quinta-feira, 23 de outubro de 2025

REFLEXÃO...01

 

O cristianismo está com os dias contados?

 

Deus ainda não está morto e a fé cristã continua se expandindo pelo mundo

 

Por Erní Walter Seibert

 

Ao longo da história, podemos ver muitos momentos em que se pensava que a fé cristã estaria com os dias contados. Quando Judas Iscariotes, em troca de trinta moedas de prata, decidiu entregar Jesus para ser preso e morto pelo governo romano, ele certamente não pensou que seguir a Jesus teria muito futuro. Judas pensou que, tendo algum dinheiro, pelo menos garantiria o seu futuro. As autoridades envolvidas no caso certamente pensaram que eliminando o líder daquele movimento, ele não prosperaria. Essa pode ser vista como a primeira tentativa de terminar com o cristianismo em seus primeiros dias de existência.

 

Depois disso, perseguições a cristãos e ataques de toda ordem foram, de tempos em tempos, aparecendo. O embate nem sempre era físico. Também no mundo das ideias se procurou mostrar que o cristianismo seria algo atrasado, que desapareceria por não fazer mais sentido.

 

Filósofos que viram o fim da religião e de Deus

Augusto Comte, um filósofo da primeira metade do século 19, em seu Curso de Filosofia Positiva, expõe um pensamento que tem influência até os dias atuais. Comte cria a “Lei dos três estados”. A humanidade, segundo Comte, passa por três estados: o teológico ou religioso, o metafísico e o positivo ou científico. O primeiro estado, o teológico, seria subdividido em três etapas: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. Nessa terceira etapa estaria o cristianismo, que faz uma transição para o estado metafísico – eminentemente filosófico – o qual, por sua vez, conduziria ao estado científico. Nesse último estado, o científico, o ser humano e a humanidade alcançariam o verdadeiro progresso e o estado ideal. O pensamento de Comte influenciou os republicanos brasileiros a incluírem na bandeira nacional o lema “Ordem e Progresso”. O progresso se dá quando se vencem os estados anteriores ao estado científico. Ciência e progresso seriam basicamente sinônimos. O cristianismo é um estado que seria naturalmente ultrapassado com o avanço da história. Muitos hoje creem que a ciência substituiu a crença religiosa e que ter crenças religiosas é algo a ser abandonado.

 

No século 19, vários pensadores começaram a expressar a ideia da morte de Deus. Destaca-se entre eles, Nietsche. Ele, em sua obra Assim falou Zaratustra, claramente expressa a ideia de que “Deus está morto”.

 

Na edição de 22 de outubro de 1965, a revista Time publica um artigo intitulado "Teologia: Movimento de Deus está morto". O artigo fala de um movimento entre teólogos americanos que abraçavam abertamente a noção da morte de Deus. Esse movimento não era só americano. Ele também estava na Europa e em outras partes do mundo. Essa afirmação, da morte de Deus, não é reconhecida pela maior parte da humanidade. Crer em Deus faz parte da convicção de fé de bilhões de pessoas e, particularmente, dos cristãos até os dias de hoje. Sessenta anos depois da publicação do artigo da revista Time, Deus ainda não está morto e a fé cristã continua se expandindo pelo mundo.

 

A fé em Deus continua se expandindo

Se por um lado a fé cristã continua se expandindo pelo mundo, por outro lado verifica-se que em várias partes desse mesmo mundo, e em vários setores da sociedade, a fé cristã parece estar bastante ausente. Se na segunda metade do século passado se falava em secularização crescente, neste primeiro quarto do século 21 se vê que o secularismo está mais forte em alguns setores da sociedade, embora a fé cristã também esteja firme e se difundindo em tantas outras realidades.

 

 

 

O movimento missionário das igrejas, por exemplo, conta com muitos adeptos que se espalham por praticamente todos os países da face da terra. As missões do século 21 mudaram algumas de suas características em relação às missões dos séculos anteriores, mas continuam firmes e fortes, tanto difundindo a fé cristã, como plantando igrejas nas mais diferentes realidades. Fala-se em povos não alcançados e em novas frentes missionárias. Sem diminuir em nada essa necessidade de alcançar os povos não alcançados, há uma situação entre os povos e lugares já alcançados pelo cristianismo que clama por uma atenção especial.

 

Faz parte da fé cristã afirmar que nenhuma pessoa nasce cristã. Todos precisam passar pela experiência da conversão. Isso significa que, se os cristãos não transmitirem sua fé à geração seguinte, ela, por si só, nunca conhecerá os ensinamentos bíblicos. É preciso ensinar a Palavra de Deus aos que nunca ouviram e entre eles está a próxima geração. A próxima geração nasce também de pais cristãos.

 

A palavra de Deus cresce

As estatísticas de distribuição de Bíblias mostram que nos lugares onde menos se distribui a Bíblia Sagrada, a fé cristã está mais ausente. Se a Bíblia não é colocada nas mãos dessas pessoas e se ela não for ensinada, a fé cristã começará a definhar. O crescimento da fé cristã está ligado intimamente à distribuição e ensino da Palavra de Deus. E isso não é uma constatação de nossos dias. O ensinamento bíblico lembra que devemos ensinar todos a guardar todas as coisas que Jesus nos ordenou (Mt 28.20).

 

No livro de Atos dos Apóstolos, Lucas fala do desenvolvimento do cristianismo nas primeiras décadas depois da ascensão de Jesus Cristo. A expressão que Lucas usa para descrever esse desenvolvimento não é “a Igreja crescia”. Lucas diz que a Palavra de Deus crescia. Isso é repetido em três versículos. Atos 6.7: “A palavra de Deus crescia e, em Jerusalém, o número dos discípulos aumentava.” Atos 12.24: “Entretanto, a palavra de Deus crescia e se multiplicava.” Atos 19.20: “Assim, a palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente.”

 

Quando nós cristãos vemos as perseguições, as dificuldades, as lutas que temos pela frente, cabe-nos nos dedicarmos ainda mais à obra de ensinar a Palavra de Deus à próxima geração. Alcançar os não alcançados, todos os não alcançados, com a Palavra de Deus, é o que queremos fazer. Que seja nossa oração a que a Igreja primitiva fez quando ouviu os relatos da perseguição dos apóstolos Pedro e João. Ouvindo este relato, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: “Agora, Senhor, olha para as ameaças deles e concede aos teus servos que anunciem a tua palavra com toda a ousadia, enquanto estendes a tua mão para fazer curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo Servo Jesus” (At 4.23-31).

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