sábado, 18 de outubro de 2025
DIA DO PROFESSOR 01
Como um
professor de escola pública e uma parlamentar negra criaram o Dia do Professor
há quase 80 anos
Antonieta
de Barros foi uma das figuras centrais na criação do Dia do Professor
Na sala
dos professores do Ginásio Caetano de Campos, conhecido como Caetaninho, uma
escola pública que funcionava na Rua Augusta, uma questão angustiava: era
preciso buscar uma solução para aliviar o calendário letivo no segundo
semestre, então carente de pausas para o descanso.
Foi
quando o piracicabano Salomão Becker (1922-2006) teve uma ideia. Ele se lembrou
de que em sua cidade-natal havia a tradição de um dia em que os alunos levavam
doces e salgadinhos para se confraternizar com os professores. Juntou alhos com
bugalhos e propôs uma pausa nas atividades escolares para que fosse celebrado o
Dia do Professor — que hoje é celebrado no Brasil todo dia 15 de outubro.
A
escolha da data não poderia ser mais conveniente: mais ou menos no meio do
segundo semestre escolar, coincidindo com o dia da primeira legislação
brasileira a instituir oficialmente a educação pública primária em todo o
território nacional, a Lei Imperial de 15 de outubro de 1827, sancionada pelo
imperador d. Pedro 1º (1798-1834).
Em
1947, portanto, o Caetaninho passou a ter o Dia dos Professores. E a ideia logo
foi se espalhando por outros colégios. Tanto que, no ano seguinte, se tornou
lei paulista.
"A
iniciativa de Salomão Becker é a gênese afetiva e comunitária da data",
comenta à BBC News Brasil o publicitário Rinaldo Allara Filho, pesquisador da
área de educação e professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Ele
percebeu o esgotamento físico e mental dos colegas ao final de um longo período
letivo e teve uma ideia simples, porém profundamente humana: organizar um dia
de folga e confraternização."
NOTÍCIAS...01
https://www.instagram.com/reel/DNYm1LFxgge/?l=1
https://youtu.be/qglUfl7r17Q?si=YKMY84De-w2XNDb8
https://vt.tiktok.com/ZSUCd1etU/
https://youtu.be/sTgc-G_zmDM?si=MsA-rI65r2-5anTt
https://www.instagram.com/p/DPB79vADY6A/?igsh=MTJnYjUzYXcyYnN0dw%3D%3D
https://youtu.be/XlFt5Ig3DZA?si=JEpuYo_Y_OMQir-Z
https://www.instagram.com/reel/DPtUmBAAKkV/?l=1
sexta-feira, 17 de outubro de 2025
NOTÍCIAS...02
https://youtube.com/shorts/8UxNYiaKoPw?si=m-WOdmQacA688S7p
https://www.instagram.com/reel/DPzrwyLD2rb/?l=1
https://www.instagram.com/reel/DP3cbh2j5tz/?l=1
https://youtu.be/ow1MixAq-Yc?si=4fi9ISnCDASJRS98
https://youtube.com/shorts/merQowluj24?si=yC0AD4EWVlqFDCbE
IVERMECTINA
·IVERMECTINA
e ALZHEIMER: O Efeito Neuroprotetor que Ninguém Esperava, Segundo a Ciência:
A
Ivermectina se tornou um dos medicamentos mais polêmicos do mundo, mas a
ciência está revelando algo que transcende o debate: o seu potencial em doenças
que não têm nada a ver com parasitas.
Um novo
estudo de revisão aprofundada aponta para descobertas surpreendentes sobre o
cérebro:
⦁
Efeito Neuroprotetor: Pesquisas recentes revelaram que a Ivermectina demonstra
efeitos protetores contra a Isquemia Cerebral e, o mais chocante, contra a
Doença de Alzheimer.
⦁
Ação Multifacetada: O potencial da Ivermectina vai muito além. Ela é estudada
por suas propriedades anti-inflamatórias, por inibir o crescimento de tumores e
por possuir efeitos anticonvulsivantes. Isso sugere que a ação dela no corpo é
complexa e poderosa.
Mas,
atenção: Não estamos falando de um tratamento aprovado ou de automedicação.
Estamos falando de ciência que está em laboratório, explorando os mecanismos
que podem, um dia, levar a novas terapias. O que a ciência nos mostra é que o
mecanismo por trás do Alzheimer está ligado à inflamação e ao estresse
oxidativo, áreas onde a Ivermectina tem demonstrado atuação.
