Post de
Geraldo Leony Machado
Vistos
os problemas geopolíticos atuais a ideia de repetição da história parece ganhar
vulto. As controvérsias acerca do assunto são sérias e têm significado.
“Não, a
História não se repete, mas a dor e o sofrimento das pessoas que vemos nas
imagens que todos os dias entram em nossas casas, esses, sem sombra de dúvida,
são os mesmos de outras guerras e de outras épocas”.
Estes são tópicos em artigo de Isilda Monteiro,
professora da Escola Superior de Educação Paula Frassinetti e investigadora do
CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço e Memória”,
que na minha visão, conclui com maestria).
A História não tem um progresso retilíneo,
como escreveu Reis Torgal na “Carta a um jovem investigador” publicada em 2021,
é mais adequado aceitar a ideia de um progresso em espiral que “nos leva a
considerar que o processo civilizacional tem recuos e avanços, passando por
pontos idênticos, mas estruturalmente diferentes”.
Nesta
perspectiva, ganham especial sentido as frases “Aqueles que não lembram o
passado estão condenados a repeti-lo”, do humanista espanhol George Santayana,
ou «A História não se repete, mas rima […].
“Temos
de continuar a relembrar as manobras erradas do passado, para não as
repetirmos» (“escritora canadiana Margaret Atwood”).
Hegel,
filosofo alemão, afirmava que “a história se
repete sempre, pelo menos duas vezes”. Karl Marx escreve em sentido
conotativo: "a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.".
A
difícil aceitar a repetição inevitável da história e, mais ainda, a farsa que
representaria sua segunda repetição.
É certo
que o caminho da humanidade foi traçado por lutas num exercício egocêntrico,
manipulação, medo de proximidade territorial diante de possível capacidade
bélica, ainda, por dominação de territórios em busca de riquezas inclusive
minerais, definindo geopolíticas exaustivas e imperialistas.
Ou
estaríamos diante de circunstâncias do animal homem no seu processo de
“desenvolvimento” material?
”...A
invasão da Ucrânia é disso um bom (e assustador!) exemplo- diz Isilda
Monteiro; e, mais: A dissolução da União
Soviética em 1991 - processo iniciado em 1985 por Mikhail Gorbachev –
considerada “a maior catástrofe geopolítica do século XX”, na visão de Putin, é
outro – afirmamos.
É neste
contexto geopolítico que a neutralidade da Ucrânia assume – ou assumia -
especial relevância na política de defesa e segurança da Rússia, ”justificada”
pelo fator geográfico.
Pense-se
acerca da problemática EUA x Venezuela uma nova e possível invasão territorial,
frente a repetida ditadura local. Outro exemplo?
Não há,
ao que depreendo, repetição da história, senão acontecimentos no mesmo palco e
condições atuantes. Embora existam possíveis ciclos produzindo fatos
semelhantes, as condições humanas, em cada época, não necessariamente se
repetem, são únicas em contexto específico.
É
cíclica, como entendiam gregos e romanos, dai porque se repete. É linear, dizem
outros, levando a palco, por exemplo, o progresso da humanidade, sua crescente
cultura e condições tecnológicas.
A
questão, em realidade, é complexa, debatem-na historiadores e filósofos.
Pode-se,
afirmar em caráter conciliatório – creio - que, em face da geografia e da
natureza humana, a repetição ocorre de modo relativo e suas “lições” devem ser
observadas evitando-se equívocos ou direcionamentos contraditórios.
Enfim,
os amantes de história e que, realmente, a conhecem têm a palavra.
SSA,
23.08.2025
Geraldo
Leony Machado
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