quarta-feira, julho 07, 2010
A Anatomia de Uma Dor
Lewis e o Sofrimento
Encontrar
C. S. Lewis em seu momento mais amargo, triste e solitário é uma
experiência tocante. Ver seus sentimentos se misturarem com seu poder
de análise, trazendo a tona um homem de fé confuso e inconformado nos
faz lembrar da nossa humanidade e fragilidade. Nos faz lembrar que
existe um lugar de dor, que todos nós, em qualquer tempo, poderemos
chegar.
Quem
já leu C. S. Lewis, sejam suas ficções, dotadas de uma certa
singeleza, ou sejam seus tratados e ensaios, repletos de argumentos
claros, dissecando todo o assunto e chegando sempre ao cerne da
questão, percebe que ele está diferente. Não completamente; o poder de
análise ainda está lá, a tentativa de uma observação racional também.
Mas sabemos que quando a dor chega, tudo muda.
“A Anatomia de Uma Dor”
parece ser uma ironia do destino para C. S. Lewis, que anos antes
escreveu “O Problema do Sofrimento”, dissertando sobre os motivos do
sofrimento e qual a sua natureza. Mal ele sabia que anos mais tarde
enfrentaria uma prova tão grande: a perca da sua amada esposa Joy.
Joy
era uma mulher perspicaz e inteligente, que sempre escrevia para
Lewis. Anos depois ela se mudou para Londres, e então nasceu uma sólida
amizade entre eles. Porém, o visto de Joy estava vencendo, e para que
ela pudesse permanecer no país, em um ato solidário, Lewis se casou com
ela. A partir de uma amizade belíssima, surgiu o amor. Quando Joy foi
acometida de um cancer, Lewis realizou o casamento no religioso em um
leito de hospital. Entre melhoras e quedas, eles viveram um tempo
apaixonante. Até que ela veio a falecer.
A partir daí,
sem saber como administrar toda aquela dor, Lewis resolveu anotar os
seus pensamentos a respeito do luto. Com a esperança de que aquelas
anotações pudessem ajudar alguém no futuro que viesse sofrer o mesmo.
Então surgiu “A Anatomia de uma Dor: Um Luto em Observação”. Um
verdadeiro diário do sofrimento de Lewis.
Lewis
lança questões que muitos não tiveram coragem de dizer, mas sempre
quiseram. A cada página somos levados a uma reflexão profunda sobre a
vida, sua brevidade, e o propósito divino de tudo isto.
Nenhum
de nós espera chegar a um estado de sofrimento tão profundo, mas
sabemos que é possível. Com este livro percebo que o sofrimento não é
fim, mas o começo de uma nova jornada. Uma jornada de conhecimento,
para Deus, para si mesmo, para o outro.
Trechos do Livro:
“Nesse meio tempo, onde está Deus? Esse é um dos sintomas mais inquietantes. Quando você está feliz, muito feliz, não faz nenhuma ideia de vir a necessitar dEle, tão feliz, que se vê tentado a sentir suas reivindicações como uma interrupção; se se lembrar e voltar a Ele com gratidão e louvor, você será – ou assim parece – recebido de braços abertos. Mas, volte-se para Ele, quando estiver em grande necessidade, quando toda outra forma de amparo for inútil, e o que você encontrará? Uma porta fechada na sua cara, ao som do ferrolho sendo passado duas vezes do lado de dentro. Depois disso, silêncio.”
“Não é possível ver nada de maneira adequada enquanto os olhos estiverem embaçados de lágrimas. Você não pode, na maioria das situações, conseguir o que deseja se o fizer desesperadamente: o resultado é que não conseguirá aproveitá-lo ao máximo.
“Aos poucos passei a sentir que a porta não está mais fechada e aferrolhada. Será que foi minha necessidade frenética que a fechou na minha cara? Quando nada há em sua alma exceto um grito de socorro tavlez seja o exato momento em que Deus não o pode atender: você é como o homem que se afoga e que não pode ser ajudado por tanto se debater. É possível que seus gritos repetidos o deixem surdo à voz que você esperava ouvir.”
A Anatomia de Uma Dor – Um Luto em Observação, C. S. Lewis. Ed. Vida.
Sinopse: Escrito
após a morte de sua amada recém esposa Joy, C. S. Lewis registra nesse
livro seus pensamentos mais amargos em relação ao luto. Dúvidas e
observações, para encontrar conforto em meio ao sofrimento,
demonstrando que o discurso de lamentação é um privilégio para os
achegados de Deus, nunca negando a fé e sim a lapidando-a.
Fonte: Geração Renovada
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