sexta-feira, 15 de março de 2024

REFLEXÃO...01

 

 

Conheça 5 mulheres que transformaram a educação no Brasil

As mulheres educadoras são um exemplo de coragem, resiliência e pioneirismo na história brasileira.

BEATRIZ ROHDE


Ao longo da história, as mulheres conquistaram não apenas o direito à educação, como também o protagonismo no ensino ao redor do mundo.

 

No Brasil não é diferente. O trabalho feminino é um pilar essencial, desde o ensino básico à universidade.

 

As mulheres brasileiras só conquistaram o direito de estudar além do ensino fundamental em 1827, com a promulgação da Lei Geral. O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade de reconhecer a contribuição de educadoras pioneiras.

 

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Mural dedicado a Antonieta de Barros, uma das mulheres mais importantes da educação brasileira

Mural dedicado à professora, jornalista e política Antonieta de Barros, no Centro de Florianópolis – Foto: Flavio Tin/ND

Conheça cinco mulheres brasileiras que transformaram a educação no país:

1- Antonieta de Barros

Nascida em Florianópolis em 1901, Antonieta de Barros foi a primeira mulher negra a ser eleita deputada estadual no Brasil.

 

A professora, poetisa e jornalista defendeu o acesso de todos à educação e a valorização da cultura negra.

 

Antonieta de Barros, primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil

Desde Antonieta de Barros, somente uma outra mulher negra ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Santa Catarina – Foto: Memorial Antonieta de Barros/Reprodução/ND

Filha de uma escrava liberta, Antonieta fundou aos 21 um curso particular para combater o analfabetismo de adultos na Capital.

 

Lecionou em escolas de elite, como o Colégio Coração de Jesus. Ela também se tornou diretora da Escola Normal Catarinense, instituição onde concluiu o ensino médio.

 

Antonieta chegou ao cargo de deputada em 1934, dois anos após o sufrágio feminino e 46 anos após a abolição da escravatura. Ela era suplente de Leônidas Coelho de Souza, que não assumiu a posição porque foi nomeado prefeito de Caçador.

 

A educadora está entre as três primeiras mulheres no Brasil a ocuparem uma cadeira no parlamento.

 

Como jornalista, fundou o jornal A Semana e dirigiu a revista Vida Ilhoa. Assinava suas crônicas e artigos sob o pseudônimo “Maria da Ilha”. Em 1937, publicou o livro “Farrapos de Ideias”.

 

Depois de Antonieta, levou 89 anos para que uma segunda mulher negra integrasse a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A professora Vanessa da Rosa, de Joinville, foi eleita como suplente em 2022 e assumiu o mandato por um mês em 2023.

 

Apesar da morte precoce, aos 50 anos, o legado de Antonieta de Barros segue vivo. A professora é símbolo do combate aos preconceitos raciais, de classe social e de gênero.

 

Ela foi responsável pelo projeto de lei que instituiu o Dia do Professor, data comemorada em 15 de outubro em todo o Brasil.

 

2- Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto nasceu em 1810, no Rio Grande do Norte. Conhecida pelo pseudônimo de Nísia Floresta Brasileira Augusta, a escritora e poetisa é considerada a primeira educadora feminista do Brasil.

 

Nísia Floresta foi uma das mulheres precursoras do feminismo no Brasil

Nísia Floresta foi uma das mulheres precursoras do feminismo no Brasil – Foto: Reprodução/ND

Escreveu seu primeiro livro aos 22 anos, intitulado “Direitos das mulheres e injustiça dos homens”.

 

Até sua morte, em 1885, publicou outras 14 obras. Nísia defendia em sua literatura os direitos das mulheres, dos povos indígenas e das pessoas escravizadas.

 

A professora participou das campanhas abolicionista e republicana no período imperial.

 

Aos 28 anos, abriu uma escola para meninas no Rio de Janeiro. As mulheres da época, quando tinham acesso à educação, só eram ensinadas a costurar, cuidar do lar, ter boas maneiras, ser uma boa mãe e esposa.

 

A pioneira Nísia Floresta, no entanto, desafiou as regras sociais e passou a ensinar matemática, ciências naturais e sociais, música, dança, gramática, escrita e leitura do português, francês e italiano às meninas.

 

A afronta lhe rendeu críticas e ataques à sua vida pessoal. A educadora não se abateu e continuou defendendo o direito das mulheres à educação científica. Sua cidade natal, antigamente chamada de Papary, hoje leva o nome de Nísia Floresta.

 

3- Dorina Nowill

A educadora, filantropa e administradora Dorina de Gouvêa Nowill criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, em 1946. A fundação foi a primeira grande imprensa de livros em braille (sistema de escrita e leitura tátil para cegos) do país.

 

A educadora Dorina Nowill lutou pela inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no sistema escolar

A educadora Dorina Nowill lutou pela inclusão de pessoas cegas e com baixa visão no sistema escolar – Foto: Fundação Dorina Nowill para Cegos/Reprodução/ND

Dorina nasceu em 1919 e dedicou sua vida à educação e aos direitos das pessoas com deficiência visual. Natural de São Paulo, a professora perdeu a visão aos 17 anos devido a uma doença não diagnosticada.

 

Ela foi a primeira aluna cega em um curso regular na Escola Normal Caetano de Campos, onde conseguiu a integração de outra menina cega.

