Qual o “problema” do carnaval?
E pensar que o carnaval significa “adeus à carne” e
tem uma ligação direta com o cristianismo...
Por Luiz Fernando dos Santos.
Por Luiz Fernando dos Santos.
“Por isso, o
Senhor me retribuiu segundo a minha justiça conforme a pureza das minhas mãos,
na sua presença” (Sl 18.24).
O Carnaval possui uma estreita ligação com o
cristianismo ocidental. No início era um festival que ocorria no tempo
conhecido como ‘Septuagésima’, uma espécie de pré-quaresma ou despedida
do tempo ordinário.
Carnaval significa etimologicamente, ‘adeus à
carne’, uma despedida dos excessos da comida, bebida, entretenimento e tudo o
mais que possa tirar a atenção daquelas coisas mais elevadas da religião. Era
um tempo de despedida para o início da quaresma com os seus jejuns,
abstinências, penitências e longas vigílias e mórbidas devoções ao Cristo
sofredor.
Nos países de tradição protestante esse festival
acontece na última semana antes do Advento, tempo que prepara as comemorações
do Natal do Senhor Jesus. Com o passar do tempo o carnaval foi perdendo a sua
conexão com o cristianismo e se tornou não a festa do ‘adeus à carne’, mas a
festa ‘Da Carne’ propriamente dita.
Nesses dias do reinado de Momo (uma personagem da
mitologia grega tomada emprestada para o Carnaval), o mundanismo mostra sem
desfaçatez a sua face mais escrachada. Todos os papéis são invertidos ou
ridicularizados. Os homens se vestem como mulheres e as mulheres se fantasiam
com bigodes e outros acessórios. Figuras de autoridade como autoridades
públicas, religiosos, religiões, são reduzidos a formas caricatas e
escarnecidos em prosa, verso e marchinhas.
O que dizer da sexualidade humana distorcida
e coisificada? O que falar do atrevimento pornográfico e a exibição a céu aberto
dos caprichos mais decaídos e das paixões mais rasteiras dos ímpios desfilando
sob os aplausos da multidão, igualmente ímpia? Sem falar do consumo desinibido
de drogas e bebidas alcóolicas.
Evidentemente que muita gente apenas quer brincar,
se divertir, ter uns dias de alegria inocente e saudável junto dos familiares e
amigos e contra isso, não há quem possa protestar. Mas, o estado geral das
coisas concorrem para que o cristão dê ouvidos aos santos apóstolos do
Cordeiro, especialmente aqui: “Amados, peço a vocês, como peregrinos e
forasteiros que são, que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra
contra a alma, tendo conduta exemplar no meio dos gentios, para que quando eles
os acusarem de malfeitores, observando as boas obras que vocês praticam,
glorifiquem a Deus no dia na visitação” (1Pe 2.11-12) e ainda: “Temo
que, assim como a serpente, com a sua astúcia, enganou Eva, assim também a
mente de vocês seja corrompida e se afaste da simplicidade de Cristo” (2Co
11.3).
Especialmente nesses dias precisamos fazer uma
aliança com os nossos sentidos e não nos permitir buscar e encontrar prazer
naquilo que o mundo festeja. Devemos nos recordar a que de fato fomos chamados:
“Pois Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação” (1Tes
4.7) e qual é a vontade do Senhor para as nossas vidas: “Pois a vontade de
Deus é a santificação de vocês: que se abstenham da imoralidade sexual; que
cada um de vocês saiba controlar o próprio corpo em santificação e honra, não
com desejos imorais, como os gentios que não conhecem a Deus” (1Tes
4.3-5).
Que a nossa alegria consista na santidade de Deus,
na perfeição de sua Lei, na Salvação realizada por Cristo, na comunhão dos
santos e na expectativa da vida gloriosa na eternidade.
• Rev. Luiz Fernando dos Santos é Ministro na Igreja Presbiteriana Central de Itapira, casado com
Regina, pai da Talita. É coordenador do Departamento de Teologia Pastoral do
Seminário Presbiteriano do Sul em Campinas e professor. É professor de Teologia
Histórica, Filosofia e Teologia no Seminário Teológico Servo de Cristo em São
Paulo.
É ministro da Igreja Presbiteriana Central de
Itapira (SP) e professor de Teologia Pastoral e Bioética no Seminário
Presbiteriano do Sul, de Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformad(FITREF)
e de História das Missões no Perspectivas Brasil.
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