Querido(a) leitor(a), tudo bem? Eli Vieira
aqui, um dos seus editores de Ideias da Gazeta do Povo.
Nosso tema hoje é meu texto que atingiu a marca do mais lido da semana,
acima até das polêmicas eleitorais. Fico muito grato e creio que os
leitores têm razão ao dar essa importância ao assunto: a virada de posição
da revista médica The Lancet, a mais influente revista científica
especializada em medicina do mundo, a respeito das hipóteses que estão na
mesa sobre as origens do coronavírus causador da pandemia de Covid-19. Foi
uma grande virada, pois em 2020 ela deu certeza que o vírus só poderia ter
vindo de animais.
É
normal e esperado que vírus que nos afligem tenham origem em animais
silvestres ou domesticados. É o que chamamos de “origem zoonótica”. Porém,
desde o primeiro surto, já tínhamos motivos para pôr outra hipótese na
mesa: uma origem laboratorial. Primeiro pelo local: a metrópole chinesa de
Wuhan é o principal polo de pesquisa com coronavírus no mundo. As
populações de morcegos, de onde sabíamos que os pesquisadores de Wuhan
extraíam amostras de vírus dessa família, não ficam próximas à metrópole,
em cujo coração começou o primeiro surto em dezembro de 2019 ou antes. Além
disso, era inverno, morcegos ficam quietinhos nessa estação.
A
favor da origem zoonótica está o fato de que os chineses consomem animais
silvestres e há mercados que os vendem também em Wuhan. Um dos maiores
suspeitos é o mercado de Huanan, que não fica muito longe do Instituto de
Virologia de Wuhan (IVW), maior dos centros de pesquisa com esses vírus.
Mas a ditadura chinesa, mesmo com pleno interesse de encontrar um reservatório
animal, não o achou nesse mercado nem em outro lugar, apesar de testar
dezenas de milhares de animais. Quem ainda defende que a pandemia começou
com o vírus saltando de bichos do mercado para pessoas depende de
evidências circunstanciais, não diretas, pois não acharam qual animal serve
de reservatório.
Até
hoje, o vírus mais próximo ao SARS-CoV-2 da Covid é o de uma amostra de
fezes de morcego coletada pelo IVW. O instituto alega que essa amostra se
esgotou. Em setembro de 2019, o instituto deletou um grande banco de dados
sobre amostras de vírus, alegou estar sendo alvo de hackers. Tudo muito
estranho.
A
hipótese de origem laboratorial se desmembra em duas principais
sub-hipóteses: (1) o vírus vazou do laboratório por mau manejo de amostras,
mas não foi geneticamente manipulado, (2) o vírus vazou e foi geneticamente
manipulado. Outras hipóteses, como liberação proposital, e criação de arma
biológica, são menos prováveis porque envolvem mais elementos para os quais
não temos evidências. O que surpreende é que temos evidências não só para a
hipótese 1, como também para a 2: o vírus carrega uma estrutura molecular
já usada antes em pesquisa de manipulação genética em laboratório, essa
estrutura aumenta a infecciosidade viral em humanos, e uma ONG americana
que servia de intermediária de verbas entre o governo americano e o IVW
pediu verba para implantar essa estrutura em uma linhagem de
coronavírus!
Não
podemos bater o martelo ainda. Mas podemos dizer que a narrativa de que
todas essas hipóteses de origem laboratorial eram “teorias da conspiração”,
narrativa recusada com coragem e pioneirismo pela Gazeta do Povo desde
novembro de 2020, foi um fracasso histórico de grande parte da imprensa e
das autoridades no Ocidente.
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