Mulheres Negras: histórias, lutas, conquistas.
Brasília, 8/3/07 - Oito
de março, Dia Internacional da Mulher. Talvez seja o momento de fazermos uma
reflexão sobre a identidade e resistência da mulher negra brasileira. A mulher
que sofre duas vezes mais preconceitos. Pois sofre por ser mulher e por ser
negra! E mesmo assim segue forte. E quão forte é a Mulher, quão importante foi
a mulher negra para a formação da sociedade brasileira. As negras que sempre se
fizeram presentes. Presentes nas senzalas, para o trabalho braçal, como mucamas
nas casas grandes, amas de leite, e em todas as outras situações, em que sua
presença se fez necessária.
As mulheres que sempre sustentaram o sofrimento de
ver seus filhos, maridos, e elas próprias sendo escravizadas. E que hoje lutam
para se fazerem presentes, no mercado de trabalho, nas universidades, no mundo
da moda, da publicidade. Ela, que ao longo de sua história, tem sido a espinha
dorsal de sua família. Que enfrenta a pobreza, a marginalidade e a condição de
inferioridade a que é submetida. Mulheres que assistiram à chegada de sua
“liberdade” e continuaram sofrendo e lutando contra a discriminação racial.
Mulheres que sempre tiveram os menores salários, os piores cargos. As mais
atingidas pela desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho brasileiro.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT)
mostrou em sua pesquisa que a taxa de desemprego para esse segmento passou de
10% em 1992 para 15,8% em 2005, com crescimento 58%. E mesmo assim, não
desanimam. Mesmo com todos esses índices, a população negra “feminina”, ainda
vislumbra uma realidade menos opressora para sua descendência.
A escritora Conceição Evaristo ressalta que apesar
desses índices desanimadores, as mulheres negras não podem deixar de lutar e
sonhar com um futuro próspero. “Teoricamente já vivemos em um futuro melhor e
podemos continuar almejando melhorias. Já colocamos o dedo na ferida. Do
discurso da denuncia, passamos para a cobrança dos nossos direitos”, afirmou a
escritora. Quanto às condições de trabalho e saúde da mulher negra, Conceição
acredita que só serão revertidas com programas sociais, como as cotas nas
universidades federais, nas empresas privadas e, atendimento específico para a
saúde da população negra.
NOSSAS HEROÍNAS:
Maria Filipa – Natural de Itaparica, a heroína negra foi uma liderança destacada em
1822, na luta contra o domínio português, quando comandou dezenas de homens e
mulheres, negros e índios, na queima de 42 embarcações de guerra que estavam
aportadas na Praia do Convento, prontas para atacar Salvador. Esta ação foi
vital para a Independência da Bahia. Em sua biografia destaca-se também a
lendária história de quando Maria Felipa usou galhos de cansanção para dar uma
surra nos vigias portugueses Araújo Mendes e Guimarães das Uvas.
Mãe Menininha do Gantois – Umas das mães-de-santo mais famosas
e importantes do país, Maria da Conceição Nazaré, mais conhecida como Mãe
Menininha do Gantois.
Luiza Mahin – Trazida à Bahia pelo tráfico de escravos, desempenhou
importante papel na Revolta dos malês, última grande revolta de escravos
ocorrida em Salvador (1835). Luiza era uma africana inteligente e rebelde que
fez sua casa de quartel general das principais lutas abolicionistas. Mãe de
Luiz Gama, poeta e abolicionista, ela acabou deportada para a África devido à
participação em rebeliões negras. Pertencente à etnia jeje tem seu nome
estampado em praça pública, Cruz das Almas, São Paulo.
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