segunda-feira, 24 de outubro de 2022

CEGUEIRA

 

                                  





  CEGUEIRA



O pior cego não é o que não tem bons olhos, mas o que os têm com qualidade física, mas possui uma cegueira espiritual.
Limitado pela espiritualidade doentia, com inclinação para as diversas manifestações que apontam caminhos múltiplos, sem a devida e exigida direção.
Ruelas, becos, invasões que mutilam o verdadeiro e único destino.
A moradia que nos aponta a celebração... O enlace, o perdão.
Mas, o homem prefere as sinuosidades da vida, as descidas, os
mergulhos nas poças que não limpam, agregando sujeiras que somam de montão.
Banho que não limpou, vestuário que mascara a face do indivíduo que usa,
com marcas e grifes que não dão o toque daquele que enverga sem a leveza do autor.
Só mascarados sem o devido valor.
Na política, nas artes, nos profissionais de todas as áreas sem
a dignidade interior.
Paredes caiadas, mal pintadas, borradas, não por culpa da qualidade da caiação
mas pelo artista sem a devida vocação.
Num circo improvisado, sem a lona, sem os artistas vocacionados,
Estes se aventuram num trapézio amarrado, com cordas sem o poder de sustentação.
Os animais antes treinados, recusam-se às ordens do novo patrão.
Quantos tombos...
Quantas improvisações...
O público que antes aplaudia, hoje
Não comparece, não há aplausos,
Sorrisos, pipocas, não oferecidos...
Os palhaços de terno e gravata,  escondem nos bolsos, nas cuecas a bilheteria da sessão.
E cegos caminham em busca de mais um circo, onde o palhaço coloque à venda a expressão nítida do povo humilde, sem ostentação.
Só um palmo, só uma braçada, uma passada para cair no buraco  já preparado para o corpo que só olhou
Para o conteúdo dos bolsos, sem enxergar o sol nascente obediente,
sem pagar mais um tostão.

Dionê Leony Machado


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