Covid-19 pode causar complicações inflamatórias, neurológicas e cardiovasculares

Covid-19 pode causar complicações inflamatórias, neurológicas e cardiovasculares
Equipe médica da unidade de terapia intensiva do Hospital Geral de Nicósia aplaudem paciente com COVID-19 sendo transferido para ala de recuperação, em 29 de abril de 2020

Complicações inflamatórias, neurológicas, cardiovasculares: a lista de surpresas desagradáveis ligadas à Covid-19 parece estar ficando mais longa, semana após semana. Último alerta até à data, os pediatras se perguntam sobre casos de crianças, algumas com testes positivos para o vírus SARS-CoV-2, apresentando estados inflamatórios “multissistêmicos” que evocam uma forma atípica da doença de Kawasaki.
Esta doença, descrita pela primeira vez em 1967 no Japão, afeta principalmente crianças pequenas. Sua origem não é conhecida com precisão e pode misturar fatores infecciosos, genéticos e imunológicos. No entanto, o vínculo com o novo coronavírus ainda não está estabelecido.
Antes dessas novas interrogações, a doença COVID-19 era reputada, nos casos graves, de causar síndromes respiratórias agudas graves e atacar principalmente idosos e adultos com fatores de risco como diabetes, hipertensão, excesso de peso, insuficiência cardíaca ou respiratória.
Semana após semana, os profissionais da saúde descobrem as peculiaridades e complicações associadas a esta nova doença. A COVID-19 “pode atacar quase tudo no corpo com consequências desastrosas”, disse Harlan Krumholz, da Universidade de Yale, à revista científica americana Science. Este cardiologista encarregado de coletar dados clínicos sobre a doença nos Estados Unidos, acrescenta: “sua ferocidade é impressionante e convida à humildade”.

– “Tempestades de citocinas” –

Em suas formas graves, os médicos perceberam que a doença pode levar a uma resposta imune descontrolada, com suas agora famosas “tempestades de citocinas”, que podem levar à morte. Descrito há apenas vinte anos, esse fenômeno foi observado para outros coronavírus (SARS em 2003, MERS em 2012) e é suspeito de explicar a carnificina da “gripe espanhola” em 1918-19 com quase 50 milhões de mortos.