quarta-feira, 31 de agosto de 2022

OS INIMIGOS DA VERDADE

 

                                       


 


OS INIMIGOS DA VERDADE

IGREJALIDERANÇAVIDA CRISTÃ

26/12/2018


Eu estou convencido de que os maiores inimigos da Verdade em nossos dias, aqueles que nos oferecem mais risco, não estão fora das igrejas, mas dentro. Eles estão à frente de igrejas, estão nos púlpitos, nas casas onde grupos familiares se reúnem, estão publicando mensagens e textos em sites cristãos na internet, dando aula nos seminários, são autores de livros que compramos nas livrarias evangélicas

No primeiro capítulo de sua carta a Tito, Paulo escreve:

“e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela. Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão. É necessário que eles sejam silenciados, pois estão arruinando famílias inteiras, ensinando coisas que não devem, e tudo por ganância. Um dos seus próprios profetas chegou a dizer: “Cretenses, sempre mentirosos, feras malignas, glutões preguiçosos”. Tal testemunho é verdadeiro. Portanto, repreenda-os severamente, para que sejam sadios na fé e não dêem atenção a lendas judaicas nem a mandamentos de homens que rejeitam a verdade.” (Tito l ,9-14-NVI)

Paulo orienta Tito a ser fiel à mensagem, à Verdade, da forma que a recebeu dele, sendo capaz de refutar os que se
opõe à sã Doutrina.

Paulo,então, segue falando das características desses homens e mulheres que têm se oposto à Verdade e de que forma
Tito deveria defendê-la perante eles. Nos versículos 1:6 e 2:1, Paulo conclui essa parte de sua carta alertando:

“Eles afirmam que conhecem a Deus, mas por seus atos o negam; são detestáveis, desobedientes e desqualificados
qualquer boa obra. Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina”

Gostaria que pudéssemos analisar de forma mais detalhada, quais são as características que Paulo destaca no perfil desses opositores da Verdade e, também, a forma como Tito deveria resistí-los:

v.9: “e apegue-se firmemente à mensagem fiel, da maneira como foi ensinada, para que seja capaz de encorajar outros pela sã doutrina e de refutar os que se opõem a ela.”

Tito, em primeiro lugar, deveria ser fiel à Doutrina, na forma como recebeu do Apóstolo Paulo. A autoridade para
refutar a falsa doutrina não estaria em sua opinião pessoal, seus achismos, mas em seu conhecimento da Verdade bíblica, é nela que Tito deveria estar firmado.

Hernandes Dias Lopes escreveu sobre esse texto:

“O poder para a exortação, não vem da força, das técnicas de psicologia nem mesmo do ofício que o presbítero ocupa, mas do conhecimento da verdade para aplicar corretamente as Escrituras. A exortação não é fruto de capricho ou opinião pessoal do presbítero, mas do reto ensino das Escrituras. Sua exortação está fundamentada no reto ensino da verdade.”

Vale a pena destacar que a palavra traduzida no texto como “refutar”, é a palavra grega “elegcho”, que segundo o dicionário de Strong significa: “sentenciar, refutar, confutar geralmente com implicação de vergonha em relação à pessoa sentenciada; por meio de evidências condenatórias, trazer a luz, expor..”

Refutar, é mais do que apenas contrariar, ou contradizer, mas argumentar, trazer provas que separam o falso do
verdadeiro. Para que isso seja possível, é necessário conhecer profundamente as Escrituras e dedicar-se a conhecê-las ainda mais, dia após dia.

Paulo exorta Timóteo a aplicar-se à leitura, à exortação e ao ensino (I Tm 4.13). A se alimentar com as palavras de fé e boa doutrina (1 Tm 4.6). Ele deveria se tornar na Palavra o padrão para os demais (I Tm 4.12). Seu progresso, seu crescimento, deveria ficar evidente para todos (1 Tm 4.15).

V.10: “Pois há muitos insubordinados, que não passam de faladores e enganadores, especialmente os do grupo da circuncisão.”

Creio que existem pessoas que agregarão as 3 características destacadas por Paulo – insubordinados que são faladores e enganadores.

OS FALADORES

Este é o grupo que sofre menos oposição dentro da igreja. Seu pecado parece tolerável. Faladores, ou falastrões, são aqueles que falam mais do que deveriam. Esse tipo de pessoa cai muito fácil nos pecados da língua e, creio que principalmente, na maledicência. Muitas pessoas são contaminadas com o veneno da maledicência, tornam-se maldizentes. Isso é amplamente abordado no Novo Testamento (TY 3.1-2 1 Tm 3.11; 1 Tm 5.13. Cl3.8: 1 Co 6.9 10, I Co 5.11; I Pe 2.1-2).

