Hic... Hic... Hic...
Sonolento, cansado, cabeça zonza vazia, só lembrava da
cachaça, que bebeu e dava azia.
Zé Piolho não gostava, de beber nem de nadar, foi
forçado a tudo isto,
Até a se embriagar!
Vivia num apartamento, a 1.50m do solo, confortável,
sossegado, entre os caracóis, daqueles cabelos embolados.
Para que outro lugar? Ali já tinha tudo. E, como era
ventilado!
A limpeza que faziam, não chegava a incomodar, era só
se esconder,
Aguardar, depois voltar.
Lavavam, escovavam, penteavam. Escondido, voltava ao
seu lugar.
E, dormia sem se deixar perturbar.
Um dia, acordou de sopetão, molhavam tudo em volta,
sem usar água
ou sabão. Cachaça e álcool, isto sim, que invenção!
O cheiro forte penetrava nas narinas. Que grande
tentação...!
Tonto,não fugiu, resolveu aproveitar, e beber até
cansar.
Depois chegou alguém, com grande pano nas mãos,
amarrou sua morada...
Zé piolho escorregou que grande escuridão!
Acordou muito mais tarde, com forte dor na cabeça, um
enjôo no estômago e a boca azeda...
Olhou em volta, nada percebeu, ainda estava escuro, lembrou-se:
... Logo se escondeu.
Procurou lugar seguro, pois sabia o que buscavam. Logo,
tiraram o pa-
no, seu drama, recomeçava...
Começaram nova etapa: um pente fino em ação passava
aqui e acolá.
Sem forças, cambaleando, tentou escapulir. O pente não
descansava, tentavam dar um fim nos invasores Outros amigos, coitados, ali
mesmo tombaram...
Depois da grande limpeza, ficou a esperar, que tudo se
acalmasse e pudesse logo voltar...
... Agora, depois do susto, passa seus dias cantando:
- Eu bebo sim,
Estou vivendo,
Tem gente
que não bebe,
E está
morrendo...!!!
Dionê
20.01.1984.
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