8 mulheres negras
cientistas brasileiras que você precisa conhecer. Por Norma Odara
Publicado
por
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8 de
março de 2019
Publicado
no Brasil de Fato
POR NORMA
ODARA
No
Brasil, 54% da população se autodeclara preta ou parda, segundo a Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) realizada em 2015. No entanto, no
mesmo ano, somente 12,8% dos jovens negros de 18 a 24
anos (considerando homens e mulheres) chegaram ao nível superior, segundo
pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os
números mostram que o espaço acadêmico ainda é pouco ocupado por mulheres
negras e, as poucas que alcançam destaque, o conseguem com muito
esforço e resistência.
Diante
deste cenário adverso, o Brasil de Fato elaborou uma lista
reconhecendo o talento e o sucesso de cientistas negras brasileiras do ramo das
exatas, humanas e biológicas, que superaram o machismo acadêmico e o racismo.
Confira:
1. Enedina Alves 01
Enedina
Alves Marques foi a primeira mulher negra a se formar em engenharia no Brasil.
Nascida em 1913, de família pobre, ela cursou engenharia e se formou aos
30 anos no Instituto de Engenharia do Paraná (IEP). Em agosto de 1981, foi
vítima de um infarte.
O
cineasta Paulo Munhoz e o historiador Sandro Luis Fernando pesquisaram a vida
de Enedina e pretendem lançar um documentário sobre sua vida pessoal e
acadêmica.
Enedina Alves/ Arquivo
2. Viviane dos Santos Barbosa
A baiana
Viviane dos Santos Barbosa cursou bacharelado em engenharia química e
bioquímica pela Delft University of Technology, na Holanda, e se formou em
mestre em nanotecnologia na mesma instituição.
Ela
cursou química industrial por dois anos na Universidade Federal da Bahia,
mas, nos anos 90, decidiu ir para Holanda. Lá desenvolveu uma pesquisa com
catalisadores (que aceleram reações) através da mistura de Paladium e Platina.
O projeto
foi premiado em 2010, durante a conferência científica internacional, na cidade
de Helsinki, na Finlândia, onde competiu com outros 800 trabalhos.
3. Maria Beatriz do Nascimento
Nasceu em
Aracaju (SE) em 1942, e migrou com seus dez irmãos e seus pais para o Rio
de Janeiro, na década de 50. Cursou história na Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), aos 28 anos de idade. Fez pós-graduação na Universidade Federal
Fluminense (UFF), em 1981.
Beatriz
dedicou sua vida para que a temática étnico-racial ganhasse visibilidade no
Brasil. Foi responsável por formar um grupo de ativistas negras e negros
chamado Grupo de Trabalho André Rebouças (GTAR), na Universidade Federal
Fluminense, em meados dos anos 1983, almejando o envolvimento do corpo docente
nos estudos sobre África.
Seus
artigos foram publicados na Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e
Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de diversas
entrevistas e depoimentos à grande mídia.
4. Sonia Guimarães
Sonia
sonhava em ser engenheira, mas foi em sua última opção do vestibular, em 1970.
Na época, ela prestou física no Mapofei, um vestibular criado em 1969 para a
área de exatas nas universidades Instituto Mauá de Tecnologia, na
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade
de Engenharia Industrial (FEI), e se apaixonou.
Hoje,
Sonia é a primeira negra brasileira doutora em física pela University of
Manchester Institute of Science and Technology e compõe, há 24 anos, o corpo
docente do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Ela atua
na área de física aplicada, com ênfase em Propriedade Eletróticas de Ligas
Semicondutoras
5. Simone Maia Evaristo
A bióloga
e citotecnologista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Simone
Maia é presidente da Associação Nacional de Citotecnologia (Anacito). É a única
brasileira no quadro de membros ativo, como membro diretor da Academia
Internacional de Citologia (IAC).
Atualmente
é supervisora na área de ensino técnico do Instituto Nacional do Câncer (INCA)
e sua missão tem sido divulgar o papel do controle do câncer.
6. Luiza Bairros
Luiza
Bairros foi uma das vozes mais respeitadas no combate à discriminação
racial no Brasil e compôs o Movimento Negro Unificado (MNU). A ativista negra
foi ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR) durante o segundo governo Dilma Rousseff (PT), e faleceu em julho
do ano passado, enquanto ainda tramitava o processo de impeachment da
presidenta.
Luiza era
mestre em ciências sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora
em sociologia pela Michigan State University (EUA). Sua graduação foi em
Administração Pública e de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFGS) e especializou-se em Planejamento Regional pela Universidade Federal
do Ceará (UFC).
Valter Campanato/Agência Brasil
7. Anita Canavarro
É
professora de química na Universidade Federal de Goiás (UFG) e doutora em
Ciências pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ). Fundou, em 2009, o grupo
de Estudos sobre a Descolonização do Currículo de Ciências (CIATA) do Instituto
de Química da Universidade Federal de Goiás (CIATA-LPEQI/UFG) com a proposta de
“ descolonizar” o estudo de ciências.
Além
disso é presidenta da Associação Brasileira de Pesquisadores/as
Negros/as (ABPN), que busca promover a superação do racismo por meio da
educação, defendendo e zelando pela manutenção de pesquisas com financiamento
público.
Anitta Cavarro/Foto: Portal
Catarinas
8. Katemari Rosa
Desde
criança, a gaúcha Katemari Rosa foi apaixonada por física, observava as
estrelas e sonhava em alçá-las. Hoje, é formada em física pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre em filosofia e em
história das ciências pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em
Ciências pela Universidade de Columbia, em Nova York.
Ao longo
de sua trajetória, Katemari começou a reparar no racismo dentro de seu campo de
atuação e, em 2015, iniciou a pesquisa “Contando nossa história: negras e
negros nas ciências, tecnologias e engenharias no Brasil”, com o intuito de
criar um banco de histórias de negros e negras cientistas brasileiros.
Atualmente
é professora na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e se preocupa com
a formação de professores que inspirem jovens negros para área das ciências.
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