O sonho impossível de Wilson Witzel e o “fetiche” exposto nos grupos de WhatsApp
30/08/2020Na série televisiva "Suits", produzida pela emissora USA Networks, o personagem Louis Litt, interpretado por Rick Hoffman, é um advogado expert em finanças, sócio de um dos maiores escritórios de advocacia de Manhattan, mas absolutamente caricato e socialmente desajustado.
Um de seus hobbies é fazer montagens, com seu rosto, em figuras históricas, como cavaleiros medievais, astronautas ou imperadores.
Desta forma, sente-se heroico, importante, imponente.
É esta, inclusive uma das maneiras que a sua namorada, Sheila Sazs, interpretada por Rachael Harris, utiliza para excitá-lo.
A comédia está justamente no absurdo. É impossível, acreditarmos, que um homem adulto, bem-sucedido e inteligente faça algo tão ridículo.
Pois bem. Apresento-lhes a montagem que um homem de 53 anos, 2º Tenente da Marinha, advogado, mestre em processo civil, doutor em ciências políticas, ex-juiz federal e governador do estado do Rio de Janeiro, estava enviando para seus amigos e apoiadores.
O sonho impossível de Wilson Witzel não é ser astronauta, templário ou caçador de dragões. Ele quer ser presidente. Mas ao contrário de Louis Litt, o advogado caricato da ficção, essa caricatura real de governador não expõe seu fetiche apenas para a namorada. Espalhou sua imagem, com a faixa presidencial que NUNCA TERÁ, nos grupos de Whatsapp e acabou saindo no jornal.
Uma bizarrice inimaginável até por uma comédia pastelão.
“Meu caro amigo (...), a vida é infinitamente mais estranha que qualquer coisa que a mente do homem possa inventar. Não nos atreveríamos a conceber coisas que são, afinal, lugares-comuns da existência. Se pudéssemos sair a voar de mão dada por aquela janela, pairar sobre esta cidade, tirar cuidadosamente os telhados e espreitar as coisas esquisitas que estão a passar-se , as estranhas coincidências, as maquinações, os objectivos cruzados, as maravilhosas cadeias de acontecimentos que vão funcionando durante gerações e levam aos resultados mais outrés, a ficção tornar-se-ia, com os seus convencionalismos e conclusões previstas, muito cediça e sem interesse.” (DOYLE, Arthur Conan - Sherlock Holmes: Um caso de Identidade)
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