segunda-feira, 3 de maio de 2021

1o.DE MAIO

 


 1º DE MAIO
                                                  Alex Fiúza de Mello
 
E o povo se manifestou. Mais uma vez. De forma contundente. Como jamais outrora na história do País: em números absolutos de manifestantes e de cidades. Deu show de democracia. Assumiu-se como sujeito da história. Lembrou e cobrou, de seus representantes, o respeito à sua vontade soberana (a única reconhecida pela Constituição republicana e democrática). Denunciou o golpe, a mentira, a hipocrisia, a farsa, o conluio dos políticos e dos togados. Só não entendeu quem é ingênuo. Só não aceitou quem é corrupto e plutocrata. Só rejeitou quem é comparsa (ou beneficiário) da vergonhosa cleptocracia reinante.
Restou aos denunciados (ou omissos), além da surpresa (e do susto), o ressentimento, a inveja, o rancor, a cólera, o despeito por tamanha (e incontestável) demonstração de civilidade: na expressão pacífica e ordeira do protesto, na espontaneidade da adesão, na heterogeneidade social da participação, no irrefutável e majestoso protagonismo popular. Tratou-se, a celebração do “Dia do Trabalho” do ano de 2021, no Brasil, de um fenômeno político de alto significado sociológico e histórico, de incomum e ingente simbolismo; e que veio a superar, em gênero, número e grau, todas as manifestações anteriores do mesmo naipe, inclusive a mais recente, atinente ao memorável impeachment da ex-presidente Dilma Roussef – de sabidas consequências.
A mensagem do povo foi clara e explícita, devidamente endereçada a quem de direito; inclusive no mais significativo de todos os “recados”, categórico e inapelável nas entrelinhas:
– “Não brinquem com fogo: a nossa paciência já esgotou! É daqui pra pior”.
Com a bola, pois, o Congresso, o STF, as Forças Armadas e o Presidente da República. Depois do alerta desse 1º de Maio, nada mais será como dantes, no quartel de Abrantes.
É hora do Poder Executivo, que foi democraticamente eleito pelo povo, impor-se (com respaldo popular atestado) em definitivo e recolocar os demais Poderes nos seus lugares, na justa medida do clamor popular.
É hora de os presidentes do Senado e da Câmara reverem as prioridades de suas pautas e introduzirem, com urgência, as matérias que têm sido adiadas ou boicotadas ao longo dos últimos anos: as reformas estruturais da economia; as investigações contra os abusos de autoridade de ministros do Supremo; a reforma do STF; a retomada da PEC da prisão em segunda instância; a isenta conduta da CPI da Covid; o voto impresso, etc.
É hora de o STF voltar a ser, tão somente, uma Corte constitucional, abandonando de vez o indecoroso ativismo judicial e o nefasto partidarismo político.
É hora de as Forças Armadas ficarem de prontidão, em vigília da Constituição, caso as aspirações populares continuem a ser ilegítima e impunemente traídas e raptadas por quem deveria, por dever, representá-las e garanti-las.
Ou é assim, ou o simples recado do 1º de Maio poderá se transformar, muito em breve, numa revolta popular sem precedentes. Afinal, a Praça dos Três Poderes pode transluzir, repentinamente, à retina dos sans-culottes tupiniquins, numa espécie de icônica “Bastilha” – com a mesma alegoria e semelhantes desfechos que a História está cansada de ensinar…
Sim, para a surpresa dos tradicionais (e desavisados) “donos do poder” – imersos na miopia de sua “bolha” de vaidades e empáfia –, o povo emergiu, em definitivo, no cenário; avocou-se o papel de sujeito da história; aprendeu a relevância de seu protagonismo político; deixou de ser mero “gado” de curral dos iníquos “coronéis”.
Eis, pois, a grande transformação! Eis, finalmente, a inusitada e esplendorosa chance para uma bem-sucedida proclamação da República em terra brasilis – que nunca passou de simulação manobrada pelas velhas elites.
E se é assim – como estampou o inesquecível primeiro sábado de maio de 2021 –, é bom não se brincar!
O aviso foi dado!

 DIA DO TRABALHO; 1 DE MAIO;

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