DOMINGO
– Ao amigo Ivan Dórea Soares, escritor – hoje, em Lajeado, RGS, - que
inspirou esta “crônica” com sua mensagem pelo ZAP, dizendo de seu amor
pelos netos.
Hoje é domingo, pé de cachimbo, toca a gaita, repica o sino...
Estávamos
no Carmo, Santo Antônio, bairro antigo e tradicional da cidade do
Salvador, nele famílias de classe médica, conviviam de forma harmoniosa.
Conhecia-se a vida de todos, à noite nos passeios (calçadas), cadeiras
eram postas para as conversas familiares.
Morávamos,
ou estávamos, nessa época, na casa de meus avós, o casarão 22,
atualmente da atriz Regina Casé, defronte, o Convento e ao seu lado a
Igreja.
Dia de missa,
reunião mari
ana, futebol no convento, em campo hoje parte de hotel 5 estrelas. Dia de praia, de cinema (Cine Jandaia, Aliança, Pax) de encontrar amigos de vários colégios, principalmente do Instituto Normal da Bahia, da meninada participar de passeios de bicicleta até o largo do Santo Antônio, empinar arraia, jogar gude, ferrinho, correr picula. Ainda à noite, descer a ladeira do Carmo, subir o Pelourinho e na Rua Chile visitar as vitrinas das Duas Américas, Casas Sloper...
ana, futebol no convento, em campo hoje parte de hotel 5 estrelas. Dia de praia, de cinema (Cine Jandaia, Aliança, Pax) de encontrar amigos de vários colégios, principalmente do Instituto Normal da Bahia, da meninada participar de passeios de bicicleta até o largo do Santo Antônio, empinar arraia, jogar gude, ferrinho, correr picula. Ainda à noite, descer a ladeira do Carmo, subir o Pelourinho e na Rua Chile visitar as vitrinas das Duas Américas, Casas Sloper...
Esses
hábitos acabaram, o tempo é outro. As famílias mudaram-se. Nova classe
social assumiu os espaços. Ficaram as lembranças, as visitas periódicas,
enfim, os lugares são os mesmo, o espírito é outro.
O
domingo é dia leve, sorridente, simpático, dia de preguiça ou do
acordar cedo. Dia de namoro, num vai e vem no passeio do convento, do
sino que marcava a vida, das rezas cantadas, da presença inteira do pai
oferecendo oportunidades de pintança.
O domingo, diz o Google, “é o primeiro dia da semana compreendido entre o sábado e a segunda-feira.
No
Brasil e em Portugal, assim como na Grécia, no Japão, na Grã-Bretanha,
nos Estados Unidos e em países anglo-saxões em geral, por fundamentação
bíblica e etimológica, o domingo é considerado o primeiro dia da semana.
Na liturgia cristã, assim como no judaísmo, também é considerado o primeiro dia da semana.
Todo domingo é um dia de preceito." A Eucaristia dominical fundamenta e sanciona toda a prática cristã"
“Em muitos outros países do mundo, incluindo a maioria dos países da Europa, é considerado o último dia da semana civil”.
O
ruim do domingo é que se lhe seguia a segunda feira, pensava a
garotada, que se via obrigada a adiar seus planos para o novo domingo.
As lembranças e relembranças nos vão atingindo:
A
igreja, o convento, o Senhor Morto na Ordem Terceira, ao lado da
Igreja de Nossa Senhora do Carmo, as catacumbas lá existentes, os
companheiros, outros apenas conhecidos, até onde a lembrança imediata
alcança:
José Expedito
Perrone, Fernando José que se fez Prefeito de Salvador, Hesler Café,
Chico o alfaiate, José, Milton e Luiz Melo, Fechinha, o árabe valente,
José Carlos Lira, o boxeador, os O’Dwyer, e neles Newton – colega na
Escola Marquês de Abrantes, a turma da pesada (brigões), que vinha da
Rua do Paço, Jocafi e Gilberto Gil, que distribuíram seus talentos pelo
Brasil, Dionê, pensadora cristã e poetisa, com ação em 14 países, a
bela e esnobe Josefina, Liz, a carioca, Cléa, Nancy, Eliana e Rosely,
professoras, Roberto Ribeiro, talentoso musicista, primo, e José
Carlos, irmão, companheiros inseparáveis, os primos Edson, Cleber,
maestro, e César (cesário baixista de Daniela Mercury). São
tantos...
Professores,
médicos advogados, comerciantes, outros trabalhadores compunham a
sociedade local, que orgulhosa sustentava o privilégio de nela habitar.
E
o Carnaval que nos visitava, e nele o afoxé Filhos de Gandhy, que
subia a ladeira do Carmo e fazia a festa, as procissões, as rezas de
Santo Antônio, o desfile do caboclo nos 2 de julho, quando domingo
ganhavam cores especiais e significado.
Enfim,
não devo me alongar, hoje domingo é dia de visitar os netos,
abraçar-lhe ou de receber deles a esperada visita. Lembrar dos pais
falecidos ou tomar a bênção – sublime felicidade – àqueles que,
provectos, estão entre nós.
Para
não pecar por omissão, a homenagem, permitam: minha mãe, cresceu no
Carmo, a única na família raiz, Dinorah/Dina, 96 anos de lucidez,
alegria, amor, forte e justa presença.
Bom domingo para todos.
SSA, BA, 25.10.2020
Geraldo Leony Machado
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