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Excelente
👏👏👏
Alex
Fiúza de Mello
Belém -
PA
A
“guerra brasileira”, isto é, o conflito ostensivo entre a cleptocracia
oligárquica (pela retomada absoluta do poder) e a vontade popular de transformação
da “velha ordem” patrimonialista chegou, finalmente, a um impasse. Sem mais
acordo possível entre os segmentos em disputa, num quadro de desfazimento
vertiginoso do Estado democrático de Direito – graças às decisões arbitrárias
do STF – e de agudização dos ataques recíprocos entre as forças oponentes – o
Presidente Jair Bolsonaro na outra ponta da linha –, o traçado já visível no
horizonte é de iminente aguçamento da peleja, com eclosão de uma protestação
massiva, de seguimento imprevisível, programada para o dia 7 de setembro de
2021 – se não antes!
Até lá,
múltiplos e surpreendentes movimentos, de ambas as “trincheiras”, a favor ou
contra a propalada efeméride, ganharão destaque no noticiário nacional, com
demarcação contínua da evolução da temperatura do ambiente e contabilidade
gradativa da correlação de forças presente no cenário.
De um
lado, os tradicionais “donos do poder”, comandados, no front, pelos ministros
do STF e lideranças dos partidos de oposição, não cessarão seus ataques ao
Governo, já tendo tramado, de comum acordo, levar a contenda às últimas
consequências, sem recuos ou autocontenção –inclusive com descumprimento de
preceitos constitucionais, se necessário –, em vista da derrubada de Bolsonaro
a qualquer preço, nem que seja, como último cartucho, via fraude eleitoral –
como suspeitosamente sinalizado na recente derrota da PEC do voto auditável, no
plenário da Câmara dos Deputados.
De
outro, o outsider e “incômodo” Presidente, acercado das Forças Militares e
prestigiado pela maioria expressiva da população, investe na reação a todas
essas tentativas de sua deposição, já tendo pressentido que não haverá
condescendência alguma à sua pessoa por parte dos antagonistas de plantão,
tampouco acordo possível, restando-lhe apenas empunhar, a essa altura, as
mesmas armas dos adversários, assim como operar idêntico e radical estratagema,
sem outra alternativa ou opção: o confronto direto.
Não sem
razão, e apostando na tática do enfrentamento como a melhor defesa, Bolsonaro
acaba de vetar o ambicioso “Fundão” eleitoral de 6 bilhões de reais,
encaminhado para sanção pelo Congresso Nacional, e de apresentar, no mesmo
diapasão, pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes (STF) ao
Senado, sinalizando que não confia nos parlamentares, muito menos na Suprema
Corte (seus algozes de primeira hora), mas exclusiva e tão somente no povo, seu
único escudo e derradeiro recurso.
Em
reação à iniciativa – e já havido declarado, previamente, por meio de seu
presidente Luiz Fux, o rompimento do diálogo com o Executivo –, o STF publicou
Nota de repúdio à atitude de “confrontação” do Presidente da República,
recebida por Suas Excelências togadas como inadmissível ofensa e ameaçadora
afronta à autoridade “suprema” e “inviolável” da corporação – mais uma vez
exposta, por consequência, ao veredicto popular.
O que
ocorrerá, assim, no dia 7 de setembro de 2021, a contar do caráter e atmosfera
das manifestações previstas, determinará, impreterivelmente, os rumos da
história do Brasil e o destino do atual Governo. De uma forma ou de outra,
positiva ou negativamente (conforme a ótica do observador), representará um
ponto de inflexão na marcha dos acontecimentos, influenciando os desdobramentos
futuros da “guerra brasileira” em curso e a sua ansiada ultimação.
Ou
Bolsonaro sairá reforçado do prenunciado acontecimento, com autoridade
respaldada para intervir com mais contundência na cena política, inflados o seu
poder de mando e legitimidade, ou será fragorosamente derrotado e encolhido em
estatura, sem qualquer outra possibilidade de recuperação de prestígio no
decorrer da disputada prorrogação da contenda.
Agora é
tudo ou nada. “Matar” ou “morrer” (politicamente). Não haverá meio termo, nem
“coluna do meio”, a partir de então. Tampouco “terceira via”.
