Achel Tinoco |
OS TRAPICHES
Os trapiches eram centros de negócios particulares, onde se vendia de tudo, inclusive animais. Só não vendia carne e farinha:
“Quem quiser comprar uma partida de burros chegada de Montevidéu, procure no Trapiche Grande o escritório de Dalglish Macnab.”
Os trapiches tinham espaços amplos, portões em forma de arcos, janelas largas e localização à beira da Baía de Todos-os-Santos ,
pertencentes a grandes comerciantes, maioria portugueses. Estavam ali
entre o Solar do Unhão e o bairro da Calçada. Não eram apenas
estabelecimento s para o
armazenamento de mercadorias, desempenhavam também outras atividades
comerciais, como a venda de jornais, negócios imobiliários, compra e
venda de terras, intermediação de mão de obra para a construção civil,
ou para moer cana nos engenhos, compra e venda de escravos, recompensas
por fuga.
Estava nos jornais:
“Fugiu, no dia 6 do corrente, uma negra, nação nagô, por nome Josefa, levando consigo um filho crioulo. A pessoa que os pegar, ou der notícias a José Joaquim Cardoso, no trapiche Xixi, será recompensado”;
“Em 7 de fevereiro desapareceu um moleque de nome Estanislau, crioulo, da idade de 7 anos. Quem dele souber e o conduzir ao trapiche do Pilar, será bem recompensado”;
“Quem tiver alguma escrava, preta ou mulata, que seja costureira e a queira vender, fale com Manoel Joaquim, no trapiche Grande”.
Mas o mar estava muito perto e precisou ser aterrado, mais de 200 metros dos trapiches. Muitos deles perderam a funcionalidade.
Além das obras do Porto de Salvador, que seriam concluídas no próximo
século. Os trapiches Barnabé e Pequeno sumiram da orla, e o fogo,
criminoso, muitas vezes, a mando de concorrentes, ou por esperteza dos
proprietários para receberem o dinheiro do seguro, destruiu muitos
outros. Foram eles: trapiche do Xixi, do Careca, Piaçava, Pilar,
Quirino, Barnabé e Adelaide. Perderam duas mil sacas de açúcar.
Salvador tinha um comércio ativo:
“Lojas sortidas de fazendas inglesas, chapéus, cutelaria, artigos franceses de moda, linhos alemães, ferragens, produtos de Nuremberg e tecidos de algodão.”
Tudo era importado naquela época. Eram proibidas as indústrias. Somente em 18 de fevereiro de 1815 foi concedida licença a Francisco Ignácio da Silveira Nobre para construir uma fábrica de vidro na Bahia. Em seguida, vieram as indústrias têxteis, cinco delas, mas só fabricava panos de algodão de baixa qualidade, chamados de “grosseiro”, que serviam para ensacar gêneros agrícolas e vestuário dos escravos. Até sal era importado.
Durante todo o século XVIII e princípio do século XIX, Salvador era considerada o “maior porto do hemisfério sul”. Ao se fazer esta referência, poderá parecer que existia uma estrutura portuária como hoje conhecemos. Não havia. Os navios apenas “aproximavam-se ” da sua costa na altura onde é hoje o Comércio, Cais das Amarras e Cais do Ouro.
E como as mercadorias eram desembarcadas? Este serviço era executado parte pelos saveiros da Bahia. Não se pode aceitar que centenas de saveiros estivessem ali trazendo exclusivamente produtos das cidades do recôncavo e das ilhas. Não tinha tanta coisa assim: farinha, cerâmica, açúcar, mel, aguardente, couro, fumo e grãos.
Os saveiros, compridos e largos, traziam os produtos dos navios para o Cais das Amarras e, principalmente, Cais do Ouro, onde se concentrava a maioria dos trapiches.
Somente quando o porto foi instalado e se construiu o Mercado Modelo e sua rampa aos fundos, é que os saveiros da Bahia efetivaram suas funções de transporte de produtos advindos do recôncavo e das ilhas.
A Cidade do Salvador chegou a ter quatrocentos e vinte e nove trapiches.
do livro "O CONTO DA ILHA DE TAPARICA".
Ps.: se você encontrar alguma contradição ou tiver uma informação sobre o assunto, por favor, me envie. Agradeço.
Os trapiches eram centros de negócios particulares, onde se vendia de tudo, inclusive animais. Só não vendia carne e farinha:
“Quem quiser comprar uma partida de burros chegada de Montevidéu, procure no Trapiche Grande o escritório de Dalglish Macnab.”
Os trapiches tinham espaços amplos, portões em forma de arcos, janelas largas e localização à beira da Baía de Todos-os-Santos
Estava nos jornais:
“Fugiu, no dia 6 do corrente, uma negra, nação nagô, por nome Josefa, levando consigo um filho crioulo. A pessoa que os pegar, ou der notícias a José Joaquim Cardoso, no trapiche Xixi, será recompensado”;
“Em 7 de fevereiro desapareceu um moleque de nome Estanislau, crioulo, da idade de 7 anos. Quem dele souber e o conduzir ao trapiche do Pilar, será bem recompensado”;
“Quem tiver alguma escrava, preta ou mulata, que seja costureira e a queira vender, fale com Manoel Joaquim, no trapiche Grande”.
Mas o mar estava muito perto e precisou ser aterrado, mais de 200 metros dos trapiches. Muitos deles perderam a funcionalidade.
Salvador tinha um comércio ativo:
“Lojas sortidas de fazendas inglesas, chapéus, cutelaria, artigos franceses de moda, linhos alemães, ferragens, produtos de Nuremberg e tecidos de algodão.”
Tudo era importado naquela época. Eram proibidas as indústrias. Somente em 18 de fevereiro de 1815 foi concedida licença a Francisco Ignácio da Silveira Nobre para construir uma fábrica de vidro na Bahia. Em seguida, vieram as indústrias têxteis, cinco delas, mas só fabricava panos de algodão de baixa qualidade, chamados de “grosseiro”, que serviam para ensacar gêneros agrícolas e vestuário dos escravos. Até sal era importado.
Durante todo o século XVIII e princípio do século XIX, Salvador era considerada o “maior porto do hemisfério sul”. Ao se fazer esta referência, poderá parecer que existia uma estrutura portuária como hoje conhecemos. Não havia. Os navios apenas “aproximavam-se
E como as mercadorias eram desembarcadas? Este serviço era executado parte pelos saveiros da Bahia. Não se pode aceitar que centenas de saveiros estivessem ali trazendo exclusivamente produtos das cidades do recôncavo e das ilhas. Não tinha tanta coisa assim: farinha, cerâmica, açúcar, mel, aguardente, couro, fumo e grãos.
Os saveiros, compridos e largos, traziam os produtos dos navios para o Cais das Amarras e, principalmente,
Somente quando o porto foi instalado e se construiu o Mercado Modelo e sua rampa aos fundos, é que os saveiros da Bahia efetivaram suas funções de transporte de produtos advindos do recôncavo e das ilhas.
A Cidade do Salvador chegou a ter quatrocentos e vinte e nove trapiches.
do livro "O CONTO DA ILHA DE TAPARICA".
Ps.: se você encontrar alguma contradição ou tiver uma informação sobre o assunto, por favor, me envie. Agradeço.
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