segunda-feira, 26 de julho de 2021

NOSSO FUTURO

                                                                               



Nosso futuro

Por Marcos Almeida
 
Neste tempo de fadiga informacional, polarização violenta e guerra cultural, enterrado sobre toneladas de entulhos narrativos, dorme o sentido; já esquecemos quem nós somos, qual a nossa identidade. Para redescobrir é preciso se ajoelhar, descer ao subsolo.
 
É como cavar um poço, até chegar em algum aquífero. É investigar a vida secreta das árvores, observar as conversas que acontecem entre as raízes, bem abaixo da superfície. Debaixo do chão.
 
O Brasil não começa em 2013, sabemos. Nossas angústias são centenárias, as esperanças também.
 
Um dos marcos espirituais, entre outros, entre as muitas tradições que compõe a nossa cultura, surge lá em Portugal. Se trata de uma festa onde comemora-se o futuro! A Festa do Divino, de agenda móvel, mais comumente celebrada no Pentecostes, perto ao solstício de inverno.
 
A Festa do Divino em Pirenópolis/GO talvez seja a mais famosa manifestação popular desta “heresia” portuguesa, já desde muito assimilada e atualizada com sotaque local. Três ritos marcavam a celebração.
 
1. Um menino era coroado imperador do mundo. “Uma criança guiará o mundo”.
 
2. Era oferecido um banquete gratuito. “Ninguém passará fome nessa terra”.
 
3. Dirigiam-se até a cadeia da cidade e libertavam os presos. “Todos serão livres entre nós”.
 
A Festa tem um símbolo: uma coroa e sobre ela a pomba. Este é o reinado do Divino Espírito Santo.
 
Esta Festa anual foi capaz de moldar a imaginação dos nossos ancestrais. A celebração do futuro, que começou como rito em 1321, se transformaria em aventura transoceânica em 1500.
 
O resultado desse esforço é uma história desigual e injusta, entre breves passagens admiráveis.
 
Podemos afirmar, entretanto, que não tem como ver finalmente chegar a época do Espírito Santo, se não formos cheios do Espírito Santo. Aqui entra uma contribuição pentecostal.
 
A experiência pentecostal do século XXI pode apontar uma boa resposta a este desígnio ancestral.
 
Brasil, quem é você? Somos um povo que ama como pode amar um brasileiro marcado pelo Divino Espírito Santo?
 
Um povo vocacionado para a invenção, por isso o gosto de vanguarda naquilo que fazemos? Uma criança guiará o mundo!
 
Brasil, quem é você? Somos o celeiro dos povos e, entre nós, ninguém experimenta insegurança alimentar, ninguém passa fome neste país? Existe uma mesa para todos, um lugar para cada um de nós?
 
Somos livres porque aprisionamos a desigualdade? Todos temos oportunidades para empreender o bem comum?
 
Para redescobrir quem nós somos precisamos descer ao subsolo. Lá está o sim e o norte.

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