A
grande lição é que o seu futuro não é uma sentença. A degeneração do cérebro é
um processo que envolve inflamação e toxinas que podem ser combatidas.
Você
não pode esperar pelo tratamento do amanhã. O que você faz hoje é a sua melhor
defesa.
Para
entender quais são os verdadeiros vilões que estão roubando sua clareza mental
e a blindar seu cérebro de forma eficaz, eu preparei um Mini Guia Gratuito e
exclusivo: "Descubra os 03 Furos que Estão Roubando Sua Memória".
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#ivermectina
#Alzheimer #demencia #qualidadedevida
quinta-feira, 16 de outubro de 2025
NOTÍCIAS...04
https://m.facebook.com/watch/?v=3046427578850078&vanity=drcarlosmachado
https://youtube.com/shorts/up1M2CCRsTo?si=FKJqYAw7GoAhn0BO
https://m.facebook.com/reel/1351897496480478/?referral_source=external_deeplink
https://www.instagram.com/reel/DP1ZSkpDUt5/?l=1
O fato: Uma grande máquina de censura composta pelas Big
Techs e agências governamentais será revelada no documentário “God Complex” da
Brasil Paralelo.
✍️ Explicação - God Complex, a
primeira produção internacional da Brasil Paralelo, mostrará casos reais de
pessoas que foram silenciadas por governos.
NOTÍCIAS...03
NOTÍCIAS:
https://youtube.com/shorts/51M3QJeL87c?si=J4lC8xUj7j55qiqF
https://youtu.be/WUwDQ4gwguA?si=L1ORmK12VdFPwHHJ
https://m.facebook.com/reel/1124379256468688/?referral_source=external_deeplink
NOTÍCIAS...01
Caros amigos, comunico que no dia 1° de novembro (cai num
sábado) vamos ter o privilégio de assistirmos no YOUTUBE (televisão, computador
ou APP) o filme " O FALSO JUIZ " produzido pelo jornalista português
Sérgio Tavares, baseado na história de uma nação nas mãos de um psicopata que
busca expor a ditadura imposta no BRASIL. Adivinhem quem é o ator em destaque.
Ora, ora, é aquele ditador, tirano e doente psicótico, Alexandre de Moraes. O
filme vai mostrar todos os CRIMES deste pseudo Ministro, protagonizados contra
a Constituição Federal do BRASIL e contra os direitos humanos praticados
arbitrariamente nas sentenças contraditórias dos anarquistas de 8 de janeiro
apelidados de "golpistas" (aqueles que estavam sem armas, sem
munição, sem exército e sem qualquer prévio planejamento de invasão). Este
filme foi gravado em 10 Países: BRASIL, EUA, Portugal, Espanha, Inglaterra,
Alemanha, Itália, Bélgica, Índia e Argentina. *Que tal filme fortaleça a mente
daqueles que ainda acreditam no Papai Noel de esquerda.* O anônimo patriota.
DIVULGUEM POR FAVOR.
https://portalnovonorte.com.br/noticia/108146/mafia-no-brasil-deputado-propoe-lei-durissima-com-pena-de-20-anos-e-inelegibilidade-por-duas-decadas
https://youtu.be/ylM1bS9K46o?si=ru9ooeBsYC_CSN4T
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
NOTÍCIAS...02
https://www.instagram.com/reel/DPuUhRpESSv/?l=1
https://www.instagram.com/reel/DPuUhRpESSv/?l=1
https://youtu.be/rXB1bqV6ByI?si=K9pmLb0rxiaaaIEU
https://share.google/images/xo2NZXPZZAJ4UpAjv
https://www.instagram.com/reel/DPxF7rFjAY8/?igsh=MTdhMWdwNjFtbmpn
https://www.otempo.com.br/cidades/2025/10/13/qual-a-explicacao-cientifica-para-a-morte-da-mulher-que-comeu-a-falsa-couve-biologa-responde
NOTÍCIAS...01
https://m.facebook.com/reel/10076169139150834/?referral_source=external_deeplink
https://youtu.be/OjCFRF0bwNI?si=gQ_28jUu1n_r2MTM
https://youtu.be/WUwDQ4gwguA?si=X1RkiVXtKKXKHiBR
https://www.instagram.com/reel/DKlASi2vHOo/?l=1
Senador Alcolumbre, a modernização não pode apagar as nossas
raízes.
Rejeite os experimentos ideológicos no novo código civil —
nada de divórcio unilateral, famílias artificiais ou silêncio sobre a vida dos
não nascidos.
GUIMARÃES ROSA...
