domingo, 25 de abril de 2021

DEFESA DA FÉ

Defesa da Fé

Edição 23

Cultos afro...


A Herança Espiritual da África no Brasil


Por Márcio Souza

Há 500 anos, antes de recebermos as primeiras influências da colonização portuguesa, o Brasil era uma nação tradicionalmente animista devido à presença exclusiva dos povos indígenas. Com a colonização portuguesa a partir de 1500, o catolicismo ganha força, e com a catequese dos índios o quadro social religioso brasileiro começa a ser alterado.

Logo em seguida outra cultura e crença também passa a ser semeada. Era a cultura africana trazida pelos escravos africanos que lançava suas raízes em solo tupiniquim. O resultado de toda essa mistura de fé, tradição, ritos e deuses, é a nossa realidade sincrética e uma diversidade de crenças como não existe em nenhum país do mundo, e tudo isso pode ser visto nas festas folclóricas regionais como bumba meu boi, marabaxo, Festival de Parintins etc., nas músicas, nas roupas, nos pratos típicos tais como o acarajé (bolo na base de feijão fradinho), acaçá (bolo de flor de milho), amalá (acepipe à base da rabada), em datas festivas, por exemplo: 13 de janeiro (lavagem da Igreja do Bonfim em Salvador BA), 2 de fevereiro (festa para Iemanjá), pontos turísticos e no famoso carnaval, anualmente.

Com isso, encontramos a influência do animismo, fetichismo e superstições no nosso dia-a-dia. Dessas influências queremos apenas destacar nessa edição as crenças e práticas provenientes da cultura africana, que tomaram forma no Brasil, durante esses cinco séculos de história. O sincretismo foi a estratégia de sobrevivência das crenças africanas. Contudo, é necessário lembrar que os africanos trazidos ao Brasil não eram homogêneos em sua origem, pertenciam a diferentes tribos. Vieram de três regiões: da Guiné Portuguesa, do Golfo da Guiné, Costa da Mina, e de Angola, alcançando Moçambique.

O que precisamos agora é olhar além do véu cultural, dos contrastes, das diferenças culturais, que têm unido e embelezado o povo brasileiro. Não queremos questionar aqui a cultura e os costumes de nenhum povo. Aliás, o Evangelho não questiona a cultura de ninguém, o apóstolo Pedro disse: Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo e lhe é aceitável (At 10.34-5).

Mas, temos que ver também a realidade de um sistema religioso com suas implicações doutrinárias, do ponto de vista bíblico, pois isso tem relação com a salvação e a eternidade, e deve nos preocupar e incentivar ao evangelismo de todos esses seguimentos culturais brasileiros.


Sincretismo - Fator de sobrevivência religiosa


O sincretismo se caracteriza fundamentalmente por uma mistura de elementos culturais. Uma verdadeira simbiose, que resulta em uma fisionomia cultural nova, na qual se associam e se combinam as marcas das culturas originárias. O sociólogo Gilberto Freyre, comentando o sincretismo cultural, escreveu: Na ternura, na mímica excessiva, no Catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos todos a marca inconfundível da influência africana. Essas palavras expressam alguma verdade, contudo, temos ainda a influência religiosa, que deve ser analisada.

Quanto à influência espiritual do espiritismo, a Bíblia é enfática, temos o exemplo da igreja em Corinto. A conduta comum em Corinto, eviden ciada pelos próprios costumes pagãos, estava encontrando apoio na comunidade cristã daquela cidade. O misticismo estava galgando espaço dentro da congregação cristã, isso alarmou Paulo, que escreveu: Antes, digo que as coisas que eles sacrificam, é a demônios que as sacrificam e não a Deus; e eu não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (1 Co 10.20-21).


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