segunda-feira, 5 de outubro de 2020

TEMPO DE ELEIÇÃO...

 TENTAÇÃO IMPOÉTICA: TEMPO DE ELEIÇÃO – nos dias 15 e 29 de novembro espera-se que o Brasil demonstre maturidade para eleger os seus representantes. É difícil. Teme-se que haja retorno às velhas práticas de votar segundo interesses pessoais, votar por
troca de favores quaisquer, ir às urnas por simpatia pessoal, por paixão e outros arroubos sentimentais. Aqui se fala do povo mantenedor da vida político-social. O pagador de impostos, sem defesa, sem oportunidade de contrapor-se ao estabelecido (o established dos ingleses). Tudo assim estaria decidido, restando-lhe apenas jogar o jogo.

A ausência de interesse político suprapartidário, a carência de leitura e acompanhamento da vida nacional, mesmo diante das redes sociais, a visão ainda de pouco alcance, leva o politico profissional – ciente dessa realidade - a desenvolver uma linguagem própria para penetrar no âmago do eleitor.

As subliminares, os arrazoados sentimentais são a tônica. Não importam comportamentos pretéritos desastrosos ou comprometedores, vale o que está na pele, no superficial. Passam a ser marqueteiros com os pincéis do engodo, da enganação, da explanação bombástica na maioria das situações. Valores reais e perenes são afastados na certeza inconsequente de que não haverá desdobramentos. Até alguns, considerados sérios, tomam posições casuísticas.

A luta para ter-se homens e mulheres com consciência acima e além de certos grupos políticos sem nacionalismo, implica em deixar-se alvejar por incompreensões e críticas fundadas na intolerância.

A paixão é de tal ordem que amigos e parentes se afastam, ficam seus adversários ou inimigos; os ligados a governos desconhecem até formulação de cumprimentos natalícios (parabéns/parabéns). Quando muito o consideram, destinam-lhe um solene “like”, um dedão – o polegar - para cima, um OK. Pessoas pequenas ou que se apequenam.

Nisso uma realidade se desenha e diz da natureza do voto, predileções, vinculações, nível mental também. Esquecem que, embora ingênuas ou equivocadas (ao nosso pensar), existem pessoas boas e honestas em todos os quadrantes.

A imparcialidade é dificílima. A luta impede sua existência naqueles que se lançam na corrida febril para o trono. Lembra o jogo inglês Rugby, substituído o contato físico pelo palavrório, mais achincalho.

“A política se separa da ética porque o objetivo do príncipe não é ser ético, mas se perpetuar no poder”, diz-nos Maquiavel, em “O Príncipe”.

“Nenhum homem é uma ilha”, de virtudes. Utópico, portanto, seria buscar ausência de paixão em lutas. Mal é que a maioria vive o jargão do poeta romano Ovídio, 43 a. C, "os fins justificam os meios”, dele fazendo o mote da questão impoética. O célebre pensador italiano Nicolau Maquiavel não afirmaria a mesma asneira do compatriota. Contudo, em jogo sem regras vale o grito, o braço, o tutu, numo, pecúnia, quantia, soma, verba, bufunfa, bolada, bago, bagarote, arame, capim, algum, papel, erva, gaita, grana, luz, massa, milho, trocado.

É muita tentação, daí a necessidade premente de equilíbrio lembrando que combate à corrupção, ao aborto,... incentivo ao patriotismo, à família, aos valores reais...é apenas agulha em palheiro, afastando-se exageros e apologias cegas.

Geraldo Leony Machado
SSA, BA., 04.10.2020

Público

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