O
festejar sertanejo em Guimarães Rosa
Este é
o tema de um famoso conto do escritor mineiro. Nele, a cachaça e a música nos
conduzem através de uma etnografia da celebração no interior do país, que faz
soar uma sinfonia de estórias, entre os dramas da consciência do herói e
antigos arquétipos revividos.
A
Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS) e Outras Palavras publicam o
penúltimo texto da série A mesa dos mineiros narra Minas, escrito por Maurício
Ayer (TEL/UnB). O autor parte do conto “Uma estória de amor” (Festa de
Manuelzão), de Guimarães Rosa, para refletir sobre o celebrar. Mostra que, na
roça, não há festa sem cachaça, elemento que atravessa tanto a etnografia
participante do sertão quanto a elaboração interior de Manuelzão. O beber farto
e tranquilo indica harmonia: a cachaça torna as pessoas mais aptas ao encontro,
verdadeira razão da festa, que interrompe o trabalho cotidiano e aproxima os
vizinhos, lembrando que são eles que formam nossa humanidade. Nessa convivência
alegre e desinibida, Rosa se mostra um escritor-fermentador, que extrai da
terra os aromas, cores e sabores que, ao fogo de sua arte, revelam algo do
plano mítico. Curada por José Newton Coelho Meneses, esta série da Coluna Minas
Mundo propõe investigar a mesa mineira como linguagem e expressão de um
cosmopolitismo cultural próprio da região. Os textos estão sendo publicados
quinzenalmente às quartas-feiras. Outros textos da série podem ser conferidos
aqui.
“Ia
haver festa”, inicia João Guimarães Rosa o seu conto “Uma estória de amor
(Festa de Manuelzão)” (Rosa, 1984 [1956]), a declarar seu tema: o celebrar. Na
roça, não há festa sem cachaça, e é isso vai nos ocupar neste rolo de texto
virtual. É um conto? Creio que podemos chamá-lo assim, pois um mesmo núcleo
mantém a narrativa coesa, embora a esse fio muitas estórias venham
dependurar-se, ao modo de um varal rapsódico. Esse dispositivo de coesão é,
sublinhe-se, a “consciência” de Manuelzão, que tudo acompanha de perto, já que
ele é ali o capataz-chefe – respeitado por todos e honrado em seu posto pela
palavra do proprietário da terra, Federico Freyre –, preocupado em assegurar o
bom acontecer dos ritos, o bem-estar e a diversão dessa comunidade ampla que se
reuniu para homenagear sua capelinha. Assim, o conto constrói uma espécie de
etnografia participante do celebrar sertanejo, que é atravessada, na
consciência do observador, por um mergulho em sua psicologia, ao modo não
propriamente de uma autoanálise, mas de um remoer em tempo real de certos “nós”
que Manuelzão se esforça por desatar, elaborar.
Por
entre esses dois planos entremeados, Rosa faz atravessar um terceiro, de
registro arquetípico. E o faz sem alarde. Vejamos. Onde a estória nos situa? No
Norte de Minas Gerais, numa cartografia pontuada por Andrequicé, Pirapora, o
rio de-Janeiro, paisagem de tantas estórias do autor e muito bem construída por
suas coisas e personagens: os vaqueiros, as mulheres cuidando da preparação da
capela para a festa, as gentes que chegam e acampam, a música de rabeca e
sanfona, as danças, o riachinho que secou e motivou a construção e dedicação de
uma capela à santa, a comida e a cachaça. Mas o nome do lugar tudo desloca:
aquele arraial chama-se “Samarra”, que ocorre de ser (também) o nome de uma cidade
milenar da antiga Mesopotâmia, à margem do rio Tigre, no atual Iraque, que o
senso comum ensina a chamar de “o berço da civilização”. Ali é um “lugar”
(qualquer) mas também o “Lugar”. O recurso a uma simples inicial maiúscula
produz essa passagem: há a casa de Manuelzão e a Casa; a festa e a Festa. E há
ainda outros modos de desdobrar a vida miúda num plano muito mais amplo, por
exemplo: os pobres a chegar “rogavam para o rugoso Céu, com estrelas, mas
cheios de sobrolhos, serenando na estrada-de-santiago”; esta expressão designa
a Via Láctea, ao mesmo tempo que reafirma: destino de peregrinação, nessa hora
um arraialzinho no sertão mineiro é, também, Compostela.
