Procurador da Lava Jato
acusa ministros do TSE de “cegueira intencional”
Carlos Roberto:
O
procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais
nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato, criticou duramente a postura da
maioria dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao comentar uma
entrevista feita pela BBC com um professor francês sobre corrupção, Carlos
Fernando classificou como “cúmulo do cinismo” a “cegueira intencional” de
integrantes do TSE.
“Deve-se
parar de fingir que nada aconteceu”, escreveu em sua página no Facebook.
“Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT saiu do governo. A
corrupção é multipartidária e institucionalizada. Ela é a maneira pela qual se
faz política no Brasil desde sempre. Ou acabamos com a corrupção, ou a
corrupção acaba com o Brasil”, emendou.
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15 set,
2018
15 set,
2018
A crítica
do procurador é uma referência direta à manifestação de quatro dos sete
ministros do TSE contra a inclusão de novas provas apresentadas por delatores
da Lava Jato no processo que pede a cassação da chapa Dilma/Temer. Esse
entendimento é defendido pelo presidente do tribunal, Gilmar Mendes, pelo
ministro Napoleão Nunes Maia e pelos ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira
– esses dois últimos, recém-indicados pelo presidente Michel Temer. Caso
prevaleça essa tese, a tendência é a corte absolver a chapa e manter o
peemedebista na Presidência.
Veja a
íntegra da mensagem publicada nesta manhã pelo procurador:
“A
sucessão de denúncias de corrupção no Brasil só mostra o cúmulo do cinismo de
nossa classe política, segundo o cientista político francês Olivier Dabène. Mas
na verdade o verdadeiro cúmulo do cinismo é a cegueira intencional da maioria
dos ministros do TSE em relação à corrupção exposta pelo acordo do MPF com a
Odebrecht. Deve-se parar de fingir que nada aconteceu. Deve-se parar de desejar
a retomada da economia, ou pior, a manutenção desse ou aquele partido no poder
à custa da verdade. Cinismo é fingir que tudo está superado apenas porque o PT
saiu do governo. A corrupção é multipartidária e institucionalizada. Ela é a
maneira pela qual se faz política no Brasil desde sempre. Ou acabamos com a
corrupção, ou a corrupção acaba com o Brasil."
O
cientista político citado por Carlos Roberto é diretor do Observatório Político
da América Latina e Caribe da Universidade Sciences Po de Paris. Em entrevista
à BBC, Olivier Dabène disse que o mundo é amador em comparação ao Brasil em
matéria de corrupção.
“O caso
envolvendo o presidente Michel Temer (investigação após delações da JBS) é o
cúmulo do cinismo. Temos a impressão de que os políticos brasileiros não
aprendem. Eles continuam fazendo a mesma coisa. É uma maneira instintiva de
fazer política. É muito difícil mudar o comportamento e as mentalidades”, disse
o professor, que já morou no Brasil e deu aulas na Universidade de Brasília
(UnB).
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