quarta-feira, 28 de outubro de 2020

VERGONHA...

 



Vergonha!

Vergonha (do latim verecundia), é uma condição psicológica e um conjunto de comportamentos, induzidos pelo conhecimento ou consciência de desonra, desgraça ou condenação. 

O terapeuta John Bradshaw conceitua a vergonha como a “emoção que nos deixa saber que somos finitos”.

A vergonha está entre nós desde o início dos tempos, e veio com o pecado original.

A mulher, vendo que o fruto da árvore era bom para comer, de agradável aspecto e muito apropriado para abrir a inteligência, tomou dele, comeu, e o apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente. Então os seus olhos abriram-se; e, vendo que estavam nus, tomaram folhas de figueira, ligaram-nas e fizeram cinturas para si.

E eis que ouviram dos passos do Senhor Deus que passeava no jardim, à hora da brisa da tarde. O homem e sua mulher esconderam-se da face do Senhor Deus, no meio das árvores do jardim.

Mas o Senhor Deus chamou o homem, e disse-lhe: “Onde estás?”

E ele respondeu: “Ouvi os vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me.”

O Senhor Deus disse: “Quem te revelou que estavas nu? Terias tu porventura comido do fruto da árvore que eu te havia proibido de comer?”

O homem respondeu: “A mulher que pusestes ao meu lado apresentou-me deste fruto, e eu comi.” (Gn 3,6-12) (grifei)

Qualquer pessoa normal, ao ser pego em qualquer ato que não seja moralmente incorreto, por menor que seja, sente vergonha e as reações são diversas. Do rubor das faces, a agressão ao indivíduo que o flagrou (já vi agressão pela vergonha de ser pego em ato improprio, ou falso).

Mas, não vou tratar desse assunto. O que vou tratar aqui, é justamente, da falta de vergonha.

A falta de vergonha é um dos maiores adjetivos dos nossos políticos. E essa falta de vergonha vem da falta de punição, do fato de até pouco tempo o brasileiro ter memoria curta e da conivência da imprensa amiga (a depender do político ser ou não de esquerda).

Eles roubam, agridem verbalmente, uns até matam, e continuam suas vidas como se nada tivesse acontecido. Continuam a frequentar seus locais de trabalho e a pedir votos, como se fossem pessoas ilibadas.

Um bom exemplo disso, foi a fala do Lula  em 15/09/2016, no pronunciamento que fez em diante da denúncia do Ministério Público Federal:

Eu de vez em quando falo que as pessoas achincalham muito a política, mas a posição mais honesta é a do político, sabe por quê? Por que todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua encarar o povo e pedir voto. O concursado não. Se forma na universidade, faz um concurso e ‘tá’ com um emprego garantido para o resto da vida”. (grifei)

Neste mesmo dia, ele se comparou a Jesus Cristo, e disse que somente Este ganha dele, no Brasil, em termos de popularidade.

Mas, não para por aí!

Em 2017, o senador Aécio Neves PSDB/MG, delatado pelos executivos da JBS, foi afastado do Senado pelo STF, voltando logo em seguida, por um recurso aceito pelo ministro Marco Aurélio (sempre ele) e o arquivamento pelo Conselho de Ética do Senado, do pedido de afastamento feito por quebra do decoro. Seguiu com sua carreira, como se nada tivesse acontecido, pediu voto em 2018 para deputado federal, foi eleito e segue a vida normalmente.

Tivemos outros casos, como a suposta agressão sofrida por Maria do Rosário (PT/RS); Gleisi Holffmann (PT/SC) com o caso dos empréstimos de funcionários públicos, pensionistas e aposentados; José Guimarães (PT/CE) no caso do dinheiro na cueca do assessor; e, o mais recente, Chico Rodrigues (DEM/RR), que foi pego pela polícia federal com dinheiro nas nádegas.

Nada disso faz com que eles tenham vergonha de seus atos frente ao povo, ou de seus pares, que ainda saem em defesa dos mesmos, num corporativismo sem fim.

É a certeza da impunidade, graças a uma combinação trágica: Constituição que lhes proporcionam foro privilegiado; um Supremo inoperante e uma imprensa, que “esquece” os fatos convenientemente, fazendo com que parte do povo nem se lembre do ocorrido.

Muito diferente do político americano Robert Budd Dwyer, que acusado de corrupção, e condenado por conspiração, fraude e perjúrio no final de 1986, convocou uma coletiva de imprensa, e na frente das câmeras cometeu suicídio.

O fato é que precisamos urgentemente rever nossos conceitos, e aprendermos a votar. 

Escolhendo entre os muitos candidatos conservadores, independente de partidos (ainda não temos partido dedicado a tais valores), pois serão estes conservadores que poderão mudar o atual quadro de impunidade e falta de vergonha que reina na atual política de nosso país.

 

Adilson Veiga, para Vida Destra, 27/10/2020
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