Esse é o nosso Deus
Deus define a si
mesmo, em relação aos seres humanos, como um Deus que sempre estará próximo de
nós
Por Marleen Hengelaar-Rookmaaker
Como é Deus? Podemos conhecê-lo? Como é o seu jeito? Se
temos certeza de uma coisa, é de que humanos pequenos como nós nunca
conseguirão compreender a natureza maravilhosa e misteriosa do nosso Criador e
Pai Celestial. Felizmente, a Bíblia levanta um pedaço do véu através de
histórias, metáforas e exposições teológicas.
No relato de Moisés e a sarça ardente, em Êxodo 3, por
exemplo, nós, primeiramente, nos tornamos conscientes da santidade de Deus:
“Não te chegues para cá”. Para esse Deus de glória, é apropriado tirar os
sapatos e cobrir nossos rostos. Mas então ele se aproxima de nós. Ele desceu
para libertar seu povo. Ele se intitula “Eu sou o que sou” e “o Deus de Abraão,
o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”. Deus é um Deus que define a si mesmo, em
relação aos seres humanos, como um Deus que sempre estará próximo de nós.
Esses dois lados de Deus também são incorporados na pintura
de colagem Icarus, por Mary McCleary. Suas colagens são feitas de todo o tipo
de materiais, como pedaços de papel, vidro, madeira, miçangas e pequenos
fantoches de brinquedo. Como na obra Icarus, há um padrão de olhos de bonecas,
recorrente como um aspecto de seus trabalhos por muitos anos. Eles representam
a grandeza de Deus e sua onipresença que tudo vê.
Na arte, também vemos Ícaro caindo do céu. Um segundo
depois, ele será engolido pelo mar. Ícaro e seu pai, Dédalo, um artesão
lendário de Atenas, foram presos na ilha de Creta. Para conseguir fugir, Dédalo
fez um par de asas para cada um deles, que eram presas aos seus ombros com
cera. “Permaneça no meio” Dédalo aconselhou o filho, “porque se você voar muito
baixo, as ondas vão umedecer as penas e deixá-las pesadas, mas, se voar muito
alto, o sol irá derretê-las”. Mas Ícaro voou para cima, para o sol. A cera
derreteu, suas asas enfraqueceram e ele caiu no mar.
Talvez você conheça a famosa pintura de Ícaro, atribuída a
Bruegel, o Velho. Quando você olha de perto, você consegue ver as pernas de um
pequeno Ícaro, desaparecendo na água na parte de baixo, à direita. Ninguém
presta atenção a isso na pintura. Mas, aqui, na obra de Mary McCleary, o foco
está em Ícaro. E ele não passa despercebido, já que Deus o vê cair. Sua
arrogância é conhecida por Deus.
Mas então, na parte inferior, à esquerda da colagem, vemos a
grade do navio que chega à cena a tempo de tirá-lo da água.
Esse é o nosso Deus.
Mary McCleary é professora emérita de arte da Regent"s
University na Stephen F. Austin State University, onde lecionou de 1975 a 2005.
Nascida em Houston, Texas, em 1951, ela obteve seu bacharelado em belas artes,
com honras, em gravura/desenho pela Texas Christian University e seu mestrado
em belas artes em artes gráficas pela University of Oklahoma. Desde 1970, ela
participou de mais de 250 exposições individuais e coletivas em museus e
galerias em 24 estados, México e Rússia. Mary McCleary foi nomeada "Artista
do ano do Texas" em 2011 pela Art League of Houston. O trabalho de
McCleary está presente em diversas coleções públicas. Clique aqui para conhecer
mais.
Declaração da artista: "Fiz minha primeira colagem 3D
há 26 anos. Desde então, meu trabalho cresceu em tamanho, complexidade e
significado. As colagens são feitas pela colagem de camadas e mais camadas de materiais
como tintos, papel, papelão, papel alumínio, glitter, palitos, arame, espelhos,
lápis, pregos, vidro, palitos de dente pintados, barbante, couro, fiapos,
pequenos brinquedos de plástico e outros objetos em papel grosso, da mesma
forma que um pintor constrói camadas e mais camadas de tinta sobre uma tela. Frequentemente,
esses materiais são usados simbolicamente. Meu objetivo é que as imagens
obsessivas resultantes desse método de trabalho transmitam uma intensidade que
o observador considere cativante. Interessa-me a complexidade espacial e as
tensões visuais que advêm do fato de as colagens serem ilusionistas, ao mesmo
tempo em que são compostas por objetos tridimensionais que muitas vezes mantêm
sua própria identidade. Baseando meu tema na história e na literatura, gosto da
ironia de usar materiais frequentemente triviais, tolos e temporais para
expressar ideias do que é significativo, atemporal e transcendente."
Marleen Hengelaar-Rookmaaker é editora chefe de ArtWay.
Traduzido por Ana Laura Morais.
Artigo publicado no site Artway. Reproduzido com permissão
da autora.
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