Comportamento
Tatuagem de filho mostra que nenhum desafio levou o amor do pai
Foto tirada há 10 anos virou homenagem a pai, que reaprendeu caminhar com o filho em um momento difícil da vida
Uma fotografia tirada há mais de 10 anos revela que não existe barreira na cumplicidade entre pai e filho, mesmo quando as dificuldades batem à porta e um acidente trágico afasta os sonhos de um pai que, no nascimento, planejou correr e ensinar seu menino a brincar ao livre como a infância merece. Por isso, o filho Luis Eduardo Martini resolveu tatuar um momento especial vivido com o pai Adriano Garcia e provar que nada é capaz de vencer o amor.
A foto, para ele, é emblemática. O registro é de quando ele tinha 6 anos. “A fotografia foi tirada pela minha babá. Quando era menor, costumava ir para a fazenda e nesse dia estávamos a caminho do curral. A imagem marcou a família e é a nossa preferida”, diz o filho.
Na imagem, Adriano está numa cadeira de rodas, levando o filho para o curral da fazenda da família. A história por trás daquele registro é emocionante, envolve superação, paternidade e muito amor entre pai e filho.
“Quando minha esposa tinha recém ganhado o Luis, sofri um acidente de carro. Na época, fiquei tetraplégico e hoje paraplégico. Foi uma luta para recuperar a minha independência, voltar a trabalhar, mas minha família estava sempre me apoiando”, lembra Adriano.
Ele tem 50 anos, é pecuarista e médico veterinário. Quando Luis era um bebê, Adriano fez questão de estar perto para acompanhar o crescimento do filho e não perder nenhum detalhe do seu desenvolvimento. Ver aqueles olhinhos de menino, enchia o peito do pai de orgulho.
Com o passar dos anos, a cumplicidade entre Luis e Adriano se fortaleceu. O pai conseguiu superar barreiras para participar da vida do menino. “Ele não tem memória minha andando. Já me conheceu na cadeira de rodas, mas sempre soube conviver com isso. Tivemos diálogo aberto e um relacionamento transparente. Conhece minhas limitações”, diz.
O pai relata que o Luis é um menino tranquilo. “Não tivemos aquela relação de brincadeiras, de jogar bola, porém, recompensamos tudo com carinho e amor”, destaca o pai.
Para se aproximar mais do filho, Adriano resolveu apresentar a sua realidade a Luis. “Era importante ele conhecer o mundo que vivo, trabalho e de onde vem o sustento da família. Conheci isso desde pequeno e sabe da importância que isso tem nas nossas vidas, pois continuo trabalhando”.
Inserido na vida do campo, Luis acompanhava o pai em alguns trabalhos. No dia em que a fotografia foi tirada, ele estava caminhando numa estrada de terra vermelha. Ao seu lado, o pai com chapéu na cabeça guiando o filho até o curral, onde os dois costumavam passar a manhã e tarde. “Lá, trabalhávamos com o gado. Ele gostava de ficar olhando e a gente tomava cuidado com a segurança dele. Como pai, ainda mais cadeirante, ter um filho ao meu lado é uma satisfação enorme. Nossos laços são tão fortes, que levou ele a escolher essa imagem para representar nossa caminhada juntos”.
Há dois anos Luis já queria fazer uma tatuagem, porém, estava negociando com os pais. “Hoje entendo, pois tinha que ser algo que não me arrependesse depois. Essa foto está em tudo, no celular, computador e decidi registrar na pele. Estou até agora admirando e namorando o resultado”, afirma o filho.
A tatuagem realista está na panturrilha esquerda de Luis. O trabalho foi feito neste mês no estúdio Dharma Tattoo de Campo Grande, onde conseguiu eternizar em detalhes a emoção daquele momento. “Meu pai é meu pedestal, sem ele muita coisa mudaria. É uma das pessoas que mais me importo na vida, tenho orgulho por enfrentar todas as dificuldades, é meu herói”, destaca.
No dia que Luis fez a tatuagem, Adriano estava para fazenda e recebeu uma foto do filho. “Foi um misto de emoções. É uma homenagem para o resto da vida, é gratificando como pai e amigo. É uma foto emblemática e prova que não há deficiência física, que interrompa a nossa estrada”, declara Adriano.
A homenagem também comoveu a mãe, Angeliana Martini Garcia. Ela é economista, tem 44 anos e fala da emoção ao ver a família unida. “Mostra o companheirismo. A família é tudo e a gente faz o que o coração manda, o amor é muito forte”, conclui.
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