Na Stanza della Segnatura, localizada no Vaticano,
estão os afrescos mais famosos de Rafael Sanzio, pintados entre 1509 e 1510 —
fiz um post sobre um dos afrescos recentemente, o Parnaso, recomendo que veja.
Tais afrescos, que são quatro, representam com maestria
o espírito renascentista, que buscava revisitar os valores da antiguidade
clássica. As alegorias pintadas representam quatro faculdades do espírito,
as categorias mais elevadas enquanto formas de conhecimento.
Tais categorias são: a teologia,
a filosofia, a justiça e a poesia.
Fazendo uma breve análise — e generalizada, aviso — dessas categorias em nossos
tempos, podemos ver quão grande é nossa devastação moral, ética, intelectual,
simbólica, espiritual, emocional.
Teologia: A
teologia moderna é ensejo para todo tipo de assunto, menos os que envolvam o
Deus bíblico. É um espaço onde sequer o filho de Deus pode permear, a não ser
que seja como um carpinteiro revolucionário. “Uma vez abolido Deus, o Estado
torna-se o deus” — G. K. Chesterton in Cristandade em Dublin (tradução livre)
Filosofia: “Hoje
que a filosofia esmoreceu, as ciências rebaixam–se e dispersam–se; hoje que se
ignora a teologia, a filosofia é estéril, não conclui coisa alguma, faz crítica
e faz história sem bússola; é sectária e muitas vezes destruidora, nunca
tranquiliza nem ilumina; não ensina” — A. D. Sertillanges in A Vida Intelectual
Justiça: Em Os
Deveres, Cícero diz que “o fundamento da justiça reside na boa-fé, isto é, na
fidelidade e na verdade em compromissos assumidos”. O fato é que ninguém mais
em sã consciência tem fé pública, pois a justiça há muito não é vista como
virtude e, sua fidelidade reside não mais no bem comum.
Poesia: A
poesia deveria ser a forma mais solene da linguagem, sempre em busca dos homens
para levar sabedoria: “[…] a poesia é a sabedoria em busca dos homens” — Olavo
de Carvalho in Poesia e Filosofia. Porém, o que temos hoje é uma completa
corrupção da linguagem, não há mais verdade, realidade, significado em nada. O
mundo não compreende a poesia, e a “poesia” que se faz é tão obscura quanto o
mundo.
“Caso nossa sociedade estivesse saudável, não seria
necessário dizer a ninguém como ler ou escrever poesia” — G. K. Chesterton in
Como ler Poesia.
Poeta,
cronista, ensaísta. Articulista no PHVox. Vivo de poesia pra não morrer de
razão. Reflexões sobre arte e literatura. Autor de Baseado em Fardos Reais, de
Arte & Guerra Cultural: preparação para tempos de crise, e organizador da
antologia Quando Tudo Transborda.
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