Cultura Chinesa
A China está entre as quatro civilizações mais antigas do mundo, juntamente com Egito, Índia e Babilônia. No país de dimensões continentais, somente a escrita já tem mais de 3,6 mil anos.
A riqueza de informações milenar chinesa passeia pela arte, caligrafia, culinária, dança, música, literatura, artes marciais, medicina, religião, astrologia, arquitetura e comportamento.
Língua
O chinês é uma família de línguas de imensa diversidade e complexidade. Os dialetos chineses resultam da língua sino-tibetana, mas são inteiramente diferentes entre si. A língua oficial da China é o mandarim.
A língua chinesa é tonal, por isso as palavras são diferenciadas pelo som e pela entonação, que pode subir ou descer.
Escrita e Caligrafia
A caligrafia está entre as artes tradicionais chinesas e começou na dinastia Shang, há 3,6 mil anos. É uma tradição milenar, que influenciou diretamente os países vizinhos. É dividida em cinco categorias, selo, oficial, formal, corrida e cursiva. Cada um dos estilos reflete um momento histórico e político chinês.
A base caligráfica é assentada nos refinados pictogramas e ideogramas, com pelo menos 60 mil caracteres que são usados ainda hoje. Escrever os caracteres é considerado uma obra de arte que exige disciplina mental e concentração. Os pictogramas resultam de diferentes origens e dinastias.
Diferente dos alfabetos utilizados no ocidente, os pictogramas representam conceito e não sons.
Leia também: História da Escrita.
Culinária
A culinária está entre os pontos de maior diversidade na China. Os pratos típicos reúnem ingredientes dos mais variados e podem ser considerados exóticos para os ocidentais. Os chineses, contudo, adequaram o paladar à necessidade de alimento e à variedade.
Cada prato reflete o que é disponível em produtos agrícolas nas mais áreas geográficas. Por exemplo, ao norte do país, o principal ingrediente é o trigo e no sul o arroz. Além dos produtos, a maneira de temperar e cozinhar os alimentos também é diferenciada.
Há pelo menos oito estilos característicos de cozinha na China, representando 22 províncias.
Arquitetura
A arquitetura antiga chinesa é marcada por templos magníficos. São palácios que agregam lagos artificiais, como os encontrados na Cidade Imperial ou Cidade Proibida. A construção, iniciada em 1406, é marcada por imponentes terraços, pavilhões e jardins.
O clima influencia diretamente na arquitetura chinesa, que tem ao norte plataformas denominadas kang para dormir. Na Mongólia, os habitantes vivem nas yurts, cabanas típicas. E ao sul são encontradas palafitas.
As casas tradicionais são retangulares e exibem as coberturas com os cantos inclinados para cima, tipicamente chineses.
Muralha da China
A Grande Muralha da China é um dos exemplares da imponência da arquitetura chinesa. É considerada uma façanha e tem mais de 2,3 mil anos. Localizada no norte da China, tem 21,1 mil quilômetros distribuídos entre vales e montanhas, podendo ser vista da Lua.
A construção da grande muralha ocorreu no decorrer de quatro dinastias: Zhou (770 a 221 a.C.), Qin (221 a 2,7 a.C.), Han (206 a.C. até 220 d.C.) e Ming (1368 a 1644). O objetivo da construção era proteger o comércio da seda e evitar invasões.
Sociedade Chinesa
A sociedade chinesa vivia sob o sistema de castas, apoiado pelo confucionismo até a tomada do poder pelos comunistas. No controle, o Partido Comunista anulou a hierarquia tradicional e determinou o fim das classes, que embora seja proibido, é vivido ideologicamente pelos chineses.
O sistema de castas chinês coloca no topo do sistema os estudiosos. Os agricultores, artesãos, comerciantes e soldados vêm depois. Na tentativa de impor a mobilidade social, as famílias investiam na educação do filho mais velho.
Até a década de 80, as diferentes classes usavam a cor da roupa como identificação, cabendo aos mais pobres os tons mais escuros.
Mulher
O papel da mulher estava restrito à esfera doméstica até a revolução comunista na China. Aos homens era permitido participar de todos os meandros da esfera da sociedade e, além da vida doméstica, as mulheres só podiam atuar na agricultura.
A diferença social entre homens e mulheres também era apoiada pelos confucionistas que a viam como uma propriedade, primeiro dos pais e, depois, dos maridos. As mulheres também eram obrigadas a sacrifícios físicos excruciantes para se manterem belas.
