sábado, 18 de outubro de 2025

NOTÍCIAS...02




 

DIA DO PROFESSOR 01

 


Como um professor de escola pública e uma parlamentar negra criaram o Dia do Professor há quase 80 anos

Antonieta de Barros foi uma das figuras centrais na criação do Dia do Professor

Na sala dos professores do Ginásio Caetano de Campos, conhecido como Caetaninho, uma escola pública que funcionava na Rua Augusta, uma questão angustiava: era preciso buscar uma solução para aliviar o calendário letivo no segundo semestre, então carente de pausas para o descanso.

 

Foi quando o piracicabano Salomão Becker (1922-2006) teve uma ideia. Ele se lembrou de que em sua cidade-natal havia a tradição de um dia em que os alunos levavam doces e salgadinhos para se confraternizar com os professores. Juntou alhos com bugalhos e propôs uma pausa nas atividades escolares para que fosse celebrado o Dia do Professor — que hoje é celebrado no Brasil todo dia 15 de outubro.

A escolha da data não poderia ser mais conveniente: mais ou menos no meio do segundo semestre escolar, coincidindo com o dia da primeira legislação brasileira a instituir oficialmente a educação pública primária em todo o território nacional, a Lei Imperial de 15 de outubro de 1827, sancionada pelo imperador d. Pedro 1º (1798-1834).

 

Em 1947, portanto, o Caetaninho passou a ter o Dia dos Professores. E a ideia logo foi se espalhando por outros colégios. Tanto que, no ano seguinte, se tornou lei paulista.

 

"A iniciativa de Salomão Becker é a gênese afetiva e comunitária da data", comenta à BBC News Brasil o publicitário Rinaldo Allara Filho, pesquisador da área de educação e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Ele percebeu o esgotamento físico e mental dos colegas ao final de um longo período letivo e teve uma ideia simples, porém profundamente humana: organizar um dia de folga e confraternização."

VÍDEOS...+03




 

NOTÍCIAS...01

 

 

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sexta-feira, 17 de outubro de 2025

REFLEXÃO...01









 

NOTÍCIAS...02

 

 

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IVERMECTINA

 



·IVERMECTINA e ALZHEIMER: O Efeito Neuroprotetor que Ninguém Esperava, Segundo a Ciência:

A Ivermectina se tornou um dos medicamentos mais polêmicos do mundo, mas a ciência está revelando algo que transcende o debate: o seu potencial em doenças que não têm nada a ver com parasitas.

Um novo estudo de revisão aprofundada aponta para descobertas surpreendentes sobre o cérebro:

Efeito Neuroprotetor: Pesquisas recentes revelaram que a Ivermectina demonstra efeitos protetores contra a Isquemia Cerebral e, o mais chocante, contra a Doença de Alzheimer.

Ação Multifacetada: O potencial da Ivermectina vai muito além. Ela é estudada por suas propriedades anti-inflamatórias, por inibir o crescimento de tumores e por possuir efeitos anticonvulsivantes. Isso sugere que a ação dela no corpo é complexa e poderosa.

Mas, atenção: Não estamos falando de um tratamento aprovado ou de automedicação. Estamos falando de ciência que está em laboratório, explorando os mecanismos que podem, um dia, levar a novas terapias. O que a ciência nos mostra é que o mecanismo por trás do Alzheimer está ligado à inflamação e ao estresse oxidativo, áreas onde a Ivermectina tem demonstrado atuação.

A grande lição é que o seu futuro não é uma sentença. A degeneração do cérebro é um processo que envolve inflamação e toxinas que podem ser combatidas.

Você não pode esperar pelo tratamento do amanhã. O que você faz hoje é a sua melhor defesa.

Para entender quais são os verdadeiros vilões que estão roubando sua clareza mental e a blindar seu cérebro de forma eficaz, eu preparei um Mini Guia Gratuito e exclusivo: "Descubra os 03 Furos que Estão Roubando Sua Memória".

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#ivermectina #Alzheimer #demencia #qualidadedevida

VÍDEOS...+03




 

NOTÍCIAS...01

 

 

https://youtube.com/shorts/xsfvcjhYBqU?si=3etCryVq2UMdh77N

 

 

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quinta-feira, 16 de outubro de 2025

NOTÍCIAS...04

 

 

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https://www.instagram.com/reel/DP1ZSkpDUt5/?l=1

 



O fato: Uma grande máquina de censura composta pelas Big Techs e agências governamentais será revelada no documentário “God Complex” da Brasil Paralelo.

Explicação - God Complex, a primeira produção internacional da Brasil Paralelo, mostrará casos reais de pessoas que foram silenciadas por governos.

NOTÍCIAS...03

 

NOTÍCIAS:

https://youtube.com/shorts/51M3QJeL87c?si=J4lC8xUj7j55qiqF

 

 

https://youtu.be/WUwDQ4gwguA?si=L1ORmK12VdFPwHHJ

 

 

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NOTÍCIAS...02





UNIDOS CONTRA A ESQUERDA...

