quarta-feira, 30 de março de 2022

ANIVERSÁRIO DE SALVADOR

                                                        


SALVADOR É OUTRA HISTÓRIA (Texto em baianês de Louti Bahia, do Amo a História de Salvador. Uma homenagem ao aniversário da nossa linda cidade)

 

Modéstia à parte, que horas são? Já tá na hora de comemorar o aniversário de Salvador? Foi mal aí, não dei o migué não! Quase que eu me passo mermo: juro que eu pensei que era de hoje a oito, mas agora tô de boa. Borimbora que eu preciso contar essa história direito.

 

Né querendo me gabar não, vú, mas Salvador é a primeira toda: primeira capital do Brasil, primeira cidade do Brasil e primeira cidade planejada do Brasil. Né não, é? A história é essa, mô pai. Se não gostô, venha dá seu jeito.

 

Tanto é verdade que ela já nasceu com nome de cidade: Cidade do Salvador, uma homenagem a Ele, Ele mermo, Jesus Cristo. De lenhar, né? Por isso que a gente é soteropolitano: o habitante da cidade (politano) do Cristo (sotero vem do grego sotêr, que quer dizer salvador).

 

Massa, né? É  por isso que tem aquele Cristo ali no morro da Barra. Você pensa que a gente imitou o do Rio, foi? Aooooonde!!! O nosso Cristo foi esculpido 11 anos antes em homenagem ao nome original da nossa cidade. Se ligue: Salvador não imita ninguém não, Salvador é boca de zero nove.

 

Se plante, deixe de bestagem, deixe picuinha e aprenda a história verdadeira. Que Salvador foi a primeira capital do Brasil, tá de boa, todo mundo tá ligado. Mas, meu nego, tá rebocado que você não sabe que ela também foi a primeira cidade do Brasil. Agora eu vou me amostrar: antes de 1549 aqui no Brasil só tinha vila, vilarejo, povoado, mato, onça, cobra, sariguê e aranha. Receeeeeba!!!

 

Aí, Tomé de Sousa chegou chegano e tirou onda: já veio de Portugal como primeiro governador geral do Brasil e trouxe as plantas da primeira cidade desenhadas em linho. Nossa cidade não foi feita a migué não, pai: Salvador já nasceu brocano!!!

 

Pire aí: ela foi planejada em Lisboa com o que havia de mais moderno na época, o Tratado do Desenho Italiano. Eita!!! Brocô de novo!!! Pelas regras desse tratado, tinha que ser construída “em acrópole”. Agora fui eu que broquei: falei pouco, mas falei difícil. Acrópole quer dizer na parte alta. E tá ligado que lá atrás (lá ele) tinha um rio onde hoje tem a Baixa dos Sapateiros, né?

 

Vou te dar a real: Tomé de Sousa trouxe mais de 1.000 homens em seis embarcações: uma aglomeração da porra!!! E um passarinho me contou que ninguém tava usando máscara. Um terço era de soldado, um terço era de marceneiro, carpinteiro, pedreiro e mais gente de construção. Além deles, vieram os degredados que tiveram que trabalhar pesado aqui pra ganhar a liberdade.

 

Junto com essa galera também veio o Mestre das Obras, Luis Dias, o arquiteto da época. O cara era retado, trabalhava várias horas de relógio e se fulano ou sicrano fizesse armengue, tomava baculejo. Foi ele que comandou a grande obra, fez as primeiras ladeiras (Conceição e Preguiça), a Casa de Câmara e Cadeia (atual Câmara Municipal), o Palácio do Governo (atual Palácio Rio Branco) e a principal rua da cidade, a Rua Direita do Palácio que hoje é a Rua Chile.

 

Mas se ligue: a Cidade do Salvador nasceu toda feita de madeira e palha. Aqui não tinha pedra não, pai. Malmente tinha barro pra fazer casa de taipa. E os portugueses tiveram que levantar um muro de madeira cercando tudo com medo do ataque dos índios. Quem manda invadir as terras duzôto? E dijunto do muro fizeram um fosso de água por fora das duas portas de entrada que tinham ponte levadiça. A Cidade do Salvador não era pouca merda não. Parecia uma superprodução de Hollywood, né não? E era mesmo. Já imaginou quanto Portugal investiu pra construir uma cidade do lado de cá do oceano? Foi dinheiro  Salvador já nasceu tirando onda.

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Né culhuda não que eu não sou garganteiro. Salvador continuou brocando em alta ao longo da história. Até o século XIX, era o principal porto do hemisfério sul do planeta! O mundo todo passava por aqui: gente da Zoropa, da África, da Índia, da casa da porra. Até Charles Darwin veio por essas bandas. Em 1832, ele ficou na dele e pesquisou nossa fauna e flora para a sua Teoria da Evolução das Espécies. Moral da , vú? Mas no ano seguinte ele olhou de novo pra Salvador e disse “é pra lá que eu vou”. Apareceu aqui e ficou solto na buraqueira: Charles Darwin pulou o nosso carnaval!!! É mole? Onde hoje é a Praça Castro Alves, no século XIX era o Largo do Theatro São João. Lá rolava o carnaval da elite baiana imitando o de Veneza. Aí, Charles Darwin não guentô e ficô todo se bulino.

 

Que mal lhe pergunte, sabe qual foi o primeiro carnaval do Brasil? Nem lhe conto. Como eu disse no começo, Salvador foi a primeira da porra toda: o primeiro carnaval do Brasil aconteceu aqui em 1549. Êta lasqueira. Os padres jesuítas que chegaram com Tomé de Sousa realizaram a festa nas aldeias indígenas pra facilitar a catequização. Hoje em dia não parece, mas o Carnaval é um evento do calendário católico.

 

Já viu, né: quanto mais eu escrevo, mais tem coisa pra escrever. É por que Salvador é o ouro, é barril dobrado. Mas chega de bolodório senão você vai dizer que eu falo mais que a nega do leite.

 

E se você não é daqui e ficou com inveja, né comigo não! Não me conte seus problemas. Só te digo uma coisa: se não guenta vara, peça porque Salvador é outra história.

 

 

SALVADOR É OUTRA HISTÓRIA (Texto em baianês de Louti Bahia, da Amo a História de Salvador. Uma homenagem ao aniversário da nossa linda cidade) 10:44 30 de Março de 2022

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