Mulher
X Silicone
Quando
o fogo da paixão se apagou definitivamente entre ele e sua esposa, Masayuki
Ozaki tomou uma decisão curiosa para preencher seu vazio. Comprou uma boneca de
silicone que se tornou – ele garante – o amor de sua vida.
Com
tamanho natural e aparência muito realista, apesar do olhar perdido, Mayu
divide sua cama na casa da família em Tóquio, onde também moram sua mulher e a
filha adolescente do casal.
"Li
um artigo em uma revista sobre o tema destas bonecas e fui ver uma exposição.
Foi amor à primeira vista", suspira Ozaki, que leva Mayu para passear em
cadeira de rodas, põe perucas nela, a veste e dá joias de presente.
"Quando
minha filha entendeu que não era uma Barbie gigante, ficou com medo e achou
nojento, mas agora já é suficientemente crescida para dividir a roupa com
Mayu", explica.
'É humana'
"As mulheres japonesas têm o coração
duro", reclama, enquanto passeia com a boneca por uma praia. "São
muito egoístas. Sejam quais forem meus problemas, Mayu, ela, sempre está aqui.
Sou louco por ela e quero estar sempre com ela, que me enterrem com ela. Quero
levá-la ao paraíso".
Assim como ele, muitos homens no Japão possuem este
tipo de bonecas, chamadas "rabu doru" (boneca do amor), sobretudo
viúvos e portadores de deficiência, e não as veem como meros objetos sexuais,
mas como seres com alma.
"Meu coração bate a mil por hora quando volto
para casa com Saori", garante Senji Nakajima, de 62 anos, enquanto vai
fazer piquenique com sua companheira de silicone.
"Nunca me passaria pela cabeça enganá-la, nem
com uma prostituta, porque para mim ela é humana", explica este
empresário, casado e pai de dois filhos.
"Agora é mais para se comunicar em um nível
emocional", afirma este homem, também fã de objetos militares, cercado de
mulheres de plástico, às quais veste como soldados.
Uma
atividade artesanal
Umas duas mil bonecas de silicone são vendidas no
arquipélago, segundo profissionais do setor. Equipadas com cabeça e vagina
desmontáveis, custam 5,3 mil euros (algo mais que 6 mil dólares).
"O que chamamos com pompa de 'a indústria' das
bonecas do amor é uma atividade artesanal de nicho", escreve a antropóloga
Agnès Giard, que em 2016 dedicou um livro a este fenômeno e sua história no
Japão.
As primeiras surgiram em 1981. A versão em
silicone, depois em vinil e em látex, é do ano 2001.
"A tecnologia fez grandes progressos desde as
horríveis
"Agora têm uma aparência incrivelmente
autêntica e você tem a sensação de tocar pele humana. Cada vez mais homens as
compram porque têm a impressão de poder se comunicar com elas".
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