 

VÍDEOS...+03




 

NOTÍCIAS...01

 

 

Caros amigos, comunico que no dia 1° de novembro (cai num sábado) vamos ter o privilégio de assistirmos no YOUTUBE (televisão, computador ou APP) o filme " O FALSO JUIZ " produzido pelo jornalista português Sérgio Tavares, baseado na história de uma nação nas mãos de um psicopata que busca expor a ditadura imposta no BRASIL. Adivinhem quem é o ator em destaque. Ora, ora, é aquele ditador, tirano e doente psicótico, Alexandre de Moraes. O filme vai mostrar todos os CRIMES deste pseudo Ministro, protagonizados contra a Constituição Federal do BRASIL e contra os direitos humanos praticados arbitrariamente nas sentenças contraditórias dos anarquistas de 8 de janeiro apelidados de "golpistas" (aqueles que estavam sem armas, sem munição, sem exército e sem qualquer prévio planejamento de invasão). Este filme foi gravado em 10 Países: BRASIL, EUA, Portugal, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica, Índia e Argentina. *Que tal filme fortaleça a mente daqueles que ainda acreditam no Papai Noel de esquerda.* O anônimo patriota.

 

DIVULGUEM POR FAVOR.

 

 

https://portalnovonorte.com.br/noticia/108146/mafia-no-brasil-deputado-propoe-lei-durissima-com-pena-de-20-anos-e-inelegibilidade-por-duas-decadas

 

https://youtu.be/ylM1bS9K46o?si=ru9ooeBsYC_CSN4T

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

NOTÍCIAS...02

 

 

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https://www.otempo.com.br/cidades/2025/10/13/qual-a-explicacao-cientifica-para-a-morte-da-mulher-que-comeu-a-falsa-couve-biologa-responde

NOTÍCIAS...01

 

 

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Senador Alcolumbre, a modernização não pode apagar as nossas raízes.

Rejeite os experimentos ideológicos no novo código civil — nada de divórcio unilateral, famílias artificiais ou silêncio sobre a vida dos não nascidos.


CORDEL02



 

VÍDEOS...+03

CENSURA TOTAL

AMAZÔNIA EM CHAMAS...GOVERNO DO PT


 

GUIMARÃES ROSA...

 

O festejar sertanejo em Guimarães Rosa

Este é o tema de um famoso conto do escritor mineiro. Nele, a cachaça e a música nos conduzem através de uma etnografia da celebração no interior do país, que faz soar uma sinfonia de estórias, entre os dramas da consciência do herói e antigos arquétipos revividos.

 

A Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS) e Outras Palavras publicam o penúltimo texto da série A mesa dos mineiros narra Minas, escrito por Maurício Ayer (TEL/UnB). O autor parte do conto “Uma estória de amor” (Festa de Manuelzão), de Guimarães Rosa, para refletir sobre o celebrar. Mostra que, na roça, não há festa sem cachaça, elemento que atravessa tanto a etnografia participante do sertão quanto a elaboração interior de Manuelzão. O beber farto e tranquilo indica harmonia: a cachaça torna as pessoas mais aptas ao encontro, verdadeira razão da festa, que interrompe o trabalho cotidiano e aproxima os vizinhos, lembrando que são eles que formam nossa humanidade. Nessa convivência alegre e desinibida, Rosa se mostra um escritor-fermentador, que extrai da terra os aromas, cores e sabores que, ao fogo de sua arte, revelam algo do plano mítico. Curada por José Newton Coelho Meneses, esta série da Coluna Minas Mundo propõe investigar a mesa mineira como linguagem e expressão de um cosmopolitismo cultural próprio da região. Os textos estão sendo publicados quinzenalmente às quartas-feiras. Outros textos da série podem ser conferidos aqui.

 

“Ia haver festa”, inicia João Guimarães Rosa o seu conto “Uma estória de amor (Festa de Manuelzão)” (Rosa, 1984 [1956]), a declarar seu tema: o celebrar. Na roça, não há festa sem cachaça, e é isso vai nos ocupar neste rolo de texto virtual. É um conto? Creio que podemos chamá-lo assim, pois um mesmo núcleo mantém a narrativa coesa, embora a esse fio muitas estórias venham dependurar-se, ao modo de um varal rapsódico. Esse dispositivo de coesão é, sublinhe-se, a “consciência” de Manuelzão, que tudo acompanha de perto, já que ele é ali o capataz-chefe – respeitado por todos e honrado em seu posto pela palavra do proprietário da terra, Federico Freyre –, preocupado em assegurar o bom acontecer dos ritos, o bem-estar e a diversão dessa comunidade ampla que se reuniu para homenagear sua capelinha. Assim, o conto constrói uma espécie de etnografia participante do celebrar sertanejo, que é atravessada, na consciência do observador, por um mergulho em sua psicologia, ao modo não propriamente de uma autoanálise, mas de um remoer em tempo real de certos “nós” que Manuelzão se esforça por desatar, elaborar.

