SUA SAÚDE
Especialistas orientam sobre como se prevenir da hipertensão
No Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, confira reportagem sobre as causas e formas de prevenção
Neste
domingo, 26 de abril, o Brasil celebra o Dia Nacional de Prevenção e
Combate à Hipertensão Arterial. Silenciosa e sem cura, a popular
"pressão alta" atinge um bilhão de pessoas no mundo, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, estima-se que 35% da
população sejam hipertensos, embora metade não tenha diagnóstico. Causa
de outras enfermidades, como infarto e insuficiência renal crônica, a
doença chama atenção nessa época de pandemia de coronavírus, uma vez que
a a Covid-19 é fator de risco para hipertensos - ela pode descompensar o
problema de base, levando a óbito. A boa notícia é que a hipertensão
pode ser prevenida.
A pressão alta é uma doença clínica caracterizada pela
aumento sustentado (e não por uma única aferição) da pressão arterial
igual ou maior do que 140/90 mmHg (14 por 9). "É uma doença traiçoeira
porque na maior parte das vezes é assintomática (sem sintomas)", afirma o
cardiologista Augusto Sardilli.
Considerada pelo médico como "muito" prevalente -
atinge entre 25% e 35% da população em geral e 60% da população com 60
anos ou mais - a hipertensão é uma doença multifatorial (várias causas)
em 95% dos casos - apenas em 5% dos diagnósticos a doença surge de um
motivo específico, segundo o cardiologista.
Os fatores que levam a pessoa a se tornar hipertensa
são classificados em dois grupos. No primeiro estão as causas
não-modificáveis, como a hereditariedade (genética), sexo e raça,
"homens e negros tem mais predisposição a serem hipertensos", explica
Sardili. No segundo grupo estão as causas passíveis de prevenção, como
sedentarismo, sobrepeso, obesidade, tabagismo, excesso de bebida
alcoólica e alimentação rica em sódio (sal).
"Para o paciente com sobrepeso ou obesidade perder 5%
do peso corporal já reduz 15% dos riscos da hipertensão", alertou o
cardiologista. O médico afirma também que o paciente hipertenso deve
sempre focar na mudança do estilo de vida. "Às vezes esse paciente
deposita toda confiança na medicação que é a parte mais fácil, mas temos
muitos pacientes com sobrepeso, por exemplo, que muda o estilo de vida e
suspende o remédio", conta o médico.
Foi o que fez Antônio Carlos Gatto, 53 anos.
Diagnosticado com hipertensão em 2016 depois de contrair H1N1, ele
precisou mudar hábitos para conviver com a doença sob controle. "A H1N1
atacou todos os órgãos e a partir daí adquiri pressão alta, diabetes,
insuficiência cardíaca", conta. "Hoje não faço esforço físico, mantenho a
calma, caminho pouco e mudei toda a alimentação, só coisa leve. Quando a
gente é novo a gente não pensa nisso", afirma.
A médica Amanda Pupim Assunção Toledo, 30 anos, também
segue as recomendações a risco depois que descobriu ser hipertensa por
hereditariedade aos 25 anos. "Comecei a aferir a pressão em casa quando
estava com dor de cabeça, mal estar, cansaço, moleza e começou a ter
valores mais altos. Daí procurei o médico, fiz o mapa, exames de
laboratórios e chegamos ao diagnóstico", conta.
Cuidados
Cinco anos depois, a médica afirma que a medicação
somada as atividades físicas e a alimentação saudável é o que mantém a
pressão arterial controlada. "No meio tempo achava que só com a mudança
do estilo de vida poderia ficar sem a doença. Mesmo assim eu vi que
precisava da medicação e fui me adequando. Tem tratamento", afirma.
Residente em cardiologia, a médica também orienta. "Eu acho importante
buscar pelo diagnóstico e manter a prevenção de outras doenças que a
hipertensão pode causar", disse.