Essas pessoas normalmente são pessoas carismáticas, mas que se feriram com a igreja, com sua liderança ou simplesmente têm um espírito rebelde, que as impulsiona a falar e falar mal, seja de quem for. Normalmente as vítimas são seus pais, seus pastores, seus líderes ou qualquer outra pessoa que tenha uma posição de destaque ministerial.

Frequentemente, essas pessoas têm queixas genuínas. Elas foram vítimas de abuso espiritual, abuso de autoridade,
foram feridas. Mas em vez de tratar suas feridas, elas deixaram, como diz o autor do livro de Hebreus, que a amargura criasse raízes e assim passasse a contaminar a muitos (Hb 12.15). Elas se tornam amargas, ácidas e carregadas de justiça própria. Elas acabam dizendo a si mesmas que são profetas, defensoras da verdade, mas com suas palavras expelem um veneno sutil que contamina a todos que lhes dão ouvidos. São os “profetas da língua preta.” Estas pessoas são tomadas de uma crítica constante e destrutiva. Elas passam a não se encaixar em lugar nenhum e ninguém é bom o suficiente para ser autoridade sobre elas. Elas se tornam obstinadas em revelar sua “verdade” e mostrar a todos como estão sendo enganados.

Em Mateus 15.17-20, Jesus diz:

“Não percebem que o que entra pela boca vai para o estômago e mais tarde é expelido? Mas as coisas que saem da boca vêm do coração, e são essas que tornam o homem impuro. Pois do coração saem os maus pensamentos, os
homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias. Essas coisas tornam o homem impuro; mas o comer sem lavar as mãos não o torna ‘impuro’.” (NVI)

Por muito tempo eu li esse texto, pensando que o mal que saia de minha boca me contaminava. Então se eu usasse de
palavras torpes, eu me contaminaria. Se eu fosse maledicente, eu me contaminaria. Mas não é isso que Jesus nos ensina aqui. O que Jesus está dizendo, é que aquilo sai pela boca do homem, vem de seu interior. A boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34). Então o que sai da boca não pode contaminar quem fala, pois quem fala já está contaminado e está simplesmente colocando para fora aquilo que já tem por dentro “Pois do coração saem os maus pensamentos e as calúnias”.

Sendo assim, se o que sai pela boca não contamina quem está falando (pois este já está contaminado), contamina quem? Quem ouve!

Quando damos ouvidos aos maledicentes nos abrimos para receber a contaminação que está em seu coração. Somos
infectados, sujos, contaminados.

No versículo 11 do texto que estamos estudando, Tito 1, Paulo alerta Tito:

“É necessário que eles sejam silenciados, pois estão arruinando famílias inteiras (…)”

Essas pessoas estão dentro das igrejas, dentro das casas onde a igreja se reúne e elas encontraram uma estratégia muito efetiva para entrar em nossas casas – a internet.

A internet deu voz ampla a esse tipo de pessoas. Muitas delas não construíram nada em sua igreja local, não deram
fruto suficiente para que fossem aprovadas e ganhassem espaço. Muitas delas nem congregam, mas ganharam voz nas redes sociais, nos blogs, Youtube.

Elas estão sempre falando mal de pastores, pregadores, ministros de louvor, igrejas e tudo o que alcance algum destaque. Elas são desrespeitosas, produzem imagens ironizando pessoas reais, desfazendo de ministérios e escarnecendo de pessoas que não conhecem. Elas atacam, acusam, fazem piadas, em sua maioria com pessoas que são mais úteis ao Reino do elas próprias. Elas falam o que querem, não têm uma imagem a zelar, um ministério consolidado para proteger, elas estão protegidas por seu anonimato. Muitas, inclusive, claramente tentam conseguir algum destaque ao atacar pessoas conhecidas nacionalmente ou mundialmente e, tentam se promover em cima daquilo que essas pessoas conhecidas construíram. É uma atitude desprezível.

O mais chocante é que muitos desses maldizentes alcançam grande audiência. Eles têm milhares de seguidores nas redes sociais, suas chocarrices no Facebook ganham milhares de curtidas e apoiadores. Por que isso acontece? Porque a Igreja é cheia de pessoas amargas e feridas, que preferem abraçar sua amargura a aprender a liberar perdão e reconhecer que todos estão sujeitos a errar. Cheios de justiça própria, essas pessoas se deleitam em acusações, em ataques à igrejas, ministérios, ministros. Elas se juntam em rodas de escarnecedores nas redes sociais, onde podem estimular uns aos outros a liberar seu veneno. Alí ficam, lambendo as feridas uns dos outros e oferecendo ao ímpio um show de horrores evangélico na internet.