 

Por entre esses dois planos entremeados, Rosa faz atravessar um terceiro, de registro arquetípico. E o faz sem alarde. Vejamos. Onde a estória nos situa? No Norte de Minas Gerais, numa cartografia pontuada por Andrequicé, Pirapora, o rio de-Janeiro, paisagem de tantas estórias do autor e muito bem construída por suas coisas e personagens: os vaqueiros, as mulheres cuidando da preparação da capela para a festa, as gentes que chegam e acampam, a música de rabeca e sanfona, as danças, o riachinho que secou e motivou a construção e dedicação de uma capela à santa, a comida e a cachaça. Mas o nome do lugar tudo desloca: aquele arraial chama-se “Samarra”, que ocorre de ser (também) o nome de uma cidade milenar da antiga Mesopotâmia, à margem do rio Tigre, no atual Iraque, que o senso comum ensina a chamar de “o berço da civilização”. Ali é um “lugar” (qualquer) mas também o “Lugar”. O recurso a uma simples inicial maiúscula produz essa passagem: há a casa de Manuelzão e a Casa; a festa e a Festa. E há ainda outros modos de desdobrar a vida miúda num plano muito mais amplo, por exemplo: os pobres a chegar “rogavam para o rugoso Céu, com estrelas, mas cheios de sobrolhos, serenando na estrada-de-santiago”; esta expressão designa a Via Láctea, ao mesmo tempo que reafirma: destino de peregrinação, nessa hora um arraialzinho no sertão mineiro é, também, Compostela.

 

Este tríplice mover do tempo acontece ininterruptamente, em simultâneo. O tempo social da história, situável na cronologia, ainda que num passo de longa duração, se vê embebido daquilo que Georges Didi-Huberman chamou de “inconsciente” (das imagens, das cenas), que é anacrônico como o sonho, podendo apontar para frente ou para trás, numa trama multidirecional. A capela construída por Manuelzão ia fazer daquele fim de mundo um lugar: “queria uma festa forte, a primeira missa. Agora, por dizer, certo modo, aquele lugar da Samarra se fundava.” O marco fincado no chão estabelece o zero do tempo-espaço, o lugar nasce para o porvir. O nome de dois personagens condensam essa temporalidade: João Urúgem funde “Ur” (o arché alemão) com “origem” e resulta num quase pio de coruja na noite da consciência; outro, ajudante de Manuelzão, cunhado de seu filho, é o Promitivo – o “primitivo” em fusão com a “promessa”, o que virá. Então esta é a Samarra ancestral, onde nasceu a humanidade sedentária, cultivadora e criadora, e ao mesmo tempo uma outra onde apenas se plantou o primeiro cruzeiro. Amarras.

 

No ínterim, as pedras que sustentam e dão forma à celebração vão sendo colocado, um roteiro que, a seu modo a cada vez, se repetirá em toda festa. Começa na véspera, com a preparação de tudo e a chegada das gentes de toda parte, demandando hospitalidade e sendo acolhidas com o adequado rito. Cada família traz uma estória, um causo, um acontecido, que vai compondo o mosaico, o colorido do varal. A festa propriamente se inicia na manhã seguinte, com a sagração do lugar e do dia (a missa). Trocam-se os produtos do trabalho (o leilão de animais). Há música e dança, há olhares, gestos, namoros e saudades, quem sabe conta estórias, como Joana Xaviel na noite da véspera e o velho Camilo na noite seguinte, os demais ouvem e admiram. E o sol haverá de ressurgir no horizonte para que se cumpra o turno completo da noite festeira, pequeno ciclo luminoso circunscrito nos círculos da vida.

 

“E… era uma vez uma vaca Vitória: caiu no buraco – e começa outra estória… e era uma vez uma vaca Tereza: saiu do buraco – e a estória era a mesma…”

 

Pois ia haver festa, e onde tem festa, tem cachaça. Naturalmente, a caninha também atravessa esse bordado de tempos, essas amarrações… (Parênteses: esse aflorar da cena em sua complexa temporalidade anacrônica, Didi-Huberman chama de sintoma; mas eu, pra não chamar doença, prefiro pensar como sinfonia, esse soar junto de fluxos temporais heterogêneos, um pouco inspirado na reflexão de Haroldo de Campos sobre memória e tradição, em que pondera a musa entre o museu à música, e um muito inspirado na Sinfonia de Luciano Berio: o acontecimento histórico como um bosque quântico de reminiscências e remissões multidirecionais, uma peripécia que é, paradoxalmente, anacrônica e integralmente feita de tempo.) A cachaça, dizia eu, permeia a etnografia participante de Manuelzão, e também tem um papel na elaboração interna do herói. E haverá de tocar o arquetípico, como não?

 

Quem primeiro traz a cachaça à cena da festa é o músico Chico Bràabóz, “o preto da rabeca” (com seu sobrenome, transfiguração de Barbosa, que figura na grafia a sua cara de brabo). “Chico Bràabóz, que tinha feições finas de mouro, nariz pontudo. Ele recendia a aguardentes, mas tinha muitas memórias: as músicas, as danças, as cantigas” (p. 171). A cachaça se anuncia pelo cheiro de um músico que traz, em suas feições, a fusão de (in)certas origens evocadas, mas também a memória condensada do que jorrará para a celebração. A descrição do músico é a do próprio motor da festa, e veremos o quanto ele é abastecido, do princípio até o fim, com seu combustível, a aguardente:

 

Chico Bràabóz, preto cores pretas, mas com feições. Ô homem da pólvora quente! Se chegava, animante, simples social, o mundo inteiro pregado na ponta de seu nariz. Até todo apelido ele aceitava: Chico dos Alvores, Chico da Sorte, Chico Seja, Chico Praz – e o que por aí se quisesse. Vinha vindo já todo inventado, saramicujo, fazendo muita serenância. As lábias lérias. Já estava meio chumbado, bebeu mais do que o copo manda (p. 202).

