Sete crianças que abalaram
o mundo
11/10/2014
cidade para crianças - direitos humanos
Da Redação
Da Redação
Anne Frank
Em 31 de
março de 1945, morria aos 15 anos de tifo e subnutrição, no campo de
concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, uma jovem judia chamada Annelies
Marie Frank, ou Anne, para os amigos e familiares. Duas semanas depois, os
prisioneiros do campo seriam libertados pelas forças aliadas.
Antes de
ser presa e deportada para o campo de concentração com sua irmã, Anne viveu
escondida das tropas nazistas por 25 meses num pequeno sótão conhecido como
Anexo Secreto, em Amsterdã. A experiência ficou registrada em seu diário, que
foi entregue meses depois do fim da guerra ao seu pai Otto Frank, que decidiu
publicá-lo.
Em Santo André,
crianças ajudam a definir políticas públicas e orçamento
7 ideias que aproximam crianças da política e cidadania
A importância da cultura local na formação das crianças
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O diário
feito livro se transformou num dos mais reconhecidos e pungentes relatos do
terror nazista. O olhar jovem e observador da menina que sonhava em ser
jornalista foi traduzido para mais de 68 línguas e se tornou um testamento do
sofrimento, das vidas perdidas e do que a História não pode repetir.
Malala
Yousafzai
9 de
outubro de 2012. Ao sair da escola, a estudante paquistanesa Malala Yousafzai, à
época com 15 anos, estava prestes a embarcar no ônibus de volta para casa
quando foi alvejada com tiros por membros do Talibã, grupo fundamentalista que
é contra a educação feminina.
Malala
foi escolhida como alvo pois era a autora do blog “Diário de uma estudante
paquistanesa” desde 2009, quando tinha 11 anos. Publicava textos sobre a sua
vontade de estudar em um país onde, só por ser mulher, a dificuldade do acesso
à educação era ainda maior. Escrito sob um pseudônimo, o nome de Malala
rapidamente se tornou conhecido, já que a garota não tinha receio em defender
publicamente a educação de mulheres.
Após sobreviver ao ataque, Malala
se tornou ativista e transformou-se num símbolo da causa pela educação feminina
no mundo. Seu prestígio é tamanho que a paquistanesa acaba de receber o Prêmio
Nobel da Paz de 2014. “Este prêmio é para todas as crianças cujas vozes
precisam ser escutadas”, afirmou.
A
influência de Malala Yousafzai tem se espalhado pelo mundo. Na
Nigéria, por exemplo, onde centenas de meninas foram sequestradas de dentro de
uma escola pelo grupo fundamentalista Boko Haram, uma campanha global pede a
devolução das garotas e defende o direito das mulheres à educação. “A educação
pode oferecer independência econômica, pavimentar o caminho rumo à participação
política e empoderar mulheres e homens com conhecimentos necessários para
enfrentar de maneira ativa e eficaz as normas opressoras que perpetuam
diferentes formas de violência contra as mulheres”, disse a modelo nigeriana
Nnena Agba.
Adora
Svitak
Aos seis
anos, Adora Lily Svitak ganhou um notebook de sua mãe e passou a escrever
histórias. No total, foram mais de 300 pequenos textos que a criança queria
publicar. Ao invés de ouvir “espere até ficar mais velha”, os pais incentivaram
a pequena autora a lançar o livro “Flying Fingers” (Dedos voadores).
Desde
então, a menina dá palestras em centenas de escolas – tanto para alunos como
educadores – sobre a importância da literatura e da escrita. Em 2010, quando
tinha 12 anos, deu uma palestra no TED e foi aplaudida de pé. “Nós crianças
ainda sonhamos com a perfeição”, afirmou Adora.
Para ela,
o mundo precisa de mais ideias infantis: criatividade, ideias arrojadas e
principalmente otimismo. “Adultos precisam ouvir e aprender com as crianças,
confiar e esperar mais de nós”, acredita a jovem escritora.
Nascido
em 1756, o compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart tinha apenas cinco anos
quando começou a se destacar tocando teclado, violino e, claro, criando
músicas. Seu talento era tanto que, mesmo tão precoce, chamou a atenção da
realeza européia e se apresentou em diversas cortes do continente.