 

Após se formar no magistério, a educadora ganhou uma bolsa de estudos para frequentar a Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

 

Dorina Nowill se especializou em educação na área de deficiência visual. Entre 1961 e 1973, dirigiu a Campanha Nacional de Educação de Cegos do MEC (Ministério da Educação). Lutou também pela inserção de pessoas cegas e com baixa visão no mercado de trabalho.

 

Preocupada com a prevenção à cegueira, Dorina foi eleita presidente do Conselho Mundial dos Cegos (atualmente União Mundial de Cegos) em 1979.

 

Ela morreu aos 91 anos em 2010. A Fundação Dorina Nowill promove há 75 anos a autonomia e inclusão de pessoas com deficiência visual.

 

4- Sonia Guimarães:

Sonia Guimarães foi a primeira mulher negra a se tornar doutora em física no Brasil. A pesquisadora também foi a primeira entre mulheres negras a lecionar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).

 

Sonia Guimarães se tornou professora no ITA quando as mulheres sequer eram aceitas como estudantes

Sonia Guimarães se tornou professora no ITA quando as mulheres sequer eram aceitas como estudantes – Foto: UM BRASIL/Reprodução/ND

Quando ingressou como docente na prestigiada instituição, em 1993, as mulheres ainda não eram aceitas como estudantes.

 

As professoras eram poucas na área dominada pela presença masculina. Sonia se tornou expoente no combate às desigualdades raciais e de gênero nas ciências, em especial nas exatas.

 

Filha de pai tapeceiro e mãe comerciante, foi a primeira da família a entrar na faculdade. Ela se graduou na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), onde também fez seu mestrado em física.

 

Após um período de pesquisa em Bolonha, na Itália, Sonia ingressou no doutorado em materiais eletrônicos na Universidade de Manchester, Inglaterra.

 

Nascida na capital paulista em 1957, Sonia tem 66 anos e segue lecionando no ITA.

 

A professora também é conselheira e fundadora da Afrobras, organização criada em 1997 para promover a inserção socioeconômica, cultural e educacional dos jovens negros.

 

A Afrobras é mantenedora da Faculdade Zumbi dos Palmares em São Paulo, voltada para a população negra e de baixa renda. A instituição visa reduzir a desigualdade sociais e raciais no ensino superior.

 

A história e o trabalho de Sonia Guimarães são fonte de inspiração para a juventude brasileira. Em 2023, foi eleita uma das 100 pessoas mais inovadoras da América Latina pela plataforma Bloomberg Línea.

 

Foi a primeira mulher negra a receber o Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita em 2021.

 

5- Anália Franco

A professora Anália Emília Franco Bastos nasceu no Rio de Janeiro em 1853. Em uma época em que a educação era privilégio de poucos, ela defendeu a inclusão dos marginalizados e discriminados.

 

Anália Franco defendia a inclusão de mulheres e filhos de escravos na educação

Anália chegou a ser expulsa da própria escola que fundou por não aceitar segregar crianças brancas e negras – Foto: Divulgação/ND

O Brasil passava pela transição entre a monarquia e a república, quando predominava a população rural. Anália se dedicou a fundar escolas fora da capital para que o interior também tivesse acesso ao ensino.

 

Educadora, jornalista, poetisa, escritora e filantropa, foi responsável por criar mais de cem instituições espalhadas por São Paulo.

 

O trabalho de Anália inclui escolas públicas, asilos, creches, liceus femininos, bibliotecas, grupos de teatro, orquestras e oficinas de manufatura para mulheres.

 

Ela acreditava no poder da educação como ferramenta de inclusão social. Anália começou sua carreira de professora aos 15 anos e abraçou a causa das áreas rurais. Trabalhou como auxiliar de sua mãe, que desempenhava a mesma profissão.

 

Na época, com a Lei do Ventre Livre, os filhos de escravas eram muitas vezes expulsos das fazendas e ficavam desamparados. Anália chegou a ser banida da própria instituição que fundou, a Casa Maternal, que acolhia crianças abandonadas.

 

Primeira escola pública criada por Anália, a casa foi cedida por uma das fazendeiras de São Paulo, a quem pedia ajuda pelos filhos de escravos. A educadora, no entanto, não aceitou a condição da fazendeira de segregar crianças brancas e negras e teve que se retirar.

 

Anália Franco se destacou pela luta abolicionista e de libertação das mulheres. Como jornalista, contribuiu com revistas femininas e fundou suas próprias publicações: “Álbum das Meninas” e “A Voz Maternal”. Sua produção literária extensa ressalta a importância da educação para o progresso do Brasil.

 

A ativista fundou em 1901 a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva, que apoiava mulheres e crianças. Anália dirigiu a organização até sua morte em 1919, vítima da gripe espanhola.

 

As mulheres só conquistaram o direito de estudar além do ensino fundamental em 1827 com a Lei Geral

As mulheres só conquistaram o direito de estudar além do ensino fundamental em 1827 com a Lei Geral – Foto: Javier Trueba/Unsplash/Reprodução/ND

Essas mulheres à frente de seus tempos abriram as portas da educação para as futuras gerações. Se hoje em dia as meninas têm acesso à escola e à universidade, é graças à coragem de Antonieta de Barros, Nísia Floresta, Dorina Nowill, Sonia Guimarães, Anália Franco e muitas outras.

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