 

Acompanhando os cantos que Chico canta, com a participação de toda a roda no coro, vemos que eles compõem uma metanarrativa da vida, destilando em versos improvisados uma doutrina de humildade: os “nossos” grandes feitos contrastam com o porquê que os arrazoa, traduzido como “um nada”, “uma coisa à toa” ou uma talagada, como nessa quadrinha:

 

Travessei o São Francisco

Montado numa cabaça:

Arriscando minha vida

Por um gole de cachaça…

– Olerê, canta! (p. 207)

 

E bem depois, festa adiantada toca “a mazurca ‘A Caninha’ ou ‘Cana Caiana’” (p. 228). Para o serviço, quem administrará a distribuição da bebida é o Joãozim vendeiro, que trouxera “um carro-debois cheios, em duas viagens” (p. 201), com tudo o que pudesse vender, como comidas e bebidas, inclusive “garrafas de conhaque e cachaça”. Noutro lado da festa, no leilão, “alguém tinha arrematado uma garrafa de moça-branca” para o dono da festa.

 

Aqui já caminhamos plenamente na trilha da etnografia rosiana. Cerveja na roça não é para todo dia, mas em dia especial se consome: “Também se bebia. As cervejas – a outra e a preta – e o bom vinho de buriti, rososo, o qual feito em princípios de setembro, quando o coqueiro lateja mais encorpado de caldos e o fermento tange mor de virtude. Mastigavam e tomavam, nas alegrias” (p. 215). E pode servir, como a pinga, para limpar a voz para um pronunciamento importante: “Manuelzão espiou em redor, limpou a goela, ele tinha pensado aquele momento, decidido segurava um copo de cerveja” (p. 216).

 

É claro que a narrativa não poderá descrever a celebração em toda minúcia o tempo todo, já que “a festa era o a-esmo, um acontecido de muitos, os espaços, uma coisa que não se podia pegar” (p. 209). Manuelzão, para saber dos seus se estavam apreciando, convida a um trago: “– ‘Seo Leovigildo, compadre Cupertino: estão gostando?’ ‘– Demais.’ ‘– Vamos abeirar, beber qualquer braba?’ ‘– Já se bebeu, Manuelzão, Deus lhe saiba…’ Todo o mundo se associava ali, estavam gostando, pelo esperado” (p. 209). Nota-se a satisfação do anfitrião com o que aferiu em sua enquete: o beber farto – em paz – é aqui um indicador de que a função corre bem.

 

Um viajante que chegou mais tarde, dá ao anfitrião seu “matungo” pra poder “satisfazer um golinho desta sua festa…”, e ao dizê-lo serve-se, igualando a celebração a uma caninha que se degusta (p. 213). E noutro lado circula uma modalidade especial da bebida: “E correr pelo povo os garrafões da azulzinha beijadeira – negócio como se diz: esses palhaços no palhiço. Eta, festa! Como se queria uma alegria” (p. 218). A “azulzinha”, produzida tradicionalmente em vários lugares, costuma ser uma aguardente produzida com folhas de um cítrico, como laranja ou mexerica, colocadas no pescoço do alambique durante a destilação. Ela adquire um brilho azul e um suave aroma. E aqui é o combustível que faz arder a alegria.

 

Toda essa cachaça torna as pessoas mais aptas ao encontro, e a festa é, em última instância, para isso. É, como explica o Rosa, a interrupção no trabalho cotidiano – o corte. Pois “trabalhar é se juntar com as coisas, se separar das pessoas”. Pela festa, deixamos as nossas vacas, galinhas, roças e computadores por um momento para estarmos disponíveis apenas às pessoas. Cada um vai querer se mostrar no seu modo mais encantador – por isso há roupas especiais, cabelos ou joias, mas também as falas bem colocadas e a facilidade do sorriso, o gostar um pouco mais de quem estão conosco em nossa trajetória. É um jeito de lembrar que, dos milhões de lugares do mundo, calhou de eu viver aqui; das bilhões de pessoas viventes, são essas dezenas que constituem a minha humanidade. São “os vizinhos de todas as veredas, o mundo”. E a cachaça desinibidora, é provedora de simpatia. Afinal a festa deve ser “o risonho termo e começo de tudo, a gente desmanchando tudo, até o feito com seu suor do trabalho de sempre; e sem precisar, depois, de tornar a refazer”.

 

No centro da festa estão os músicos, e o seu líder, o mencionado Chico Bràabóz, chega mamado e segue alimentando o seu fogo. Quando faz um intervalo, é para conversar e beber: “– ‘Vai um tome-juízo, seo Chico?’ ‘– Pois até não desaceito, Manuelzão. Quando bebo um gole, fico mais prazido…’” (p. 225). Manuelzão reflete sobre o personagem:

 

Chico Bràabóz era até trabalhador. Plantava seu prato de feijão, mas, com a rabeca, ele puxava toda a toada – a gente não se escorasse, ele mandava na gente. – “Outro gole, seo Chico?” – “Escorre. O mundo acaba é pra quem morre!” Tomava. (…) Aquela alegria era forte, mas falseava. Toda tirada expressamente da patrícia da garrafa, que nem um remédio bravo (p. 225). 

