“DOR NA ALMA
Às vezes,
sentimos tanta dor na alma, que o melhor a fazer é deixar doer, mesmo, porque
há dores para as quais não há remédio, a não ser o tempo, as lágrimas (que,
sim, devem correr no pranto que vai aliviar a alma) e o perdão.
É verdade que
a dor muito profunda revela nossa verdadeira força, porque suportá-la requer
muita resistência para não sucumbir. Essa força é a fé que nos alenta, por
sabermos que até a dor mais profunda um dia acaba.
De nada
adianta fingir que não está doendo nem tentar pensar em alguma coisa alegre,
porque a dor da alma precisa ser extinta completamente e tentar driblá-la não é
eficaz nem permite que se chegue ao desapego que cura, porque a dor fica
pulsando ali. Afinal, a dor é um luto e todo luto deve ser respeitado.
Em caso de
dor extrema, perdoar é fundamental. Quando a pessoa que sofre guarda rancor,
tudo fica ainda pior e demora ainda mais para passar. O perdão libera quem
perdoa e tem impressionante poder curativo.
O remorso
também é causador de dor. Quando nos arrependemos, mas não pedimos perdão
(porque o orgulho não permite), o remorso vai corroendo tudo por dentro,
lentamente, e fica latente, até o dia da cobrança.
Um obstáculo
à cura é sentir-se vítima. É importante perceber-se como sujeito, ativamente,
no curso do processo. Ninguém é vítima de ninguém e é preciso compreender que,
de alguma forma, a dor agora sentida foi construída por longo tempo antes de
aparecer.
Há um erro
comum causador de dor: repetir as mesmas coisas que não deram certo no passado,
porque os erros não foram examinados antes. Há uma crença compartilhada de que
tudo aquilo que adiamos, um dia volta, sim ou sim. Por isso, é necessário fazer
um exame de consciência, sincero e profundo, e modificar o padrão que induz ao
erro.
Ainda que
nem sempre seja possível compreender porque se merece tamanha dor, nada
acontece sem motivo algum. Por isso, se a causa da dor não parece visível no
contexto aqui-agora, é importante que se busque no ali-ontem. Nem sempre quem
nos machuca é quem nos vem cobrar, porque muitas vezes já fomos perdoados e
quem perdoa não cobra. Entretanto, se a cobrança vem – mesmo que por outro
cobrador – é porque, antes, não nos arrependemos por algum mal que possamos ter
causado.
Então, se
neste momento você sente uma dor tão profunda que parece insuportável, peça
perdão à Vida, porque sua dor, provavelmente, é a dor de outra pessoa que você
machucou e este é o momento de equilibrar o Universo. Peça perdão, também,
pelos rancores guardados e acumulados, porque o rancor é a falta de perdão e
quem não perdoa sente muita dor.
Chore, chore
tudo o que tiver para chorar. Mas coloque-se, também, como sujeito da sua dor,
responsabilize-se por ela, sem colocar a culpa em outra pessoa. Examine-se até
a raiz e arranque de dentro do seu Ser tudo o que possa estar causando tanto
mal. Este exame pode trazer surpresas incríveis cujo poder de cura é
inimaginável. Tenha fé e confie no tempo, porque tudo passa e a dor também
passará.
Marcia Godoy ”
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