Este
tríplice mover do tempo acontece ininterruptamente, em simultâneo. O tempo
social da história, situável na cronologia, ainda que num passo de longa
duração, se vê embebido daquilo que Georges Didi-Huberman chamou de
“inconsciente” (das imagens, das cenas), que é anacrônico como o sonho, podendo
apontar para frente ou para trás, numa trama multidirecional. A capela
construída por Manuelzão ia fazer daquele fim de mundo um lugar: “queria uma
festa forte, a primeira missa. Agora, por dizer, certo modo, aquele lugar da
Samarra se fundava.” O marco fincado no chão estabelece o zero do tempo-espaço,
o lugar nasce para o porvir. O nome de dois personagens condensam essa
temporalidade: João Urúgem funde “Ur” (o arché alemão) com “origem” e resulta
num quase pio de coruja na noite da consciência; outro, ajudante de Manuelzão,
cunhado de seu filho, é o Promitivo – o “primitivo” em fusão com a “promessa”,
o que virá. Então esta é a Samarra ancestral, onde nasceu a humanidade
sedentária, cultivadora e criadora, e ao mesmo tempo uma outra onde apenas se
plantou o primeiro cruzeiro. Amarras.
No
ínterim, as pedras que sustentam e dão forma à celebração vão sendo colocado,
um roteiro que, a seu modo a cada vez, se repetirá em toda festa. Começa na
véspera, com a preparação de tudo e a chegada das gentes de toda parte,
demandando hospitalidade e sendo acolhidas com o adequado rito. Cada família
traz uma estória, um causo, um acontecido, que vai compondo o mosaico, o
colorido do varal. A festa propriamente se inicia na manhã seguinte, com a
sagração do lugar e do dia (a missa). Trocam-se os produtos do trabalho (o
leilão de animais). Há música e dança, há olhares, gestos, namoros e saudades,
quem sabe conta estórias, como Joana Xaviel na noite da véspera e o velho
Camilo na noite seguinte, os demais ouvem e admiram. E o sol haverá de
ressurgir no horizonte para que se cumpra o turno completo da noite festeira,
pequeno ciclo luminoso circunscrito nos círculos da vida.
“E… era
uma vez uma vaca Vitória: caiu no buraco – e começa outra estória… e era uma
vez uma vaca Tereza: saiu do buraco – e a estória era a mesma…”
Pois ia
haver festa, e onde tem festa, tem cachaça. Naturalmente, a caninha também
atravessa esse bordado de tempos, essas amarrações… (Parênteses: esse aflorar
da cena em sua complexa temporalidade anacrônica, Didi-Huberman chama de
sintoma; mas eu, pra não chamar doença, prefiro pensar como sinfonia, esse soar
junto de fluxos temporais heterogêneos, um pouco inspirado na reflexão de
Haroldo de Campos sobre memória e tradição, em que pondera a musa entre o museu
à música, e um muito inspirado na Sinfonia de Luciano Berio: o acontecimento
histórico como um bosque quântico de reminiscências e remissões
multidirecionais, uma peripécia que é, paradoxalmente, anacrônica e
integralmente feita de tempo.) A cachaça, dizia eu, permeia a etnografia
participante de Manuelzão, e também tem um papel na elaboração interna do
herói. E haverá de tocar o arquetípico, como não?
Quem
primeiro traz a cachaça à cena da festa é o músico Chico Bràabóz, “o preto da
rabeca” (com seu sobrenome, transfiguração de Barbosa, que figura na grafia a
sua cara de brabo). “Chico Bràabóz, que tinha feições finas de mouro, nariz
pontudo. Ele recendia a aguardentes, mas tinha muitas memórias: as músicas, as
danças, as cantigas” (p. 171). A cachaça se anuncia pelo cheiro de um músico
que traz, em suas feições, a fusão de (in)certas origens evocadas, mas também a
memória condensada do que jorrará para a celebração. A descrição do músico é a
do próprio motor da festa, e veremos o quanto ele é abastecido, do princípio
até o fim, com seu combustível, a aguardente:
Chico
Bràabóz, preto cores pretas, mas com feições. Ô homem da pólvora quente! Se
chegava, animante, simples social, o mundo inteiro pregado na ponta de seu
nariz. Até todo apelido ele aceitava: Chico dos Alvores, Chico da Sorte, Chico
Seja, Chico Praz – e o que por aí se quisesse. Vinha vindo já todo inventado,
saramicujo, fazendo muita serenância. As lábias lérias. Já estava meio
chumbado, bebeu mais do que o copo manda (p. 202).