 

O beber um gole e ficar “mais prazido” são analisados pelo psicólogo Manuelzão (confundido com o narrador), que vê como a cachaça tem para Chico a função de produzir uma alegria, como um remédio, donde talvez se entenda a bebedeira constante, o permanente falar rimando. Ele bebe para sustentar sua máscara, que é também um ensaio de ser, encantador até, mas que lhe consome energia. Chico deseja estar feliz, mesmo artificialmente, com o uso de uma droga. Vemos isso, sempre, pelo olhar de Manuelzão, que nessa hora contrasta a ansiedade do músico com a parcimônia do velho Camilo, esse senhor octogenário, que bebe apenas para não dizer não ao Chico, que o convida, como quem impõe: “– ‘Vamos consumir uma jenuária, seo Camilo?’ ‘Será dúvida? Já estou bebido, por sua bondade…’ ‘– Pois mais, seo Camilo. Hoje é festa…’ Tinha de tomar. Tomava. Assaz vagaroso, fechando meio os olhos. Seo Camilo – era o velho delicado” (p. 227).

 

De perto, portanto, a cachaça – e o modo de consumi-la – mostra um acesso às personalidades, nos seus modos e modulações, de cada um. E aqui já estamos naquela segunda instância temporal, a do remoer interno. É claro que quem mais o faz, por ser a consciência aberta a nós leitores, é Manuelzão. Este consome seu tempo a ruminar sobre sua condição de homem maduro, já começando a ser velho, que não se casou, e permaneceu ligado à mãe – talvez excessivamente? Até a capelinha que motivou a festa é um presente póstumo à genitora. Imerso neste tema, que cutuca sua insegurança de ser homem suficientemente, Manuelzão, no íntimo, perquire os casais, projeta-se no lugar do homem, como é o caso de seu olhar insistente sobre Joana Xaviel, colocando em dúvida se o velho Camilo comparece como homem. Mas é principalmente o caso de Leonísia, sua nora, que ele admira em sua beleza e na inteireza do exercício de seu papel de mulher, com todos os cuidados inclusive para com ele, em relação à qual ele põe em dúvida o mérito de seu filho como homem. Adelso parece não ter presença e iniciativa, e toca-o especialmente o fato de o filho (fruto de um relacionamento passageiro) não se propor a tomar o seu lugar na condução de uma boiada, que sairá após a festa.

 

É em meio a essa ruminação que Manuelzão vai em busca de um argumento: “Não sabendo, se chegou, com uns, para a barraquinha do Joãozim da Venda. Queria beber uma januária” (p. 209, grifo meu). Aqui cabe acrescentar umas informações: a cidade portuária de Januária, à margem do São Francisco, é famosa por sua cachaça armazenada em enormes dornas de amburana, essa madeira muito aromática que se tornou, expandindo-se a partir da tradição norte-mineira, um patrimônio cachaceiro do país. Rosa fala dela em outros escritos, como no Grande Sertão: Veredas ou no conto “Minha Gente”, do Sagarana. Uma “januária”, assim, com letra minúscula, é um tipo muito específico de cachaça, com aroma e sabor peculiares, que Manuelzão busca não para prover-se de animação, mas, ao contrário, para melhorar o trato e o contato consigo mesmo. Nessa hora, o trago acalma e nos torna mais íntimos de nós mesmos, e é o que o herói parece buscar: a festa em pleno curso, é tempo de soltar as rédeas de seu trabalho interno, sua escuta de si.

 

E como a cachaça toca o arquetípico? Diria que esta, como outras narrativas de Rosa, tem algo da cachaça em sua estrutura mesma, que está relacionado ao processo alquímico da destilação. Em algum momento uma essência se revela, se desmistura da matéria farta da vida para figurar-se no plano neoplatônico de uma verdade. “A hora e vez de Augusto Matraga” é assim, “Corpo Fechado” também (ambos do Sagarana). Como se Rosa fosse primeiro um escritor-fermentador, que procura extrair da matéria-prima colhida na (sua) terra o máximo de aromas, cores e sabores, os quais ele espalha e deixa proliferar ao longo da escrita; então, Rosa expõe essa matéria múltipla e rica ao fogo direto de sua arte, revelando algo que, em sua imperenidade, toca o plano arquetípico, ou mítico.

 

Nessa rapsódia sertaneja, o grande ato é o que revela o velho Camilo como contador de estórias. Ele, que é descrito no início como “apenas uma espécie doméstica de mendigo, recolhido, inválido, que ali viera ter e fora adotado por bem-fazer, surgido do mundo do Norte”, de repente se revela o rapsodo por excelência – ao lado de sua companheira, que abrira a festa, Joana Xaviel. “Com facho, tocha, rolo de cera aceso, e espertem essas fogueiras – seo Camilo é contador!” (p. 242). Mas se “Joana Xaviel sabe mil estórias”, e atua principalmente na véspera, desdobrando-se entre crianças, mulheres e homens com seu corpo vibrante e presente, seo Camilo, já quase descorporificado, vai contar uma só estória, a do Menino, do Cavalo, do Boi Bonito… a modo de mito do lugar, onde um riachinho se enuncia: “Sou riacho que nunca seca…” (p. 253). Como a água-da-vida que corre nos cursos de um certo lugar sagrado onde se chega após o mundo se acabar. Joana Xaviel é a fermentação dos frutos da terra, seo Camilo é a sua destilação. E a expressão “estória de amor”, que dá título ao conto, quando aparece é para falar dos dois.