Tudo
dependerá da dimensão do evento – a ocorrer em todo o território nacional, mas
com foco estrategicamente concentrado em São Paulo e em Brasília – e de sua
efetiva pujança e organicidade.
Os
organizadores do inusitado protesto estimam o comparecimento de, pelo menos,
500 mil a 1 milhão de pessoas em cada uma das duas principais “vitrines” da
manifestação – a Av. Paulista (SP) e a Praça dos Três Poderes (DF) –, com a
participação de brasileiros de todas as origens, gêneros e idades, provenientes
de todas as regiões e rincões do país.
Será um
momento particularmente emblemático, de extremo e invulgar simbolismo, a
demarcar o tamanho e a proporção da disposição popular em realmente fazer valer
a sua vontade nesse momento de caos institucional e em resgatar, de uma vez por
todas, o peso de sua soberania (como consagrado na Constituição), assumindo o
papel imprescindível de sujeito histórico de seu destino comum.
Diante
do golpe de Estado já instaurado pelo sequioso establishment, sob a liderança
do STF, não haverá outra ocasião tão favorável, mais à frente, para uma eficaz
reação popular em prol da recomposição da ordem constitucional esquartejada. Ou
se ergue, agora, por iniciativa do próprio povo, o contragolpe ao totalitarismo
reinante – de predicados nitidamente fascistas –, ou a ditadura da toga
impor-se-á, em definitivo, em solo tupiniquim – contra a qual não haverá,
depois, a quem recorrer.
Eis a
dura e inescapável encruzilhada!
Os
pretensos restauradores do precedente status quo – célebres e contumazes
corruptos, de distintas estampas e “credos” – já demonstraram, de todas as
maneiras (e com todas as armas), que não medirão esforços em recuperar, a
qualquer custo, a integralidade do controle estatal para os seus conhecidos
(ainda que inconfessos) propósitos cabulosos. Lançaram-se em combate obstinado
desde janeiro de 2019; prosseguiram, impunemente, em sua persistente escalada
autoritária; e, pelos últimos e extremados movimentos – absolutamente fora das
quatro linhas da ordem constitucional –, ratificam que não recuarão um palmo
sequer de seus delitosos intentos, sob qualquer hipótese ou cenário. Estão em
campo para matar ou morrer.
E se é
este o panorama inequívoco da presente conjuntura, ou o povo enfrenta, enquanto
é tempo, os incorrigíveis inimigos da democracia e da república, depondo-os,
seletivamente, de seus espaços de poder, ou uma reação futura, somente às
vésperas das eleições de 2022, será absolutamente inócua e tardia, já tendo os
déspotas de ocasião avançado e consolidado, até lá, os seus tentáculos de
tenebrosa dominação – inclusive com cobiçoso apoio internacional.
O “7 de
setembro”, portanto, pelas circunstâncias peculiares envolvidas, terá de ser
diferente em gênero, número e grau das manifestações anteriores. Terá de ser
mais volumoso, em quantidade de gente, e mais incisivo, na qualidade da ação.
Terá de vir pra ficar e perdurar, sem dispersão, até a conquista definitiva
(por “bem” ou por “mal”) das priorizadas reivindicações.
É o
exercício direto do poder democrático, legitimamente já previsto no parágrafo
único do artigo primeiro da Constituição de 1988 – contra o qual não cabe
questionamento consciencioso.
Se as
manifestações fracassarem, estará decretado, de antemão, o triunfo do
“mecanismo” (desnudado pela Lava Jato), com o consequente enfraquecimento do
Presidente da República e de seus respectivos aliados. Se forem um sucesso, o
Presidente sairá reforçado do episódio, podendo, então, em nome do povo, com
sua explícita autorização (não haverá outra oportunidade!), usar da própria
Constituição para intervir, cirurgicamente, no pedaço de tecido político
necrosado, extirpando, pontualmente, aqueles patógenos causadores da fatídica
morbidade institucional – tudo dentro da lei e da ordem.
Como há
quase 200 anos, a contar do andar da carruagem, o “grito do Ipiranga” poderá,
sim (quiçá!), reverberar novamente, como um “brado retumbante”, “no céu da
pátria nesse instante”, reescrevendo com o máximo simbolismo, em “raios
fúlgidos” – e na mesma e icônica data de antanho –, a história contemporânea do
país:
INDEPENDÊNCIA
OU MORTE!