Alexandre
Garcia: Lula chamou o agro de fascista e o agro respondeu com crescimento
No ano
passado, o presidente Lula chamou o agro de fascista, negacionista e
mau-caráter. O agro respondeu com um crescimento de 15,1%
O PIB
ficou acima da expectativa e o governo festejou como se tivesse sido o autor da
façanha. - (crédito: Reprodução/TV
Brasil)
O PIB
ficou acima da expectativa e o governo festejou como se tivesse sido o autor da
façanha. - (crédito: Reprodução/TV Brasil)
O PIB
ficou acima da expectativa e o governo festejou como se tivesse sido o autor da
façanha. O presidente, o vice e o ministro da Fazenda vibraram como se fossem
os goleadores. E perderam uma excelente oportunidade de se aproximar do agro.
Todos sabem que este governo não gosta do agro e que a recíproca é verdadeira.
No ano passado, o presidente Lula chamou o agro de fascista, negacionista e
mau-caráter.
O agro
respondeu com um crescimento de 15,1%, segundo o IBGE, garantindo o resultado
de quase 3% de crescimento do PIB no seu primeiro ano de terceiro mandato.
Seria a chance para o presidente ressaltar a contribuição do agro para as
exportações, as divisas que permitem importar, a garantia alimentar dos
brasileiros e o orgulho de ajudar a alimentar o planeta.
Mas
calou-se e manteve a porteira aberta do agro para Bolsonaro, que pessoalmente,
ontem, confraternizou com a importantíssima feira internacional Expodireto, na
capital da agricultura de precisão, Não-me-Toque - um nome bem simbólico para o
ex-presidente. Bolsonaro não pediu para Lula não ir a mais um evento marcante
do agro. Foi o fígado de Lula que omitiu o elogio merecido a quem fertiliza a
terra com seu suor e manteve a distância. Teria sido por fidelidade ao MST?
O vice
Alkmin, também Ministro da Indústria e Comércio, amargou uma queda de 1,3% na
indústria de transformação e um 0,5% negativo na construção, mas foi incapaz de
ressaltar a importância do agro e sua agroindústria e o comércio exterior que
ele gera, engordando nosso balanço de pagamentos. A grande festa do agro de
precisão, moderníssimo, foi também uma festa para Bolsonaro e uma oportunidade
perdida para o presidente atual.
Por sua
vez, o ministro da Fazenda falou como se tivessem sido os gastos públicos
exagerados, que geraram déficit e aumentaram a dívida pública, os fatores que
estimularam o PIB de 2,9%. Chegou a se vangloriar dos resultados da inflação,
dentro da meta, omitindo que o responsável pelo esforço de proteger a moeda e o
crédito ante um governo gastador, é o Banco Central, felizmente autônomo - e bem
dirigido por Roberto Campos Neto. A propósito, o ministro poderia agradecer a
Campos Neto por ter garantido o bom nome do Brasil na preparatória do G20 em
São Paulo, já que Haddad causou perplexidade entre os estrangeiros com a antiga
cantilena esquerdista de taxar os super-ricos do mundo, a ponto de não sair
comunicado final para não ficar evidente a desconsideração com a proposta
brasileira.
O
governo deveria olhar com cuidado os números do ano passado: investimentos
caíram de 17,7% do PIB para 16,5%, o que é preocupante, assim como a poupança
diminuir de 15,8% do PIB para 15,4. Mais preocupante ainda foi a falta de
chuvas na safra 2023/24 no Centro-Oeste. A colheita da soja pode ficar 17%
abaixo do previsto - uma quebra recorde -, com consequências no milho, embora a
safra excepcional desse grão no Rio Grande do Sul. Soja e milho foram os
principais autores dos 15,1% a mais do ano passado. O governo parece não saber
que o Brasil se tornou, graças ao agro, o grande produtor da mais nobre energia
do mundo: o combustível que move o corpo humano. Carnes, soja, milho, açúcar,
sucos, café, frutas, além de álcool e algodão, que saem de grandes produtores
que também são agricultores familiares. A ideologia gera incapacidade de
reconhecer o mérito de quem entregou um PIB acima do esperado, a despeito do
preconceito e da insegurança jurídica e fundiária.
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