 

O mundo da Samarra, finalmente, não se acaba. Mas a folia, sim. Vê-se que “A festa não é pra se consumir – mas para depois se lembrar…” É quando a história começa, e a história, ensina o benjaminiano Didi-Huberman (2025: 101), “está sempre por recomeçar”.

 

Fica difícil não terminarmos cá com as próprias palavras finais do conto, na voz de Manuelzão: “A boiada vai sair. Somos que vamos” (p. 258).

CORDEL



 

terça-feira, 14 de outubro de 2025

MENSAGENS




 

NORDESTINOS...

 


Feliz Dia do Nordestino! 71 frases para celebrar o orgulho e o amor pelo Nordeste

 

O Dia do Nordestino, celebrado em 8 de outubro, é o momento de exaltar as raízes, o sotaque e a força da cultura brasileira! Reunimos 71 frases “arretadas” para expressar o orgulho de ser nordestino, para compartilhar, postar e espalhar amor pelo Nordeste.

 

Mensagem para o Dia do Nordestino

Frases curtas sobre o orgulho de ser nordestino

“Ser nordestino é ser resistência e poesia.”

“O Nordeste é minha bandeira e meu coração.”

“Arretado é pouco para descrever meu orgulho!”

“Terra quente, povo acolhedor.”

“Nordestino não desiste, se reinventa.”

“Sol no rosto e fé no peito.”

“Sou do Nordeste com muito amor!”

“Orgulho de ser arretado.”

“Aqui o calor é do clima e do coração.”

“O Nordeste é força, fé e alegria.”

Frases longas para celebrar o Dia do Nordestino

“Ser nordestino é carregar no peito a coragem de quem enfrenta a seca e ainda sorri com o coração cheio de esperança.”

“O Nordeste é mais que uma região, é um sentimento que mistura fé, cultura, luta e amor pela vida.”

“Entre o sertão e o mar, o Nordeste guarda histórias que inspiram o Brasil inteiro.”

“O orgulho de ser nordestino vem da alma, do jeito simples e da força que move o povo.”

“Quem nasce no Nordeste aprende desde cedo o valor da resistência, da amizade e da alegria.”

“É impossível falar do Brasil sem reconhecer a grandeza do Nordeste e de seu povo arretado.”

“Ser nordestino é transformar dificuldades em poesia e calor em carinho.”

“No Nordeste, a vida é dura, mas o riso é fácil e sincero.”

“Nordestino é aquele que luta, ama e nunca perde a fé.”

“O Nordeste é terra de fé, forró e muita história para contar.”

Frases para homenagear o Dia do Nordestino

“Hoje é dia de homenagear quem faz o Nordeste pulsar com alegria e resistência.”

“Um viva a todos os nordestinos que enchem o Brasil de cor, arte e cultura!”

“Parabéns ao povo mais guerreiro e acolhedor desse país.”

“O Nordeste é feito de gente que transforma o impossível em arte.”

“Minha homenagem a quem carrega no sorriso a força de um povo inteiro.”

“Que nunca falte reconhecimento à coragem e à grandeza do povo nordestino.”

“Cada nordestino é um pedaço da história viva do Brasil.”

“Hoje é dia de celebrar quem faz o Nordeste ser o que é: único e inspirador.”

“Ao povo nordestino, meu respeito, minha admiração e meu amor.”

“Ser nordestino é motivo de aplauso todos os dias.”

Frases sobre o orgulho de ser nordestino

“Tenho orgulho da minha terra, da minha fala e das minhas raízes.”

“Sou nordestino com muito orgulho, e não troco minha história por nada.”

“Ser nordestino é um título que carrego com amor e respeito.”

“O Nordeste me ensinou a sorrir mesmo diante da seca.”

“Tenho o coração quente e a alma cheia de Nordeste.”

“Orgulho de cada canto, de cada sotaque, de cada história.”

“O Nordeste é a prova viva de que a beleza está na diversidade.”

“Ser nordestino é ter coragem pra viver e poesia pra contar.”

“O orgulho nordestino corre nas minhas veias.”

“Sou de onde o sol brilha forte e o povo brilha mais ainda.”

Frases com gírias e expressões nordestinas

“Pense num povo arretado, é o nosso!”

“Ô terra boa da gota!”

“Vixe Maria, é muito amor pelo Nordeste!”

“Sou cabra da peste, com orgulho e coragem.”

“Aqui é tudo na base do “oxente” e do coração aberto.”

“No Nordeste, o sol é quente e o abraço é mais ainda.”

“Ô lugar danado de bonito!”

“Ave Maria, o Nordeste é bom demais da conta!”

“Deixe de besteira e venha se apaixonar pelo Nordeste.”

“Só quem é nordestino entende o que é ser arretado de verdade.”

Frases inspiradas na cultura e na música nordestina

“Como dizia Luiz Gonzaga: ‘O Nordeste é o coração do Brasil.'”

“No compasso do forró, a gente dança a vida.”

“Cada sanfona que toca conta um pedaço da nossa história.”

“Do sertão ao litoral, o Nordeste canta e encanta.”

“O baião embala o coração de quem nasceu nessa terra.”

“Que nunca falte forró, fé e esperança.”

“O Nordeste é poesia em cada acorde da sanfona.”

“Quando toca o xote, o coração do nordestino sorri.”

