“Ensina-nos a contar
os nossos dias”
Quando sabemos dividir as tarefas com os outros, fazemos
discípulos e multiplicamos os dons e talentos confiados por Deus a nós
Por Shih Li Li Yoshimoto
Confesso que sempre que eu lia esse versículo da Bíblia tinha
dúvidas sobre o que significava a expressão “contar os nossos dias”.
A primeira ideia vem quando a vemos nesse contexto da oração
de Moisés, na qual ele nos traz a consciência da brevidade, da fragilidade da
nossa vida, e que nossos dias “voam” e, em poucas décadas, nossa vida
desaparecerá (v. 10). Somos como a relva, que nasce pela manhã, floresce, mas,
à tarde, murcha e seca. Na Nova Versão Transformadora (NVT), esse versículo foi
traduzido assim: “Ajuda-nos a entender como a vida é breve, para que vivamos
com sabedoria”.
Diante dessa constatação, o piedoso Moisés faz quatro
pedidos:
“Satisfaze-nos a cada dia com o teu amor, para que cantemos
de alegria até o final da vida” (v. 14).
“Dá-nos alegria em meio ao inevitável sofrimento” (v. 15).
“Que nós e nossos filhos possamos ver a glória e os feitos
do Senhor” (v. 16)
“Que a bondade do Senhor seja sobre nós e faze prosperar
nossos esforços” (v. 17).
Tais coisas são essenciais para uma vida abundante e
significativa: satisfação, cantoria, alegria para aguentar o sofrimento,
contemplação e vislumbre da glória de Deus, e ver que os nossos esforços não
foram em vão, que frutificaram, perpetuaram e prosperaram.
Outro pensamento me ajudou a entender melhor como “contar os
nossos dias” (inspirei-me nas quatro operações básicas de matemática):
Ordenar: definir o que vem primeiro, o que é mais importante
– o que me fez lembrar do que Jesus disse sobre “buscar em primeiro lugar o
Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas” (Mt
6.33).
Somar: Uma busca por acrescentar virtudes e aprofundar no
conhecimento de Deus, bem mais do que as riquezas e conhecimentos do mundo (2Pe
1.5-9).
Subtrair: Tirar os excessos, os vícios, as distrações e tudo
aquilo que nos impede de enxergar Deus e experiementar mais dele, e nos
envolver nos negócios de seu reino (Ef 4.22 e Hb 12.1).
Dividir e multiplicar: Para mim, essas duas operações se
complementam, pois saber dividir as tarefas, no sentido de não fazer tudo
sozinho, saber encarregar e treinar outros faz com que, de um lado, não nos
sobrecarreguemos; e, de outro, façamos discípulos e multipliquemos os dons e
talentos confiados por Deus a nós (Mt 28.19).
Precisamos aprender a carregar e a dividir os fardos também
(Gl 6.2) Muitas vezes nos tornamos resmungões e ranzinzas porque esquecemos de
levar nossos sofrimento e sentimentos ruins a Jesus, e de ouvi-lo a nos
admoestar, como ele fez com a querida Marta: “Andas inquieta e te preocupas com
muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria,
pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10.40-42).
Continuo nessa busca por alcançar um coração sábio, um
coração como o de Maria num mundo de Marta; com os olhos fitos no que é eterno,
com alegria e satisfação no coração, transmitindo uma fé profícua que sustenta
nos dias difíceis, e claro, recheado de canções, e aguardando com grande
expectativa o encontro com o meu amado Salvador.
Shih Li Li Yoshimoto, 55 anos, psicóloga, é mestre em
divindades e em aconselhamento bíblico. Fundadora do ministério de formação e
capacitação de conselheiros bíblicos Mais Barnabés (@maisbarnabes). Casada com
o pastor Daniel Yoshimoto e mãe de Jonathan, Ester e Sayuri.
Artigo publicado originalmente na edição 413 de Ultimato.
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