind

When you need to leave the scene
Escape the light and seek the shadow
I take refuge in a flaw

In space-time no one will find me.

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