“No balanço do mar e do forró, a gente encontra o sentido da vida.”

“O Nordeste tem o dom de transformar ritmo em emoção.”

Frases de fé e esperança para o Dia do Nordestino

“Deus abençoou o Nordeste com luz, fé e coragem.”

“Cada amanhecer no sertão é um milagre de fé.”

“O nordestino acredita, reza e segue firme, mesmo na seca.”

“A fé do povo nordestino é o que faz florescer o impossível.”

“O sol do Nordeste ilumina mais que o caminho — aquece a alma.”

“Com fé e coragem, o nordestino vence qualquer desafio.”

“O Nordeste é forte porque é feito de fé e esperança.”

“Rezo por esta terra arretada e abençoada por Deus.”

“Onde há um nordestino, há luz, fé e alegria.”

“Ser nordestino é acreditar que dias melhores sempre vêm.”

“Que o Dia do Nordestino nos lembre de sempre ter fé que move essa terra.”

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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

ESCRAVIDÃO SEC.XXI

 


Mauritânia: o último reduto da escravidão tradicional no mundo

O governo mauritano nega há décadas que a escravidão exista. Isso dificulta ainda mais que as pessoas escravizadas tenham acesso a seus direitos.

Beatriz Sanz, do R7

 

Muitas crianças na Mauritânia ainda nascem como escravas

É difícil de acreditar que no século XXI ainda exista no mundo um lugar onde crianças nascem escravas, mas na Mauritânia essa ainda é a realidade de muitas pessoas.

 

No país do noroeste da África, o sistema de escravidão ainda é o tradicional, semelhante ao que o Brasil viveu por quase quatro séculos. Lá, os mais ricos ainda podem ser “donos” de outras pessoas. A condição de escravo é hereditária e passa de mãe para filho.

 

“Eles [as pessoas escravizadas] estão socialmente mortos, invisíveis. Ao contrário de outras formas de escravidão, essas pessoas não conhecem a vida fora da zona permitida em que vivem”, explica a primeira Relatora Especial sobre Escravidão no Conselho de Direitos Humanos da ONU, Gulnara Shahinian, que acompanha muito de perto a situação no país africano.

Não existem dados oficiais confiáveis sobre a quantidade de pessoas escravizadas que vivem na Mauritânia, mas as estimativas são altas. O Índice Global de Escravidão divulgado em 2016 aponta que 43 mil pessoas, o que equivale a 1% da população do país executa trabalhos forçados.

Mas o especialista em escravidão Mike Dottridge, ouvido pelo R7, questiona esse dado.

“Isto é baseado em uma amostra aleatória, uma pesquisa nacional representativa conduzida em 2015, que procurou identificar casos de casamento forçado e trabalho forçado na população em geral”, afirma. Gulnara confirma que os dados disponíveis não são confiáveis.

Oficialmente, o governo da Mauritânia nega a existência da escravidão no país. Logo, não existem dados do governo sobre o número de pessoas escravizadas no país conduzido pelo presidente Mohammed Ould Abdelaziz, um militar que deu um golpe de estado para chegar ao poder.

A abolição oficial da escravidão no país só aconteceu em 1981. A Mauritânia foi o último país do mundo a proibir a escravidão legalmente.

Mas a transformação da prática da escravidão em crime só aconteceu 26 anos depois, em 2007. Até então, apenas dois donos de escravos haviam sido condenados judicialmente, segundo um relatório da Anistia Internacional.

Estupros e casamentos forçados

Uma das faces mais cruéis da escravidão na Mauritânia é que as mulheres que ainda vivem no sistema da escravidão são estupradas por seus donos, já que a escravidão é condição hereditária e essas crianças também nascerão escravas.

Além disso, mesmo sendo pessoas livres, os mouros negros que tiveram familiares escravizados sofrem com o preconceito e continuam a carregar os estigmas de uma vida de servidão.

“Mesmo depois de escaparem da escravidão eles não podem acessar nenhum dos benefícios que o estado fornece a outros cidadãos, porque eles não têm certidões de nascimento”, conta Jakub Sobik, gerente de comunicação da ONG britânica Anti-Slavery.

Como são considerados propriedades, essas pessoas podem ser vendidas, herdadas e até mesmo doadas como presente de casamento.

  Outro costume dos donos de escravos é casar as adolescentes à força.

Escravidão é baseada na cor da pele

Como aconteceu na maior parte do mundo, a escravidão na Mauritânia também é baseada na cor da pele dos escravos. No país, os mouros brancos escravizaram os mouros negros.

Os mouros negros, são divididos em duas grandes categorias os haratine, que são pessoas que tiveram ancestrais escravizados, mas são livres; e os abid, que continuam no regime de servidão.

A sociedade moura se divide em castas semelhante ao sistema hindu. Os estratos mais altos — sacerdotes religiosos e guerreiros, por exemplo — são reservados para os mouros brancos.

Eles são ainda maioria no governo, no Legislativo e também no Judiciário. Isso é apontado pelos especialistas como um dos principais fatores que dificultam as condenações dos escravagistas mauritanos.

“Promotores, juízes, policiais e autoridades locais em sua maioria são das castas dominantes e mantém relações com donos de escravos ou eles mesmo são donos de escravos”, afirma Jakub Sobik.

Os censos de população na Mauritânia não são divulgados, mas acredita-se que a população negra seja maioria.