Qual deve ser nossa postura frente a isso? Podemos sim, confrontar aqueles que ensinam coisas em desacordo com as Escrituras. Mas existe uma diferença muito grande entre confrontar alguém face a face e sair falando de mal de alguém. Essa é a diferença entre o que Paulo orientou Tito e Timóteo a fazerem e a simples maledicência.

“Eu lhes disse que não é costume romano condenar ninguém antes que ele se defronte pessoalmente com seus acusadores e tenha a oportunidade de se defender das acusações que lhe fazem” Atos 25.16

Essas palavras são de Festo, que foi sucessor de Félix como procurador romano na Judeia. Paulo havia sido preso por Félix e os principais sacerdotes e anciãos judeus faziam várias acusações contra ele perante Festo. A resposta de Festo às autoridades judaicas foi essa citada no versículo acima.

Se os romanos, que sabemos que não eram um modelo de moralidade, não aceitavam acusações contra ninguém – sem que esta pessoa estivesse diante de seus acusadores e pudesse se defender – será que nós, cristãos, deveríamos ter um nível moral mais baixo que o deles?

Confrontemos os que distorcem as Escrituras, pessoalmente. No mais, não precisamos falar mal de ninguém para corrigir o ensino errado. Para isso, precisamos apenas ensinar o certo.

Algo que o Pr. Luciano me ensinou é que cada um anda sobre a revelação que tem. Talvez um de nossos irmãos
esteja equivocado em sua doutrina, mas a motivação seja sincera. Talvez esteja errado em um ponto e certo em muitos outros.

Em Atos, capítulo 18, a Bíblia conta sobre um homem chamado Apolo. O texto mostra que ele era eloquente, poderoso nas Escrituras, instruído no caminho do Senhor. Com fervor, ousadia e exatidão, falava e ensinava acerca de Jesus!

Uau! Que descrição! Gostaria que um dia pudessem me descrever dessa forma. Eloquente, que ensina com poder, fervor, ousadia e exatidão! Mas o texto continua e o versículo 25 mostra que ele conhecia apenas o batismo de João. Ele ainda não havia recebido o Espírito Santo, não o conhecia.

Priscila e Áquila, colaboradores de Paulo, o viram pregando na sinagoga. O que aconteceu depois? Iniciou-se uma
discussão entre pentecostais e tradicionais? Eles se acusaram mutuamente e postaram vídeos na internet? Claro que não!

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“Logo começou a falar corajosamente na sinagoga. Quando Priscila e Áquila o ouviram, convidaram-no para ir à sua casa e lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus.” (Atos 18.26)

Talvez em alguns momentos tenhamos divergências em doutrinas não essenciais das Escrituras. Porém, como já disse John Stott aquilo que nos une, é maior que aquilo que nos separa.

Como já disse Santo Agostinho, “nas coisas essenciais, a unidade; nas não essenciais, a liberdade; em todas as coisas, o amor”

Esse é um grande desafio, uma vez que homens de Deus são constantemente seduzidos a construir muros separatistas
Seus tijolos são feitos de orgulho, vaidade, justiça própria, ganância, soberba e egocentrismo.

Quando Jesus fala da marca de seus verdadeiros discípulos, ele não fala da habilidade oratória, nem das demonstrações de poder, nem tão pouco da manifestação de dons espirituais. O que revela ao mundo e, mesmo à Igreja, é que somos autênticos seguidores de Jesus e nos amamos uns aos outros como Ele nos amou. Isso não se parece em nada com a atitude falastrona e maldizente.

“Com isso todos saberão que vocês são meus discipulos se vocês se amarem uns aos outros. (João 13.35 – NVI)

Texto extraído do livro “Valentes pela Verdade”

Autor: Farley Labatut. Farley é pastor na Comunidade Alcance de Curitiba. Além de servir na igreja local, liderando os ministérios de ensino e de jovens, ele tem se dedicado a servir o Reino. Pregador e conferencista, junto com sua esposa Danielle Labatut, lidera o Ministério Valentes Pela Verdade, com o intuito de proclamar, ensinar e defender as Escrituras. O casal tem 3 filhos, Calebe, Nicole e Louise.

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