segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

TOMARAM O PODER...



Resisti o quanto pude, mas agora, embora a prudência diga o contrário, chegou a hora de falar sobre o elefante na sala. Há alguns dias vejo crescer o número de pessoas que criticam as Forças Armadas por sua “omissão” no atual momento político no qual vive o Brasil. O trágico (não vou usar a palavra “engraçado” pois ela de maneira nenhuma caberia) é constatar que outras instituições poderiam e deveriam intervir com total legalidade nessa balbúrdia, mas... se omitiram. Onde estava o Conselho Nacional de Justiça, quando um componente do STF pegou a caneta e “descondenou” um réu que havia sido condenado em todas as instâncias da nossa combalida justiça. E o pior, aquele supremo ministro fora agraciado com o cargo pela presidente que é do mesmo partido  político do réu. Isso não é uma aberração jurídica, digna de protestos de todos magistrados? Não deveria haver uma reação daqueles que defendem o sistema jurídico brasileiro, dizendo que tal ato tira totalmente a credibilidade de nossos tribunais? Não seriam eles os profissionais das normas e os responsáveis em manter a sua credibilidade perante a sociedade? O que ouvimos foi um silêncio ensurdecedor. O sistema acusatório também foi colocado em baixa quando duvidaram das provas colhidas nas diversas operações policiais, nos depoimentos de testemunhas com delações premiadas ou não. E qual foi a reação do Ministério Público, “que tem como função definida pela CONSTITUIÇÃO FEDERAL a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis”, ao ver que uma Força Tarefa potente fora diligentemente desacreditada e desmontada? E o que falar da prestigiosa Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e suas “sucursais”, não poderiam, junto com as outras entidades reforçar um veemente  protesto contra o simples “descondenamento”? Preferiram então, como as outras instituições, deixar o barco correr ou apenas seguir o seu próprio adágio “Sem advogado não há justiça”, e nesse caso por sua leniência “desouve” a justiça. E nem vale a pena comentar a atuação do Congresso Nacional, cujas duas casas Câmara e Senado, há muito tempo não gozam de boa reputação junto à sociedade, portanto, afora muitos poucos componentes, não fariam nada mesmo. E tragada pela inépcia das supracitadas entidades que, repito, têm por obrigação zelar pelo Sistema Jurídico Brasileiro, as Forças Armadas aparecem como a última ratio regis. E vemos uma multidão de pessoas nas portas das casernas, implorando por uma intervenção messiânica (sem trocadilho) dos militares. Tal ato de desespero fez a festa do panteão dos “verdadeiros defensores da democracia”, formado pela mídia, artistas, blogueiros, intelectuais e toda a sorte de especialistas de ocasião, que despejaram todo o seu desprezo ao sentimento daquelas pessoas, rotulando-as de golpistas e mais tarde de terroristas. O povo acabou removido dos locais de protesto por ordem de um governo raivoso e revanchista ora comandado por um corrupto descondenado, que recebe apoio de uma suprema corte (com letras iniciais minúsculas mesmo, para fazer jus a sua importância) pra lá de suspeita. Mas o ressentimento se direciona contra às Forças Armadas. Aparecem inúmeros “memes” insultando comando e tropa, rebaixando toda a credibilidade junto à sociedade, conquistada em anos de trabalho duro, simplesmente por que RESPEITARAM a Constituição. Em tempos idos essas mesmas instituições militares se lançaram à salvar o Brasil de “ideologias adversas” e vinte e um anos depois retornariam aos quarteis, não sem serem criticadas pela mesma sociedade que outrora apoiou os seus atos. E lá se vão trinta e oito anos de democracia, com o povo feliz com suas conquistas políticas, com muitos aclamando aquelas mesmas “ideologias adversas” que outrora temiam, agora os alçando ao poder. O revanchismo disfarçado de “Comissões” não tarda a aparecer e muitos militares, antes considerados heróis, são obrigados a prestar contas de seus atos. Nesse ínterim, algumas empresas de mídia, que não só apoiaram como obtiveram vantagens em seus negócios durante o regime militar, se apressam em se eximir de culpa e colocam todo o seu arsenal informativo contra aqueles senhores de idade que ousaram ouvir o clamor popular. Tudo isso ocorre sem que a dita opinião pública se manifeste em apoio aos pobres-diabos, que em um misto de vergonha e constrangimento, mal conseguiam se defender. Não foram vistas manifestações favoráveis nas portas dos quarteis, não foram escritos longos textos de exaltação aos feitos contra a subversão, pelo contrário, lotavam-se salas de cinemas e aumentavam a audiência para produções cinematográficas que transmutavam os subversivos em vítimas inocentes de um regime pérfido e cruel. Poucos foram os que tiveram a coragem de ir contra esse movimento que a sociedade absorvia de bom grado. Toda essa escaramuça foi acompanhada pelos atuais componentes do alto escalão militar, que foram formados e tiveram contato aproximado com aqueles que viveram toda a história de 64 para cá. Testemunharam, in loco, como a opinião pública muda e “desapóia” aqueles que, por algum motivo, assumem o papel de herói. Muito rapidamente os militares passaram de laureados campeões da justiça à relés “pintores de meio-fio” e agora recebem críticas e infâmias dos dois lados formados por ex-apoiadores e antigos desafetos. Aliás, esses últimos, estão adorando essa nova fase, pois se passam por ex-apoiadores e capricham nas críticas ácidas e ofensas contra os militares, de maneira que até alguns militares da ativa e reserva, se deixam influenciar e engrossam o coro dos insatisfeitos, deixando de criticar e cobrar dos verdadeiros responsáveis por termos um governo de corruptos comandado por um corrupto descondenado e apoiado por uma mídia venal. Afinal quantas pessoas que agora criticam as Forças Armadas levantaram a bunda da cadeira e foram se manifestar contra o “descondenamento” ao invés de esperar até chegarmos no estado calamitoso que nos encontramos? Temo em dizer, mas creio que até mesmo outras instituições acreditavam na reedição de 64, para quem sabe ganhar notoriedade ou até mesmo fazer barganhas em proveito próprio no “pós-golpe” que inevitalvelmente aconteceria.
“O momento exige que os homens de bem tenham a audácia dos canalhas” - 

Benjamin Disraeli.

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