- Maurenilson Freire/CB/D.A Press
Coluna Alexandre Garcia: "Levanta-te e anda"
Parecemos um país masoquista, alimentando o
sofrimento. Quando melhora, damos um jeito de sabotar. Quando surgiu o
Real, torcemos pela inflação, mesmo a 5000% ao ano. Entre
bandidos e heróis, temos uma leve tendência pelos fora-da-lei. Agora, é
o coronavírus o instrumento da autoflagelação, para fechar as empresas e
nos trancar em casa. Mostraram-nos covas abertas, à nossa espera,
pessoas entubadas e a necessidade urgente de hospitais. A cloroquina
brasileira, remédio óbvio e barato, foi exorcizada como se fosse poção
de curandeiro. Tudo isso veio só depois do carnaval. Essa quaresma vai durar até que cheguemos à ressurreição, a outro levanta-te e anda!
O
argumento mais forte para nos imobilizar foi a chancela da Organização
Mundial de Saúde, órgão da ONU. Fiquem em casa. Mas agora o chefão da
OMS diz que isso é para país rico. Para país com muita pobreza, a
recomendação para ficar em casa pode não ser factível. “Como pode alguém
sobreviver quando depende de seu trabalho diário para comer? As escolas
fecharam para 1,4 bilhão de crianças. Paralisou a educação delas e
aumentou o risco de abusos. E privou crianças de sua fonte principal de
alimento. Distância
física é apenas parte da equação.” O diretor-geral da OMS, Tedros
Adhanon, pediu aos países que estão com isolamento horizontal: “O fique
em casa não deve ser aplicado às custas dos direitos humanos”.
Recomendou que cada governo avalie a situação de seus cidadãos, enquanto
protege os mais vulneráveis. Há três semanas, o presidente do Brasil
fala nisso.
Se compararmos as mortes nos
Estados Unidos com as do Brasil, a diferença fica clara. Lá, em 330
milhões de habitantes, são mais de 44 mil mortes. Se a proporção fosse a
mesma no Brasil de 210 milhões, teríamos 28 mil mortes. As mortes no
Brasil pela Covid-19 são um décimo disso. A medicina brasileira seria
melhor que a americana, que tem 91 laureados com o Nobel de Medicina? Ou
seriam as diferenças de faixa etária, de genética, de dieta, de clima,
de sistema de vida? Quer dizer, países diferentes, soluções diferentes.
Na Itália, já se criticam os resultados e consequências do isolamento
radical em casa, que tentamos copiar.
No
Ministério da Saúde, a orientação é de nem abrir a guarda para o vírus, a
ponto de lotar os hospitais, nem exagerar no isolamento, a ponto de
deixar os hospitais ociosos e os bolsos vazios. Enquanto
isso, a Polícia Federal criou o grupo Corona-jato, de olho nos
superfaturamentos sem licitação. Já chega de aceitar que o vírus faça
estrago ainda maior.
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