O cristianismo está com os dias contados?
Deus ainda não está morto e a fé cristã continua se
expandindo pelo mundo
Por Erní Walter Seibert
Ao longo da história, podemos ver muitos momentos em que se
pensava que a fé cristã estaria com os dias contados. Quando Judas Iscariotes,
em troca de trinta moedas de prata, decidiu entregar Jesus para ser preso e
morto pelo governo romano, ele certamente não pensou que seguir a Jesus teria
muito futuro. Judas pensou que, tendo algum dinheiro, pelo menos garantiria o
seu futuro. As autoridades envolvidas no caso certamente pensaram que
eliminando o líder daquele movimento, ele não prosperaria. Essa pode ser vista
como a primeira tentativa de terminar com o cristianismo em seus primeiros dias
de existência.
Depois disso, perseguições a cristãos e ataques de toda
ordem foram, de tempos em tempos, aparecendo. O embate nem sempre era físico.
Também no mundo das ideias se procurou mostrar que o cristianismo seria algo
atrasado, que desapareceria por não fazer mais sentido.
Filósofos que viram o fim da religião e de Deus
Augusto Comte, um filósofo da primeira metade do século 19,
em seu Curso de Filosofia Positiva, expõe um pensamento que tem influência até
os dias atuais. Comte cria a “Lei dos três estados”. A humanidade, segundo Comte,
passa por três estados: o teológico ou religioso, o metafísico e o positivo ou
científico. O primeiro estado, o teológico, seria subdividido em três etapas: o
fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. Nessa terceira etapa estaria o
cristianismo, que faz uma transição para o estado metafísico – eminentemente
filosófico – o qual, por sua vez, conduziria ao estado científico. Nesse último
estado, o científico, o ser humano e a humanidade alcançariam o verdadeiro
progresso e o estado ideal. O pensamento de Comte influenciou os republicanos
brasileiros a incluírem na bandeira nacional o lema “Ordem e Progresso”. O
progresso se dá quando se vencem os estados anteriores ao estado científico.
Ciência e progresso seriam basicamente sinônimos. O cristianismo é um estado
que seria naturalmente ultrapassado com o avanço da história. Muitos hoje creem
que a ciência substituiu a crença religiosa e que ter crenças religiosas é algo
a ser abandonado.
No século 19, vários pensadores começaram a expressar a
ideia da morte de Deus. Destaca-se entre eles, Nietsche. Ele, em sua obra Assim
falou Zaratustra, claramente expressa a ideia de que “Deus está morto”.
Na edição de 22 de outubro de 1965, a revista Time publica
um artigo intitulado "Teologia: Movimento de Deus está morto". O
artigo fala de um movimento entre teólogos americanos que abraçavam abertamente
a noção da morte de Deus. Esse movimento não era só americano. Ele também
estava na Europa e em outras partes do mundo. Essa afirmação, da morte de Deus,
não é reconhecida pela maior parte da humanidade. Crer em Deus faz parte da
convicção de fé de bilhões de pessoas e, particularmente, dos cristãos até os
dias de hoje. Sessenta anos depois da publicação do artigo da revista Time,
Deus ainda não está morto e a fé cristã continua se expandindo pelo mundo.
A fé em Deus continua se expandindo
Se por um lado a fé cristã continua se expandindo pelo
mundo, por outro lado verifica-se que em várias partes desse mesmo mundo, e em
vários setores da sociedade, a fé cristã parece estar bastante ausente. Se na
segunda metade do século passado se falava em secularização crescente, neste
primeiro quarto do século 21 se vê que o secularismo está mais forte em alguns
setores da sociedade, embora a fé cristã também esteja firme e se difundindo em
tantas outras realidades.
O movimento missionário das igrejas, por exemplo, conta com
muitos adeptos que se espalham por praticamente todos os países da face da
terra. As missões do século 21 mudaram algumas de suas características em
relação às missões dos séculos anteriores, mas continuam firmes e fortes, tanto
difundindo a fé cristã, como plantando igrejas nas mais diferentes realidades.
Fala-se em povos não alcançados e em novas frentes missionárias. Sem diminuir
em nada essa necessidade de alcançar os povos não alcançados, há uma situação
entre os povos e lugares já alcançados pelo cristianismo que clama por uma
atenção especial.
Faz parte da fé cristã afirmar que nenhuma pessoa nasce
cristã. Todos precisam passar pela experiência da conversão. Isso significa
que, se os cristãos não transmitirem sua fé à geração seguinte, ela, por si só,
nunca conhecerá os ensinamentos bíblicos. É preciso ensinar a Palavra de Deus
aos que nunca ouviram e entre eles está a próxima geração. A próxima geração
nasce também de pais cristãos.
A palavra de Deus cresce
As estatísticas de distribuição de Bíblias mostram que nos
lugares onde menos se distribui a Bíblia Sagrada, a fé cristã está mais
ausente. Se a Bíblia não é colocada nas mãos dessas pessoas e se ela não for
ensinada, a fé cristã começará a definhar. O crescimento da fé cristã está
ligado intimamente à distribuição e ensino da Palavra de Deus. E isso não é uma
constatação de nossos dias. O ensinamento bíblico lembra que devemos ensinar
todos a guardar todas as coisas que Jesus nos ordenou (Mt 28.20).
No livro de Atos dos Apóstolos, Lucas fala do
desenvolvimento do cristianismo nas primeiras décadas depois da ascensão de
Jesus Cristo. A expressão que Lucas usa para descrever esse desenvolvimento não
é “a Igreja crescia”. Lucas diz que a Palavra de Deus crescia. Isso é repetido
em três versículos. Atos 6.7: “A palavra de Deus crescia e, em Jerusalém, o
número dos discípulos aumentava.” Atos 12.24: “Entretanto, a palavra de Deus
crescia e se multiplicava.” Atos 19.20: “Assim, a palavra do Senhor crescia e
prevalecia poderosamente.”
Quando nós cristãos vemos as perseguições, as dificuldades,
as lutas que temos pela frente, cabe-nos nos dedicarmos ainda mais à obra de
ensinar a Palavra de Deus à próxima geração. Alcançar os não alcançados, todos
os não alcançados, com a Palavra de Deus, é o que queremos fazer. Que seja
nossa oração a que a Igreja primitiva fez quando ouviu os relatos da
perseguição dos apóstolos Pedro e João. Ouvindo este relato, unânimes,
levantaram a voz a Deus e disseram: “Agora, Senhor, olha para as ameaças deles
e concede aos teus servos que anunciem a tua palavra com toda a ousadia,
enquanto estendes a tua mão para fazer curas, sinais e prodígios por meio do
nome do teu santo Servo Jesus” (At 4.23-31).
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