Filha de José Dias Machado,
português de Póvoa do Varzim, e de Maria Filomena Dias Machado, baiana de
Alagoinhas, Maria Emília Machado Rodrigues nasceu em Salvador, em 1º de janeiro
de 1914, no Sodré, rua em que viveu o poeta Castro Alves. Batizou-se na Igreja
da Candelária, no Rio de janeiro, para onde os pais se mudaram pouco tempo
depois do seu nascimento. Ainda criança, voltou para Salvador, residiu, durante
a juventude, na Rua dos Perdões e estudou no colégio de mesmo nome. Formou-se nessa
instituição, em 1934, obtendo o título de professora. Mas, por sentir-se na
obrigação de amparar os pais, àquela altura já necessitados de sua ajuda, somente
assumiu uma sala de aula em 1938. Ensinou na capital, em Madre de Deus,
Esplanada e no arraial de Taquara, município de Paripiranga. Declara ter sido
muito feliz no exercício do magistério.
Em Paripiranga, enamorou-se de
um rapaz distinto, por nome Jairo Dantas, mas o romance não floresceu, em
virtude de diferenças religiosas. O moço era filho de pastor protestante, e
Maria Emília, com a fé católica estabelecida no coração, anteviu conflitos
inconciliáveis. O grande amor de sua vida seria o farmacêutico Cyro Rodrigues
Filho, com quem se casou em 19 de março de 1952 (no dia de São José, ela faz
questão de frisar) e de quem ficou viúva dezessete anos depois. Não contraiu
novas núpcias, preferindo se dedicar à criação da filha Regina Maria Machado
Rodrigues e do sobrinho Silas Suzart Machado e se colocar a serviço da vida
religiosa, cujo fervor se mantém até hoje.
Dos seus 95 anos de existência,
completados no dia 1º de janeiro, Maria Emília consagrou 63 à Paróquia de São
Pedro. Foi colaboradora atuante, dessas que, se pudessem, não se afastariam da
igreja de forma alguma. Entre as atividades que desenvolveu, estão as de
catequista e de intercessora da Renovação Carismática. Até 2006, coube a ela
responder pela tesouraria da Irmandade de Bom Jesus da Paciência. Pertenceu
também à Irmandade de Nossa Senhora do Carmo e ao Apostolado da Oração.
Unanimidade entre seus familiares,
amigos e colegas de paróquia, Maria Emília conta com a estima e a admiração de
todos. Ela recebe e retribui na mesma medida atenção e carinho, e quando
solicitada, ou na maioria das vezes de modo espontâneo, roga o socorro de Deus,
em prol daquele parente ou amigo que porventura esteja passando por momento de
aflição. É conhecido o poder intercessor de suas orações. Devota do popular
Santo Antônio, a oração que mais lhe pedem é o responso.
Pela intercessão do santo padroeino, foge a peste, o erro, a morte. Tratando-se
de Maria Emília, fogem, igualmente, os lapsos de memória: é quase impossível ela
esquecer a data de aniversário dos parentes e deixar de telefonar
felicitando-os pelo dia. O mesmo ocorre em
relação aos amigos e colegas. Eles sabem que, no dia em que inauguram outra
idade, o telefone vai tocar e do outro lado estará Maria Emília desejando-lhes do
fundo da alma o melhor que a vida pode oferecer.
Sua vida, contudo, não tem se resumido
às orações rezadas em casa. Ela
continua comparecendo às missas da Igreja de São Pedro, embora, certamente, não
com a frequência com que desejaria. Além disso, participa de um grupo da melhor
idade, o qual, segundo o entendimento dela, é o que a mantém viva, forte e
lúcida. (Muitos crêem, e não sem razão, que a jovialidade do seu espírito
também concorreu para que chegasse até aqui.) Mas a exata explicação para a
longevidade saudável de Maria Emília só pode ser oferecida pela fé e seus
mistérios.
Sim, a fé. A velha fé que não
costuma falhar. A inteira confiança que dona Emília deposita no infinito poder
de Jesus de Nazaré.
José Raulino (Raul) Genro
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