Acompanhando
os cantos que Chico canta, com a participação de toda a roda no coro, vemos que
eles compõem uma metanarrativa da vida, destilando em versos improvisados uma
doutrina de humildade: os “nossos” grandes feitos contrastam com o porquê que
os arrazoa, traduzido como “um nada”, “uma coisa à toa” ou uma talagada, como
nessa quadrinha:
Travessei
o São Francisco
Montado
numa cabaça:
Arriscando
minha vida
Por um
gole de cachaça…
–
Olerê, canta! (p. 207)
E bem
depois, festa adiantada toca “a mazurca ‘A Caninha’ ou ‘Cana Caiana’” (p. 228).
Para o serviço, quem administrará a distribuição da bebida é o Joãozim
vendeiro, que trouxera “um carro-debois cheios, em duas viagens” (p. 201), com
tudo o que pudesse vender, como comidas e bebidas, inclusive “garrafas de
conhaque e cachaça”. Noutro lado da festa, no leilão, “alguém tinha arrematado
uma garrafa de moça-branca” para o dono da festa.
Aqui já
caminhamos plenamente na trilha da etnografia rosiana. Cerveja na roça não é
para todo dia, mas em dia especial se consome: “Também se bebia. As cervejas –
a outra e a preta – e o bom vinho de buriti, rososo, o qual feito em princípios
de setembro, quando o coqueiro lateja mais encorpado de caldos e o fermento
tange mor de virtude. Mastigavam e tomavam, nas alegrias” (p. 215). E pode
servir, como a pinga, para limpar a voz para um pronunciamento importante:
“Manuelzão espiou em redor, limpou a goela, ele tinha pensado aquele momento,
decidido segurava um copo de cerveja” (p. 216).
É claro
que a narrativa não poderá descrever a celebração em toda minúcia o tempo todo,
já que “a festa era o a-esmo, um acontecido de muitos, os espaços, uma coisa
que não se podia pegar” (p. 209). Manuelzão, para saber dos seus se estavam
apreciando, convida a um trago: “– ‘Seo Leovigildo, compadre Cupertino: estão
gostando?’ ‘– Demais.’ ‘– Vamos abeirar, beber qualquer braba?’ ‘– Já se bebeu,
Manuelzão, Deus lhe saiba…’ Todo o mundo se associava ali, estavam gostando,
pelo esperado” (p. 209). Nota-se a satisfação do anfitrião com o que aferiu em
sua enquete: o beber farto – em paz – é aqui um indicador de que a função corre
bem.
Um
viajante que chegou mais tarde, dá ao anfitrião seu “matungo” pra poder
“satisfazer um golinho desta sua festa…”, e ao dizê-lo serve-se, igualando a
celebração a uma caninha que se degusta (p. 213). E noutro lado circula uma
modalidade especial da bebida: “E correr pelo povo os garrafões da azulzinha
beijadeira – negócio como se diz: esses palhaços no palhiço. Eta, festa! Como
se queria uma alegria” (p. 218). A “azulzinha”, produzida tradicionalmente em
vários lugares, costuma ser uma aguardente produzida com folhas de um cítrico,
como laranja ou mexerica, colocadas no pescoço do alambique durante a
destilação. Ela adquire um brilho azul e um suave aroma. E aqui é o combustível
que faz arder a alegria.
Toda
essa cachaça torna as pessoas mais aptas ao encontro, e a festa é, em última
instância, para isso. É, como explica o Rosa, a interrupção no trabalho
cotidiano – o corte. Pois “trabalhar é se juntar com as coisas, se separar das
pessoas”. Pela festa, deixamos as nossas vacas, galinhas, roças e computadores
por um momento para estarmos disponíveis apenas às pessoas. Cada um vai querer
se mostrar no seu modo mais encantador – por isso há roupas especiais, cabelos
ou joias, mas também as falas bem colocadas e a facilidade do sorriso, o gostar
um pouco mais de quem estão conosco em nossa trajetória. É um jeito de lembrar
que, dos milhões de lugares do mundo, calhou de eu viver aqui; das bilhões de
pessoas viventes, são essas dezenas que constituem a minha humanidade. São “os
vizinhos de todas as veredas, o mundo”. E a cachaça desinibidora, é provedora
de simpatia. Afinal a festa deve ser “o risonho termo e começo de tudo, a gente
desmanchando tudo, até o feito com seu suor do trabalho de sempre; e sem
precisar, depois, de tornar a refazer”.
