Alexandre Garcia: Milagre da avenida
Para o jornalista, no domingo, em São Paulo, ouviu-se
"a voz do líder, pregando a conciliação pela anistia, sem vencedores nem
vencidos, pregando justiça com isenção, respeitando oportunidades eleitorais a
todos"
INÍCIO
BRASIL
Former Brazilian President Jair Bolsonaro
(C-L)) gestures next to his wife Michelle Bolsonaro (C-R) during a rally in Sao
Paulo, Brazil, on February 25, 2024, to reject claims he plotted a coup with
allies to remain in power after his failed 2022 reelection bid. Investigators
say the far-right ex-army captain led a plot to falsely discredit the Brazilian
election system and prevent the winner of the vote, leftist President Luiz
Inacio Lula da Silva, from taking power. A week after Lula took office on
January 1, 2023, thousands of Bolsonaro supporters stormed the presidential
palace, Congress and Supreme Court, urging the military to intervene to
overturn what they called a stolen election. (Photo by NELSON ALMEIDA / AFP)
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(crédito: NELSON ALMEIDA / AFP)
Former
Brazilian President Jair Bolsonaro (C-L)) gestures next to his wife Michelle
Bolsonaro (C-R) during a rally in Sao Paulo, Brazil, on February 25, 2024, to
reject claims he plotted a coup with allies to remain in power after his failed
2022 reelection bid. Investigators say the far-right ex-army captain led a plot
to falsely discredit the Brazilian election system and prevent the winner of
the vote, leftist President Luiz Inacio Lula da Silva, from taking power. A
week after Lula took office on January 1, 2023, thousands of Bolsonaro
supporters stormed the presidential palace, Congress and Supreme Court, urging
the military to intervene to overturn what they called a stolen election. (Photo
by NELSON ALMEIDA / AFP) - (crédito: NELSON ALMEIDA / AFP)
Foto de perfil do autor(a) Correio Braziliense
Correio Braziliense
Postado em 28/02/2024 03:55
No último domingo, um único homem fez encher a Avenida
Paulista como nunca se viu. Até onde os drones e suas câmeras alcançavam, a
avenida estava lotada. Vieram por um líder. E atenderam seu pedido: não
trouxeram uma faixa sequer com insultos a pessoas e instituições.
Muitos vieram de longe, a despeito de alguns bloqueios nas
estradas. Bloqueio pelo medo dos que temem o povo. Mas havia também o bloqueio
do medo, imposto pelas prisões e condenações pelo 8 de janeiro. Bloquearam até
quem não é brasileiro. O jornalista português Sérgio Tavares ficou detido por
quatro horas ao chegar para cobrir a avenida. O episódio serviu para repercutir
no mundo a realidade do Brasil sobre liberdade de expressão.
A Avenida se mostrou eloquente. Ninguém precisaria falar
alguma coisa, em cima de carros de som, porque a simples visão da avenida
lotada foi um vozerão que chegou ao mundo no mesmo dia, por via digital e nos
jornais do dia seguinte.
O potencial de cidadania foi tão marcante que não precisaria
de falas pelos alto-falantes dos carros de som. O que os olhos viram é
suficiente para se compreender. Ainda assim, oradores falaram. Nenhuma voz
partidária. O partido de todos é o Brasil, como estava escrito na camisa do
pastor Malafaia. Falou-se de moral e religião, nas vozes de Michelle e
Malafaia.
No fim, veio a voz do líder, pregando a conciliação pela
anistia, sem vencedores nem vencidos, pregando justiça com isenção, respeitando
oportunidades eleitorais a todos da diversidade política. O pastor havia
lembrado, antes, que um juiz havia dito "nós derrotamos o
bolsonarismo". Depois, olhou a multidão e percebeu que não precisava
retrucar o juiz.
A multidão estava ali, nem um pouco derrotada, repetindo
seus princípios de liberdades, direito à vida e à propriedade, não às drogas,
ao aborto e à ideologia de gênero. A multidão foi à avenida confirmar esses
princípios. E cantou um juramento: "Ou ficar a pátria livre, ou morrer
pelo Brasil". Não precisaria haver fala de ninguém.
Ainda assim, o líder pediu anistia para quem não destruiu
patrimônio do povo e, sim, para quem apenas se manifestou, como a Constituição
garante. Jogou aos plenários do Congresso o desafio da paz e da conciliação. E,
se defendendo, lembrou que estado de defesa ou estado de sítio estão previstos
na parte da Constituição que trata da defesa do Estado e das instituições. Como
se sabe, se foi cogitado, não foi tentado. Enquanto isso, caminhava pela
avenida um símbolo: aquela senhorinha de 82 anos, Ilda Ferreira de Jesus, com
sua Bíblia no braço, aplaudida por todos. Uma Gandhi pelo estado democrático de
direito e pelas liberdades.
Foi uma demonstração de força. Pacífica. Reafirmou o que
pensa uma parte na nação, a quem o Estado serve. A avenida disse que quer paz,
justiça sem vingança nem perseguições. Pelo seu gigantesco tamanho, ela não
disse que apenas quer. Soou como uma exigência.
Não foi um artista popular, um general cheio de canhões, um
banqueiro cheio de dinheiro, um demagogo cheio de mentiras quem combinou esse
encontro. Foi um homem simples, sem armas, sem dinheiro, sem dotes artísticos,
que foi se apresentar de novo, pedindo união por ideais. Pela pátria, pela
família, pela moral, pelos direitos, pelas liberdades. Em dias enganosos de
hoje, ser seguido nisso pela Paulista lotada é milagre.
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