No sul do país, existem ainda outras etnias de população de pele escura que não foram escravizadas.

Dificuldade para condenar escravistas

A criminalização da escravidão, no entanto, não facilitou a condenação de outros donos de escravos como era esperado. A lei existe no papel, mas não é colocada em prática.

O governo sequer admite que a escravidão tradicional ainda exista.

Para Gulnara Shahinian, que trabalha denunciando casos de escravidão na ONU, a falta de ação do governo mauritano pode ser explicada em parte por conta da responsabilidade legal gerada ao se admitir que a escravidão existe.

Ainda assim, algumas vezes, a Justiça da Mauritânia faz alguma condenação, no melhor estilo “para inglês ver”. Em março deste ano, dois antigos donos de escravos foram condenados há 10 e 20 anos de prisão pelo crime de possuir escravos.

Em janeiro de 2018, uma decisão internacional surpreendeu os militantes antiescravidão da Mauritânia. O Comitê Africano de Especialistas em Direitos e Bem-estar da Criança exigiu que o governo mauritano preste auxílio a dois garotos que fugiram dos maus tratos de seu antigo dono em 2011.

Este caso já havia sido julgado no tribunal do país e a pena já havia sido definida: dois anos de prisão para o mestre escravista Ahmed Ould El Hassine e indenização no valor de cerca de US $ 4.700 (cerca de R$ 16 mil) para cada um dos garotos.

A pena, no entanto, não foi cumprida e o caso ficou parado no tribunal, o que gerou a condenação internacional. Agora o governo mauritano está obrigado a arcar com a indenização.

Militantes e ONGs têm dificuldades para atuar

Além de dificilmente punir donos de escravos, a Mauritânia facilmente pune ativistas que defendem o fim da escravidão.

A principal ONG sobre o tema do país se chama SOS Esclaves (SOS Escravos). Ela atua desde 1995 no país, mas só foi legalizada em 2005.

Um dos principais líderes da SOS Esclaves, Biram Dah Abeid, foi preso e processado por “atividades ilegais”, em 2010. No ano seguinte ele foi condenado a 12 meses de prisão, mas foi perdoado pelo presidente Abdel Aziz na sequência.

Outra organização que trabalha pelo fim da escravidão no país é a IRA (Iniciativa para o Ressurgimento do Abolicionismo, em tradução livre do francês) que até hoje atua na clandestinidade pois não é reconhecida pelo governo.

Em 2016, 13 membros dessa organização foram sentenciados a 15 anos de prisão cada por participarem de um protesto contra a escravidão.

Os militantes destacam que, como aconteceu no Ocidente, a religião é usada na Mauritânia para justificar a escravidão. A religião oficial do país é o islamismo.

“Como os escravos são analfabetos, o mestre usa a religião, a divisão da família e outros fatores para mantê-los sob controle”, conta Gulnara Shahinian.

Muitos sacerdotes utilizam trechos do alcorão para fundamentar a escravidão.

Em protestos contra a escravidão é comum a queima de livros religiosos.

A realidade do país onde ser escravo de nascença ainda é 'normal'

Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de escravos. A abolição legal só aconteceu em 1981 e a escravidão tornou-se crime apenas em 2007

Não existem dados oficiais confiáveis sobre quantas pessoas vivam nessa condição no país, mas estima-se que seja cerca de 43 mil pessoas, o que equivale a 1% da população. A maioria das pessoas escravizadas seriam mulheres

Muitas crianças também são escravas porque, quando uma mulher que está na condição de escrava tem um filho, ele também será escravizado. Alguns desses garotos conseguem se livrar dessa situação e fugir quando crescem, mas muito poucos conseguem libertar suas famílias

A escravidão na Mauritânia é baseada em um sistema de castas, como na Índia. Os mouros brancos escravizaram os mouros negros, que também são chamado de haratine. Mesmo depois que um haratine é libertado, ele continua sofrendo preconceito de toda a sociedade

Os especialistas em escravidão ouvidos pelo R7 explicam que em sua maioria, as pessoas escravizadas não possuem certidão de nascimento e quando são libertadas não podem receber auxílio do Estado

Como são tratados como propriedade, os escravos podem ser vendidos ou dados de presente em casamentos. Eles não possuem independência. É costume entre os donos de escravos referir-se a essas pessoas como "da família" o que dificulta ainda mais a fiscalização

Como os donos de escravos são ricos e fazem parte da elite local, eles raramente são punidos por seus crimes. São muito poucas as condenações de donos de escravos na Mauritânia

Além disso, ativistas que trabalham pelo fim da escravidão têm seu trabalho ameaçado pela Justiça e muitas vezes são presos ao tentar denunciar essa realidade degradante para o resto do mundo

Veja também: A realidade do país onde ser escravo de nascença ainda é 'normal'

Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de escravos. A abolição legal só aconteceu ...

Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de escravos. A abolição legal só aconteceu em 1981 e a escravidão tornou-se crime apenas em 2007

SUN TZU

 




SUN TZU

 “Conheça o inimigo e conheça a si mesmo, e você poderá lutar mil batalhas sem sofrer derrotas.”

 

Era uma estratégia de poder. Estudada por imperadores chineses, samurais japoneses, generais do Vietnã, pela KGB soviética e até pelo Exército dos EUA.

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