Para o cardiologista do Incor, informações sobre a
pressão alta devem ser divulgadas para incentivar a população a vigiar
mais sobre a doença. Segundo o cardiômetro brasileiro, só em 2020, cerca
de 125 mil pessoas já morreram em decorrência de doenças
cardiovasculares. "Se a pessoa não medir sua pressão, possivelmente vai
passar anos sem saber que é hipertensa. Precisamos criar esse hábito de
aferição não apenas quando estiver passando mal. Qualquer aparelho
eletrônico adquirido na farmácia pode ajudar", finaliza.
Hipertensão
É uma doença crônica determinada pelos altos níveis de
pressão sanguínea nas artérias - quando os valores da pressão máxima e
mínima ultrapassam 140/90 (14 por 9) milímetros de mercúrio (mmHg,
medida convencional para pressão arterial). A preocupação começaria
quando o índice estivesse maior que 12 (máxima) por 8 (mínima)
Estimativa
Estima-se que no Brasil entre 28% e 30% das pessoas
sofram com hipertensão arterial, o que apenas em Rio Preto corresponde a
137 mil indivíduos. A partir dos 60 anos, a proporção pode chegar a 90%
da população
O que provoca no corpo
O coração tem de fazer maior esforço para distribuir o sangue corretamente
Fatores de risco
A hipertensão é uma das principais causadoras de
acidente vascular cerebral (AVC), infarto, aneurisma arterial e
insuficiências renal e cardíaca
Causas
Na maior parte dos casos, o problema é herdado dos pais, mas há fatores que influenciam. Entre eles, estão:
- fumo
- consumo de bebidas alcoólicas
- obesidade
- estresse
- consumo excessivo de sal (o sódio faz o corpo reter mais água e aumenta a quantidade de sangue circulando nas artérias)
- níveis altos de colesterol
- falta de atividade física
- * a incidência é maior em pessoas negras, em diabéticos e aumenta com a idade
Sintomas
Aparecem quando a pressão sobe muito: podem ocorrer
dores no peito, queimação no peito, taquicardia, dor de cabeça, náuseas,
tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento
nasal
Diagnóstico
A melhor forma é fazer a medição da pressão. A partir
dos 20 anos, é indicada a medição ao menos uma vez por ano - duas se
existir histórico de casos na família
Tratamento
Não tem cura, mas pode ser controlada com:
- medicamentos
- atividades físicas
- bons hábitos alimentares
- em alguns casos, cirurgia
Prevenção
Adotar um estilo de vida saudável é a melhor maneira de evitar a doença:
- manter o peso adequado - e mudar hábitos alimentares, caso necessário
- não abusar do sal
- evitar alimentos gordurosos
- praticar exercícios físicos com frequência
- aproveitar momentos de lazer
- abandonar o fumo
- moderar o consumo de álcool
- controlar o diabetes
- evitar o estresse
Os
hipertensos correm mais risco de morte ao contrair o coronavírus. A
afirmação é do cardiologista da Braile Cardiologia e Hospital
Beneficência Portuguesa Victor Rodrigues Ribeiro Ferreira. Embora a
Covid-19 ainda esteja em estudos pela comunidade científica, o médico
explica que por ser uma doença prevalente, uma parcela significativa de
pacientes do vírus que tem pressão alta vem a óbito.
"Em tempos de pandemia, pacientes hipertensos, mesmo os
mais jovens, têm que se cuidar", alertou. "Temos informações claras que
pacientes hipertensos evoluem de uma forma mais importante quando
infectado com Covid. Os cuidados têm que ser redobrados."
Segundo Ferreira, o tratamento farmacológico (remédio)
junto a adoção de hábitos saudáveis podem impactar diretamente no
desfecho. O médico chama atenção ainda para a hipertensão em crianças.
"A doença em pacientes infantis dobrou nas últimas duas décadas e isso
também está relacionado aos hábitos de vida."
Ele cita ainda as baixas taxas de controle da doença
para evitar consequências graves. "Se pegar todos os pacientes
diagnosticados, veremos que a taxa de controle da doença em países mais
desenvolvidos está em torno de 28% e nos menos desenvolvidos, em 7%. Um
impacto socioeconômico elevado que não é controlado.
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