A crítica
musical considera Mozart um dos maiores compositores da história. Não é por
menos: ele produziu mais de seiscentas obras, tornando-se uma referência na
música erudita e influenciado diretamente o futuro da música. Requiem é uma de
suas composições mais famosas.
Severn
Cullis-Suzuki
A menina
que calou o mundo por cinco minutos. Foi assim que a canadense Servern
Cullis-Suzuki ficou conhecida em 1992, quando, aos 12 anos, fez um discurso
duro e emocionante direcionado aos delegados e chefes de Estado que
participavam da Rio-92, conferência que debatia o futuro do meio ambiente.
Aos nove
anos, a canadense fundou a Organização das Crianças para o Meio Ambiente (ECO),
grupo dedicado a aprender e ensinar outros jovens sobre as causas ambientais.
Foi assim que a garota arrecadou dinheiro para participar da conferência.
“Sou
apenas uma criança, mas ainda assim sei que se todo o dinheiro gasto em guerras
fosse investido em soluções para o meio ambiente e também na redução da
pobreza, que lugar maravilhoso a Terra seria!”, afirmou à época, para espanto
dos presentes. “O que vocês estão fazendo com o mundo me faz chorar a noite.”
Disponível
no YouTube, o vídeo do discurso que abalou o mundo tem mais de 28 milhões de
acessos.
Samantha
Smith
“Caro
Senhor Andropov, meu nome é Samantha Smith. Eu tenho dez anos de idade.
Parabéns pelo seu novo trabalho. Eu tenho me preocupado com a Rússia e os
Estados Unidos entrarem em uma guerra nuclear”. Assim começava a carta que uma
jovem de dez anos, nascida na cidadezinha de Manchester, no Maine, enviou para
o líder sovético Yuri Andropov, em 1982. “Deus fez o mundo para nós vivermos
juntos e não para brigarmos”, encerrava.
A carta
foi publicada no jornal russo Pravda e alguns meses depois ela recebeu uma
longa resposta de Andropov, que tornou a jovem Samantha uma porta-voz instantânea das crianças pela paz mundial. Ela visitou a Rússia, conheceu suas
crianças e reparou que eram muito parecidas com ela. Se tornou uma pessoa
pública notória em ambos os países e foi considerada “A Mais Jovem Embaixadora
dos EUA”.
Escreveu
livros sobre sua visita, atuou em filmes e programas de TV e viajou pelo mundo
conhecendo crianças de diversas realidades. Até que, tragicamente, em 1985,
morreu em um acidente de avião, deixando um legado breve e inspirador. Afinal,
se tornar um símbolo comum de gregos e troianos, ou russos e americanos, em
plena Guerra Fria, não era uma tarefa fácil.
Louis
Braille
“Se os
meus olhos não me deixam obter informações sobre homens e eventos, sobre ideias
e doutrinas, terei de encontrar uma outra forma.”
O método
Braille é hoje difundido por todo o mundo como a principal forma de leitura
para deficientes visuais. A série de pontilhados em relevo permite, pelo tato,
uma rápida e fácil compreensão de longos textos. Mas você sabia que ele foi
inventado por um jovem?
Em 1809,
com 10 anos, Louis Braille ganhou uma bolsa de estudos de um prestigioso
instituto para cegos na França, após se destacar numa escola comum. Aos 12,
começou a se dedicar, com a ajuda de um capitão reformado, na formulação de um
sistema simplificado de escrita, que viria se tornar o método Braille,
concluído quando tinha apenas quinze anos. Ainda adolescente, começou a dar
aulas no Instituto onde estudava.
Após 200
anos, o Braille permanece praticamente inalterado e seus mais ágeis leitores
conseguem ler até 200 palavras por minuto. A invenção, no entanto, só foi
amplamente reconhecida dois anos após a morte de Braille, em 1852. Antes disso,
foi proibida no mesmo instituto onde foi inventado, o que não impediu em nada
que os jovens, em segredo, continuassem a aprender e aperfeiçoar o método.
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