João Fernando |
De Osmar Gaddo:
Quando uma amiga francesa me disse que tinha visto uma placa alusiva à
participação dos brasileiros na Primeira Guerra Mundial no jardim do
Hôpital de Vaugirard em Paris, franzi a testa e a corrigi com um sorriso
condescendente:
Oi??!!! Como assim? Nós não participamos da Primeira Guerra Mundial!!! Ou participamos?? Vasculhei todos os cantos da minha memória procurando uma referencia sobre isso e não encontrei nenhuma. Só encontrei o sorriso dela de certeza absoluta. Constrangida com minha ignorância, me fingi de morta mas registrei mentalmente que ia checar aquela informação.
Foi assim que desci na estação de metrô
Convention (linha 12) e fui caminhando pela rue Vaugirad em direção à
Porte de Versailles. Cinco minutos de caminhada e cheguei ao Jardim do
Hôpital de Vaugirard. O lugar é um pequeno oásis verde com uma longa
alameda ladeada por gramados verdinhos, muitos bancos e árvores. Flanei
pelo lugar a procura da placa e depois de alguns minutos eu a encontrei.
Sim, lá estava ela. Meu francês é bem meia-boca mas deu pra entender o
que estava escrito: “Aqui se ergueu o hospital franco-brasilei
Gelei. Uma Missão Médica Brasileira na
França na Primeira Guerra Mundial? Como eu nunca ouvi falar sobre
isso?!!!! Como é que eu conheço toda a história do American Field
Service, uma organização voluntária de norte-americano
Com a ajuda do meu incansável amigo google, sentei em um dos bancos e
pesquisei sobre o assunto. Descobri uma história fantástica de coragem,
sacrifício e competência quando um navio brasileiro (La Plata) saiu do
porto do Rio de Janeiro em 1918 iniciando uma viagem que seria, difícil,
perigosa e trágica.
O perigo rondava os mares com a presença
dos famigerados U-boats alemães, submarinos de alta tecnologia que
afundavam qualquer barco (política da Guerra Submarina Irrestrita)
militar, mercante ou de passageiros, mesmo de países neutros.
Inicialmente neutro, o Brasil só se declarou em estado de guerra em
outubro de 1917 posicionando-se
O La Plata levava a bordo 168 brasileiros entre médicos, cirurgiões, enfermeiros e farmacêuticos voluntariados para a missão, além de alguns oficiais da marinha e exército, cujo objetivo era chegar a Marsellha e de lá seguir para Paris para instalar e operar um hospital com capacidade para 500 leitos para cuidar dos feridos da guerra.
Os franceses cederam o
belo prédio de um antigo convento jesuíta na rue Vaugirard e o hospital
brasileiro foi instalado ali recebendo principalmente soldados franceses
classificados como “grandes feridos”. Quando a Guerra terminou no
final de 1918, o hospital, considerado pelos franceses como de ponta,
ainda funcionou até 1919 atendendo a população civil francesa que ainda
lutava contra a pandemia da gripe espanhola que varreu a Europa naquele
ano. Com a desmobilização do hospital militar, alguns médicos foram
convidados a permanecer na França, mas a maioria retornou ao Brasil.
Os franceses jamais se esqueceram desse ato fraterno dos brasileiros e
alí estava eu diante da prova, em frente àquela placa. Fiquei
envergonhada por desconhecer essa história, que é muito mais emocionante
que vcs possam imaginar. Fiquei pensando: Pq não nos falam sobre isso
na escola? Pq escondem de nós os nossos heróis? Pq nos autodenominamos
Estou escrevendo esse post por duas razões: a primeira é para mostrar
como os franceses são gratos por nossa ajuda; a segunda é para desafiar
vc a ir além da nossa mediocridade escolar. Se estiver em Paris, visite o
Jardin Hôspital Vaugirard (metrô Convention), mas antes, para dar
significado à sua visita, conheça essa história em detalhes em http://
Sim, nós também temos nossos heróis... e não são aqueles q jogam bola ou participam de reality shows.
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