ESTÓRIA 3: UM
PAÍS DIFERENTE
Livrópolis
era um lugar diferente. Silencioso, aparentemente tranquilo.
Seus
cidadãos diferiam do comum. Eram livros.
Cada
um ocupava seu posto, suas funções. Existiam grupos, sociedades, famílias. E lá
também, por ser tão parecida sua organização á nossa, existia livros famosos,
ignorados, decentes, indecentes, infantis, puros, superficiais e profundos.
Não
entendia como um país como aquele, vivia também se destruindo.
Quantidades
enormes de livros queimados, desde que não atendessem a seus interesses dos
Livros Chefes. Muita destruição. Livros importantes sendo devoradas pelos
cupins, traças e pela umidade. Não havia saída para eles.
Mas,
surge um livro, velho como o próprio tempo, porém forte e radioso. Não trazia
novidade, porém estava cheio de verdades. Verdades que nunca tinham sido
aceitas, sempre proteladas pelo nosso esquecimento e comodismo.
Ele
não gritava, não batia, sussurrava palavras de bom senso, cuidado e amor pelos
nossos companheiros.
Surpresos
ficaram ao verificar, que tudo que ele falava, sempre fizemos questão de
ignorar, e somente agora, depois de tanta destruição, parávamos para escutar a
voz da razão. Tínhamos se esquecido de serem cuidadosos responsáveis e
amorosos.
Depois
de nos orientar, retirou-se calmamente para uma prateleira bem alta, e nós, num
esforço comum, voltamos à luta, para evitar o nosso extermínio.
Redigido em 1982. Dionê.
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