domingo, 1 de junho de 2025

REFLEXÃO...01

 




Fwd: Dionê Machado viu essa? Acredite se puder: Putin quer ressuscitar a União Soviética

De: Paulo Henrique Araújo | PHVox <paulo@phvox.com.br>

Date: ter. 27 de mai. de 2025 às 00:23.

A manobra final de Putin: restaurar a União Soviética pela “via jurídica”

 

Enquanto os olhos do mundo se voltam para os drones, tanques e reuniões diplomáticas, Vladimir Putin pode estar preparando sua jogada mais ousada: declarar, pela “via jurídica”, que a União Soviética nunca deixou de existir.

 

A frase, pronunciada por um de seus principais assessores, Anton Kobyakov, durante o XIII Fórum Jurídico Internacional em São Petersburgo, foi direta: “Se a União Soviética não foi legalmente dissolvida, a crise ucraniana pode ser considerada uma questão interna.”

 

A proposta é simples — e assustadora: reclassificar a guerra da Ucrânia como uma operação doméstica, e não como um conflito entre nações. Reescrever os mapas. Redefinir fronteiras. E talvez, abrir caminho para novas invasões.

 

A tese: “A URSS nunca acabou”

 

Segundo Kobyakov, a dissolução de 1991 foi juridicamente inválida. O argumento? O Congresso dos Deputados do Povo, órgão máximo soviético, não teria sido consultado conforme exigido pela Constituição de 1922. A assinatura dos Acordos de Belavezha, entre Rússia, Ucrânia e Bielorrússia, teria ultrapassado sua autoridade.

 

 Nas palavras dele: “A União Soviética continua a existir em sentido jurídico. Especialistas ocidentais reconhecem isso. A dissolução foi conduzida de forma irregular.”

 

Com base nessa tese, tudo o que foi construído a partir de 1991 — soberania de repúblicas como Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Lituânia, Estônia e Letônia — estaria em aberto.

 

De Lenin a Stalin, passando por Putin

 

Para alguns, pode parecer apenas retórica. Mas a retórica tem peso quando vem acompanhada de tanques, deportações forçadas e símbolos cuidadosamente reabilitados.

 

Desde o início da guerra, a Rússia vem se utilizando de elementos soviéticos:

 

Tanques com bandeiras da União Soviética, estátuas de Lênin reinstaladas, centros culturais dedicados ao ditador comunista Stálin, e milhares de crianças sequestradas das regiões ocupadas para serem russificadas em território russo.

 

Esse movimento simbólico é sustentado por uma visão de mundo expressa pelo próprio Putin em 2005, durante seu discurso à Assembleia Federal da Rússia (mensagem anual à nação), em que declarou:

 

“O colapso da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século XX.”

 

Não foi uma metáfora, mas uma lamentação do que trabalharia para corrigir, segundo sua ótica.

 

O mapa da ameaça: Geórgia, Moldávia e os países bálticos

 

Não se trata de uma ameaça hipotética. Putin já mantém presença militar em territórios estratégicos do antigo espaço soviético. Essa presença, muitas vezes silenciosa, foi se estabelecendo ao longo das últimas duas décadas — sempre em nome da “proteção de russos étnicos” ou da “estabilidade regional”.

•Geórgia: invadida em 2008, teve parte de seu território dividido pelas autoproclamadas repúblicas da Abecásia e Ossétia do Sul, hoje protegidas por tropas russas.

 

•Moldávia: no território da Transnístria, Moscou mantém um contingente armado e o maior depósito de munição da era soviética ainda em operação.

 

•Ucrânia: a lista é conhecida — Crimeia anexada, Donetsk e Lugansk sob controle russo, além da ocupação parcial de Zaporíjia e Kherson.

 

•Lituânia: país que liderou a dissidência do bloco soviético, restaurou sua independência ainda em 1990 e integrou-se à OTAN em 2004.

 

No entanto, em 2022, um membro da Duma Russa declarou:

 

“Os lituanos só estão fora da Rússia porque nós permitimos. Podemos revogar essa lei.”

 

A Lituânia representa, para Moscou, um caso simbólico de “separação injusta” — por ter sido a primeira a romper com Moscou e por estar hoje sob proteção direta da OTAN.

 

OTAN em xeque, ONU em colapso

 

A tentativa de ressuscitar juridicamente a URSS coloca a OTAN diante de um impasse: se Putin afirma que países como Estônia, Letônia e Lituânia ainda pertencem ao território soviético, qualquer defesa da Aliança Atlântica poderá ser enquadrada por Moscou como interferência “interna”.

 

Com isso, o Artigo 5º da OTAN (de defesa mútua) fica ameaçado por brechas discursivas.

 

Na ONU, o cenário é ainda mais grave. A Rússia tem poder de veto no Conselho de Segurança. Se ela declarar que parte do Leste Europeu pertence à URSS, quem poderá contestar legalmente — sem que Moscou bloqueie a discussão?

 

Estamos diante do esvaziamento do direito internacional — e da corrosão simbólica da ordem mundial.

 

 

O império contra-atacaPotencialmente estamos diante da maior cambalhota geopolítica do século XXI.

 

Putin não lança essa tese diretamente. Ele envia um assessor com aparência técnica, tom frio e retórica legalista. A proposta é testada. Se houver resistência, recua. Se houver silêncio, avança.

 

É o mesmo método usado por Xi Jinping em relação a Taiwan: negar sua existência como Estado e classificá-lo como território sublevado. A diferença é que Putin aplica isso sobre quinze repúblicas independentes, reconhecidas pela ONU, com representação diplomática, tratados e governos soberanos.

 

É a restauração do império pela via jurídica. A violência vem depois.

Conclusão

Ao alegar que a União Soviética ainda existe, Putin reativa um projeto histórico, ideológico e militar que nunca morreu — apenas se adaptou.

Enquanto o Ocidente discute “narrativas”, ele desenha novas fronteiras.

 

Enquanto democracias buscam consenso, ele cria fato consumado.

 

E enquanto juristas se perguntam sobre legitimidade, os agentes da “extinta” KGB reescrevem a história.

Encerro com uma frase que resume o movimento de Moscou:

 

“A história segundo Putin não é sobre o que foi. É sobre o que se impõe como se sempre tivesse sido.”

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