Foi com muita preocupação e
perplexidade que nos deparamos, em 13.10.2020, com a notícia do aumento
da ocupação de UTIs pediátricas em Salvador especificamente atreladas ao
COVID.
A forma com que os números estão sendo divulgados pelos
gestores, para disseminar o pânico e justificar medidas controversas já
caídas por terra mundo afora é de uma imprudência desmedida.
Com a
abertura gradual do comércio e das atividades de lazer e com o início
da primavera, já era esperado um aumento de crianças sintomáticas
respiratórias por doenças alérgicas e infecções virais, não apenas
COVID.
Inclusive, em artigo publicado por Dong et al (Doi:
10.1016/S1473-3099(20)30120-1), foi observado que a gravidade daqueles
casos com *suspeita* de COVID é menor do que naqueles com COVID
confirmados, inferindo que os casos mais graves estão relacionadas a
morbidades NÃO-COVID.
Informações extra-oficias de intensivistas
pediátricos, pneumologistas pediátricos e pediatras, que trabalham em
diversos serviços públicos e privados na cidade, inferem que os números
anunciados hoje não parecem refletir, de fato, a realidade COVID dos
serviços pediátricos da cidade, especialmente no tocante a
responsabilizar a COVID por este aumento.
É importante que se
saiba que, desde muito antes, o governo sabe dessa baixa incidência de
casos graves em crianças, tanto que disponibilizou apenas 5% dos leitos
de tratamento de COVID para crianças na cidade.
❌ *13.10.2020* TOTAL DE LEITOS DISPONIBILIZADOS (UTI + ENFERMARIA) EM SALVADOR
ADULTO + CRIANÇA
1096
DESTINADOS PARA CRIANÇAS
54 (4,92%)
DESTINADOS A ADULTOS
1042 (95,07%)
Levando-se em conta exclusivamente os leitos DE UTI PEDIÁTRICA, NA BAHIA INTEIRA, temos os seguintes dados:
📍*13.10.2020*
31 leitos de UTI pediátrica NA BAHIA, dos quais, 27 deles localizados em Salvador
■Fontes pesquisadas em 13.10.20■
http://www.saude.salvador.ba.gov.br/covid/indicadorescovid/
http://www.saude.ba.gov.br/temasdesaude/coronavirus/
Ou
seja, Salvador responde por quase 100% dos leitos de UTI pediátrica
destinados à criança com COVID, NA BAHIA. Desta forma, qualquer aumento
de 1-2 casos, muitos, inclusive, que podem nem ser oriundos da cidade,
irá impactar significativamente na taxa de ocupação dos leitos.
Ressalta-se
ainda que muitos pacientes internados, têm o diagnóstico confirmado de
COVID apenas durante a internação e, desde o inicio, pela suspeita
clinica, já entram na contabilidade de ocupação dos leitos COVID.
A
evidência científica disponível já é robusta o suficiente para sabermos
que a COVID tem uma baixíssima letalidade em pessoas abaixo de 10 anos
e, na Bahia, onde não há motivos de ser diferente do mundo, é de
aproximadamente 0,4% (13/10/2020 => 7188 obitos, sendo 27 (0,4%)
abaixo de 10 anos), a grande maioria decorrente de graves comorbidades,
ratificando os números que foram divulgados durante toda a pandemia, e
em consonância com o mundo.
Em nenhum lugar do mundo a ocupação
de leitos pediátricos foi levada em consideração para guiar reabertura
de atividades, inclusive, escolas.
Fato é que não há mais o que
se discutir diante das evidências científicas = crianças transmitem
menos, adoecem menos e morrem menos. PONTO FINAL. O mundo fala isso. No
Brasil, diversos pediatras e professores universitáros já se
posicionaram sobre o tema e ratificam o que o mundo fala.
Salvador / Bahia não pode ser diferente.
Dra. Larissa Sadigurski CRM Ba 17.055
Dra. Paula Tannus CRM Ba 20.227
#voltaàsaulassalvador
#educacaoinfantilfazsentidosim
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