quarta-feira, 2 de outubro de 2019

A BAHIA E SUA CULINÁRIA AFRO!!!


Fé e festas de largo do São Salvador


http://www.viamagia.org/images/quadrado_preto2.gifCaruru
Momento de reunir para preparar, para produzir nas panelas e nos fogões, e momento para partilhar, ampliar contatos com o mundo, com o que é sagrado, oferecendo muito quiabo. Quiabo gostoso e temperado por mãos e corações que têm axé, que tem um amor plural, posto que originário da santa-orixá que domina principalmente as mulheres.

O caruru é um prato em si, mas também assume, cada vez mais, o significado de cardápio. Agrega ao prato principal – feito com quiabos em rodelinhas, camarão seco, amendoim, castanha-de-caju, dendê e temperos – o xinxim de galinha, o vatapá, o abará, o acarajé, o arroz branco, além do acaçá branco e outros complementos.

Para Cosme, no tão tradicional caruru de Cosme, acrescenta-se ainda farofa de dendê, pipoca, feijão de azeite, feijão preto, ebô, cana-de-açúcar, ovos cozidos, queimados (balas).

A fama dos carurus está no número de quiabos utilizados. Então é comum ouvir-se: “o caruru que eu ofereci foi de 10 mil quiabos”, dando assim a dimensão da grandeza do evento e da tradição do fazer caruru para grandes grupos. É comida que rende que une as pessoas, que celebra pelo gosto gostoso dos ingredientes esse sabor de Bahia africana, por isso Bahia mais brasileira, no mergulho gastronômico dos paladares caprichados e sofisticados das mulheres que cozinham. Pois os elos entre as cozinhas dos terreiros de candomblé, territórios do mundo feminino, se mantêm nas outras cozinhas, nas casas, na rua, fazendo caruru, tratando cerimonialmente cada quiabo.

Cid Teixeira, notável historiador das coisas da Bahia, trouxe algumas informações que ajudam a entender as festas de hoje, as devoções, as comidas, essa magnífica interação entre a vida e o sagrado.

Aponta o autor a variedade de carurus que se comia na Bahia no início do século 20. Caruru de diferentes ingredientes, inclusive o 'caruru de quiabo'. Caruru é comida feita de folha, de qui ioiô, de bertalha, de bredo de Santo Antônio, de azedinha de vinagreira. Aqui me lembro da receita tradicional da cozinha afro-maranhense, o cuxá, um tipo de caruru feito de folha, de vinagreira, recebendo ingredientes como o camarão seco, a pimenta e um novo acréscimo, que é a farinha-d'água, tipo de farinha de mandioca; misturando-se tudo no pilão, resulta em alimento pastoso e saboroso que é acompanhado de arroz branco e peixe frito.

De certa forma, trata-se de prato muito próximo do efó, também à base de folha e temperos em que se destaca o azeite-de-dendê. É sempre acompanhado de arroz branco, geralmente insosso, para pontuar o temperado e o colorido do dendê.

No imaginário afro-baiano, entretanto, o caruru ficou sacralizado pelo uso de quiabos, inclusive alguns inteiros; segundo o costume, quem destes últimos se servir deverá interpretá-lo como um anúncio de que o santo homenageado está pedindo para o próximo ano um novo caruru.

Oferecer caruru é uma obrigação religiosa, um pagamento de promessa, mas, quase o mesmo que festa, caruru é um bom motivo para reunir amigos, devotos e familiares, e, juntos, celebrar datas pessoais ou coletivas e partilhadas, como aquelas que evocam os santos populares, entre elas 4 de dezembro, dia da 'Moça', da 'Santa', da Bárbara, de Iansã.

Consulta Google. Todas as receitas.



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NOTAS

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