Entre os mais difundidos estava a prática de amarrar os pés para impedir seu crescimento. Amarrados por fortes ataduras e, às vezes, quebrados, os pés não cresciam, o que poderia impor nanismo e dificuldades de andar à mulher. O método foi proibido em 1901.
Embora condenado e proibido por lei, ainda são comuns a venda de mulheres e meninas como noivas em casamentos arranjados.
Costumes
A obediência e a deferência à hierarquia está entre os costumes mais rígidos na sociedade chinesa. A ordem é colocar em primeiro lugar os homens mais velhos, depois os homens mais jovens e, depois as mulheres mais velhas, seguidas das mulheres mais jovens.
A interação social é regida pelo confucionismo, que prevê a honra, dignidade, lealdade e respeito à antiguidade.
O toque é permitido entre pessoas do mesmo sexo, mas pouco tolerado entre os indivíduos do sexo oposto. É comum a oferta de presentes na ocasião do Ano Novo Chinês, nos aniversários, casamentos e nascimentos.
Há presentes, contudo, que não são bem aceitos porque podem representar azar ou a morte. Entre eles estão lenços, sandálias, flores, relógios, tesouras e facas. Um presente pode ser recusado até três vezes antes de ser aceito. Ao presentear, é importante fazê-lo com as duas mãos.
Religião
A China é um país ateu, considerando que é um estado comunista. O taoismo e o confucionismo, as religiões tradicionais, contudo, são professadas por 20% da população.
Os ensinamentos de Confúcio, extremamente pragmáticos, enfatizam a responsabilidade pelo bem comum, a obediência e a deferência aos mais velhos.
Já o taoismo, fundado por Lao Tse Tung, é místico e centra-se nos ideais de equilíbrio e ordem com a natureza. Os taoistas repudiam a agressão, competição e a ambição.
O budismo, que saiu da Índia, também é praticado na China e se assemelha ao taoismo. Seu objetivo é a pureza espiritual extrema, o nirvana, a transcendência de limites da mente e do corpo. Parte da população compartilha de religiões minoritárias, têm seus próprios deuses.
Artes
Literatura
A poesia chinesa é considerada um espetáculo linguístico e visual. Os poemas clássicos exprimem o equilíbrio em rima, tom e disposição gráfica. A poesia marca a China desde o ano 600 a.C. A prosa é a tradição literária mais popular e começou a ser desenvolvida na dinastia Ming.
A partir do século XIX, a influência ocidental é marcante, mas durante a revolução comunista, a literatura passou a ser vista como uma ferramenta de promoção da ideologia partidária.
Artes Gráficas
A natureza está entre os temas principais dos pintores clássicos chineses. A tentativa é de representar o equilíbrio por meio do yin (feminino) e yang (masculino). Nesse campo, a pintura também representa um casamento com arte da caligrafia, considerada uma expressão máxima de caráter.
O grafismo também é encontrado em vasos de bronze usados como urnas funerárias e no bordado de colorido extremo.
Música
A escala da música chinesa difere da usada no ocidente, que tem oito tons. A chinesa tem cinco e não há harmonia. Os instrumentos tradicionais são o violino de duas cordas, a flauta de três cordas, a flauta vertical, a flauta horizontal e os gongos.
A ópera também está entre as mais tradicionais manifestações da arte chinesa. São ao menos 300 formas diferentes de apresentá-la, com performances que envolvem acrobacias e requintada maquiagem.
Cultura Chinesa Atual
As manifestações tradicionais da cultura chinesa que vão da língua à culinária resistem, mas se adaptam à pressão ocidental após a abertura econômica ao ocidente permitida pelo Partido Comunista.
Nas artes, a saída dos artistas e censurada e a produção de trabalhos que critiquem o regime é proibida. O governo chinês, contudo, patrocina as manifestações artísticas por meio de financiamento de projetos.
Dragão Chinês
Um dos principais símbolos da China é o dragão, uma figura composta por corpo de tigre, barba de bode, barbatanas de carpa e barriga de cobra. A lenda diz que é capaz de cuspir fogo, convocar o vento, invocar a chuva e voar. Pode ficar tão grande quanto o céu ou tão pequeno quanto a cabeça de um alfinete.
É o símbolo da cultura chinesa desde a antiguidade. Representa grandiosidade, coragem e vigor.
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