domingo, 11 de dezembro de 2016

Garimpando 04



Segunda-feira, 25 de junho de 2012.

O homem é o lobo do próprio homem.
Muito se aventou sobre a origem da sociedade humana, de como os homens estabeleceram pactos sociais para, aparentemente viverem numa paz forjada. Quando e como os homens saíram de um estado de natureza para criarem um contexto separado dela já queimou muita pestana. Pensadores, como John Locke, J-J Rousseau, Montesquieu e Thomas Hobbes, até que se esforçaram bastante para resolver esse imbróglio. Porém, este último cravou uma frase que gerou e ainda gera muita polêmica. Ele reescreveu uma frase do notável escritor latino Plauto, “o homem é o lobo do próprio homem”, ou seja, que, no estado natural, todos se opunham contra todos, que a lei era a dos mais fortes e que o restante era subjugado à força, sem direitos e com o ônus de produzir a subsistência dos mandantes. Numa certa época (que ninguém foi capaz de precisar quando) um pacto foi criado para proteger os mais fracos. Foi assim que surgiu o Estado. Como antes os homens eram perfeitamente iguais (Hobbes não explicou como então eram tão divergentes), desejavam algo que fosse regulador do direito de todos, pois todos tinham necessidades iguais e o mesmo instinto de autopreservação. Renunciaram então àquela liberdade do estado de natureza em função da tranquilidade do convívio em sociedade. O pacto firmado resolveria de vez as divergências e permitiria à sociedade evoluir. Tudo, porém, estaria resolvido se o Estado garantisse de fato uma paz duradoura entre os homens. Mas o que é esse Estado? Do que ele é constituído? Se outrora, a lei do mais forte era a que vigorava, agora é a lei do mais esperto? Os homens continuam lutando e competindo entre si, se aproveitando dos mais fracos, das minorias, tomaram de assalto a própria natureza e se distanciaram dela como se ela fosse um produto a ser negociado na feira. Os homens sempre precisaram da natureza, mas ela nunca precisou deles. Pelo contrário, essa espécie é das mais predadoras e, sendo assim, aquele pensador acertou em dizer que o homem é lobo de sua própria espécie. Em busca de riquezas, notoriedade, poder, capacidade de decidir sobre o destino da maioria, muitas pessoas, que não podem ser consideradas humanas, não relutam em retirar do seu caminho qualquer inconveniente. Todavia, em meio a tão vasto deserto, é possível encontrar oásis aprazíveis, com água fresca e sombra generosa.

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