domingo, 18 de junho de 2023

REFLEXÃO 01

 

Olá, Dionê Machado. Tudo bem contigo? Na carta de hoje, o tema é espinhoso, pois advém do debate atual que envolve as paixões e esperanças políticas: o conservador a serviço do movimento revolucionário. Vamos lá?

 

“Você não precisa de má intenção para fazer um estrago extraordinário, basta você estar lidando com coisas que estão acima da sua capacidade” — Olavo de Carvalho.

 

Sem sombra de dúvidas eclodiu no Brasil nos últimos dez anos uma onda, primeiro de direita, em seguida liberal e posteriormente conservadora. Muitos brasileiros passaram a, com orgulho, nominar-se conservador. Isto é algo salutar e, acima de tudo, um movimento importante de restauração das bases culturais de nosso povo. Existe, porém, um problema em meio a tudo isto, uma falta de clareza no que se deve conservar, ou melhor colocando: o que devemos enfrentar.

 

Existem pautas que servem como um termômetro para medir a febre da sociedade rapidamente, uma delas é a pauta do aborto, pois em sua maioria os conservadores são totalmente contra o aborto. Inclusive defender esta nobre e valiosa pauta virou um “clichê do bem”. Todavia, o processo revolucionário ao longo dos últimos três séculos foi transformando gradualmente o pensamento da sociedade, sobretudo nos últimos 75 anos.

 

Para irmos além da febre desta discussão, proponho aqui um rápido exercício, no qual contarei com a máxima honestidade do caro leitor. Assumamos a postura que você é contra o aborto, mas você é contra o aborto sob qualquer hipótese? É contra o aborto em caso de estupro por exemplo? Indo um pouco mais além: você é contra o divórcio?

 

Existem diversos debates acalorados entre conservadores nestas “pautas ocultas”, onde muitos adotam os argumentos revolucionários para defender a prática do assassinato de um inocente, como se o ato em si remediasse ou corrigisse o crime do estuprador. Defendem com unhas e dentes a legalização do divórcio e como ele emancipou as mulheres do julgo machista da sociedade. Ora, em ambos os casos, estamos falando de processos revolucionários que foram concebidos a partir da etapa de negociação, para se encontrar um motivo justo de aplicação do processo revolucionário, alterando o consenso moral da sociedade, sem que ela perceba a quem está servindo. No caso do divórcio por exemplo, esta pauta foi tema de intenso debate na sociedade brasileira dos anos 1950 a 1980. Quando o processo entrou em discussão no congresso para a criação da lei do divórcio, a Rede Globo de televisão passou a incluir o tema em suas novelas, sempre favorável ao divórcio e postulando a Igreja Católica como uma hipócrita que não olhava para o sofrimento feminino. A tática deu certo e hoje, se alguém se postular contra o divórcio é taxado de anormal, radical e extremista, mesmo nos meios conservadores.

 

Faz-se necessário nos perguntarmos, qual a origem das ideias que defendemos como dogmas religiosas e, qual o propósito destas no âmbito moral-social e até mesmo religioso. Aqui já resvalamos em outro problema: devemos misturar religião com a política? Imagino que as repostas serão diversas e boa parte a favor da separação.

 

O processo revolucionário é aplicado em várias marchas de velocidades, o que muitas vezes nos faz prestar a devida atenção somente àquelas que estão em maior ritmo, como por exemplo a ideologia de gênero ou a instrumentalização de negros e índios. Porém, o grande movimento a favor da revolução acontece justamente nos processos mais lentos, que por vezes levam décadas para serem devidamente implementados nas sociedades. O que nos leva a três estágios específicos de mentalidade, muito bem observados por Dr. Plínio Corrêa de Oliveira. Vou apresentar a seguir estas divisões de personalidade que nos ajudarão a entender os meandros deste processo.

 

1. O revolucionário de pequena velocidade, onde está a maior parte da sociedade, o homem comum, que vai se adequando a todas as pautas que lhe são expostas através da máquina midiática. Muito bem caracterizado pela expressão popular: “as coisas evoluíram e os tempos são outros”.

 

2. O revolucionário de velocidade lenta, onde em determinada medida se deixa levar pelas pautas revolucionárias, negociando “pequenas” concessões e criando meios-termos de negociação. Em diversos aspectos ele tende a negar as pautas revolucionárias e até mesmo a recriminá-las, mas este processo tende a ficar no campo pessoal ou social limitado, sendo uma oposição controlada. Na maioria das vezes o indivíduo não consegue delimitar a pauta nem mesmo dentro de sua família, sendo muitas vezes o chefe dela. As suas objeções tendem a morrer com o indivíduo e em poucas gerações, ou até mesmo na geração seguinte, o avanço da agenda revolucionária vira dogma na sociedade, como o já citado exemplo do divórcio.

 

3. O “semicontra-revolucionário”, é a pessoa que possui uma postura mais enérgica em relação as pautas, se comparado ao revolucionário de velocidade lenta, com postura mais firme e viva no embate às agendas da revolução. Quando o processo de cristalização acontece com ele, tende a enfrentar de frente os aspectos e desafios não somente das pautas, mas do resultado prático em sua vida. Estes tendem a ser obstáculos reais à Revolução. Todavia, carece e precisa se preparar para entender as nuances do processo revolucionário.

 

 

 

Como podemos observar, dada uma medida ou outra, em algum momento de nossas vidas nos encontramos em algumas destas fases descritas, não necessariamente em todas, mas muitos de nós acaba passando por elas uma a uma. Notamos que o semicontra-revolucionário, caso não tenha os fundamentos de base de suas convicções e o conhecimento de suas origens, mesmo que positivas, pode com o tempo ser cooptado pelo processo de “diálogo” e da corrupção da linguagem, levando à baldeação de pensamento e até mesmo a inversão no campo da política eleitoral.

 

Minha intenção neste artigo não é fornecer um manual de como ser conservador ou mesmo “passar pito”, mas apenas oferecer recursos que possam auxiliar no processo de entendimento e amadurecimento dos processos aos quais enfrentamos e, muitas vezes, infelizmente colaboramos com os agentes revolucionários, sejam eles sociais-democratas, comunistas, globalistas, positivistas etc. A primeira parte deste processo parte por ser sincero consigo mesmo. Buscando não tentar se encaixar rapidamente na posição de paladino, mas vasculhar qualquer vestígio de autoengano ou busca pelo mérito social da mentalidade de grupelho, tão bem definida pelo Professor Olavo de Carvalho.

 

Estejamos despertos, para não nos tornarmos uma oposição permitida e controlada da marcha revolucionária, ou mesmo, um agente propagador de suas ideias, acreditando que estamos nos opondo a elas.

 

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Um forte abraço e até a próxima! (continuo respondendo o máximo de e-mails possíveis de vocês)


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