No
centro da festa estão os músicos, e o seu líder, o mencionado Chico Bràabóz,
chega mamado e segue alimentando o seu fogo. Quando faz um intervalo, é para
conversar e beber: “– ‘Vai um tome-juízo, seo Chico?’ ‘– Pois até não
desaceito, Manuelzão. Quando bebo um gole, fico mais prazido…’” (p. 225).
Manuelzão reflete sobre o personagem:
Chico
Bràabóz era até trabalhador. Plantava seu prato de feijão, mas, com a rabeca,
ele puxava toda a toada – a gente não se escorasse, ele mandava na gente. –
“Outro gole, seo Chico?” – “Escorre. O mundo acaba é pra quem morre!” Tomava.
(…) Aquela alegria era forte, mas falseava. Toda tirada expressamente da
patrícia da garrafa, que nem um remédio bravo (p. 225).
O beber
um gole e ficar “mais prazido” são analisados pelo psicólogo Manuelzão
(confundido com o narrador), que vê como a cachaça tem para Chico a função de
produzir uma alegria, como um remédio, donde talvez se entenda a bebedeira
constante, o permanente falar rimando. Ele bebe para sustentar sua máscara, que
é também um ensaio de ser, encantador até, mas que lhe consome energia. Chico
deseja estar feliz, mesmo artificialmente, com o uso de uma droga. Vemos isso,
sempre, pelo olhar de Manuelzão, que nessa hora contrasta a ansiedade do músico
com a parcimônia do velho Camilo, esse senhor octogenário, que bebe apenas para
não dizer não ao Chico, que o convida, como quem impõe: “– ‘Vamos consumir uma
jenuária, seo Camilo?’ ‘Será dúvida? Já estou bebido, por sua bondade…’ ‘– Pois
mais, seo Camilo. Hoje é festa…’ Tinha de tomar. Tomava. Assaz vagaroso,
fechando meio os olhos. Seo Camilo – era o velho delicado” (p. 227).
De
perto, portanto, a cachaça – e o modo de consumi-la – mostra um acesso às
personalidades, nos seus modos e modulações, de cada um. E aqui já estamos
naquela segunda instância temporal, a do remoer interno. É claro que quem mais
o faz, por ser a consciência aberta a nós leitores, é Manuelzão. Este consome
seu tempo a ruminar sobre sua condição de homem maduro, já começando a ser
velho, que não se casou, e permaneceu ligado à mãe – talvez excessivamente? Até
a capelinha que motivou a festa é um presente póstumo à genitora. Imerso neste
tema, que cutuca sua insegurança de ser homem suficientemente, Manuelzão, no
íntimo, perquire os casais, projeta-se no lugar do homem, como é o caso de seu
olhar insistente sobre Joana Xaviel, colocando em dúvida se o velho Camilo
comparece como homem. Mas é principalmente o caso de Leonísia, sua nora, que
ele admira em sua beleza e na inteireza do exercício de seu papel de mulher,
com todos os cuidados inclusive para com ele, em relação à qual ele põe em
dúvida o mérito de seu filho como homem. Adelso parece não ter presença e
iniciativa, e toca-o especialmente o fato de o filho (fruto de um
relacionamento passageiro) não se propor a tomar o seu lugar na condução de uma
boiada, que sairá após a festa.
É em
meio a essa ruminação que Manuelzão vai em busca de um argumento: “Não sabendo,
se chegou, com uns, para a barraquinha do Joãozim da Venda. Queria beber uma
januária” (p. 209, grifo meu). Aqui cabe acrescentar umas informações: a cidade
portuária de Januária, à margem do São Francisco, é famosa por sua cachaça
armazenada em enormes dornas de amburana, essa madeira muito aromática que se
tornou, expandindo-se a partir da tradição norte-mineira, um patrimônio
cachaceiro do país. Rosa fala dela em outros escritos, como no Grande Sertão:
Veredas ou no conto “Minha Gente”, do Sagarana. Uma “januária”, assim, com
letra minúscula, é um tipo muito específico de cachaça, com aroma e sabor
peculiares, que Manuelzão busca não para prover-se de animação, mas, ao
contrário, para melhorar o trato e o contato consigo mesmo. Nessa hora, o trago
acalma e nos torna mais íntimos de nós mesmos, e é o que o herói parece buscar:
a festa em pleno curso, é tempo de soltar as rédeas de seu trabalho interno,
sua escuta de si.
E como
a cachaça toca o arquetípico? Diria que esta, como outras narrativas de Rosa,
tem algo da cachaça em sua estrutura mesma, que está relacionado ao processo
alquímico da destilação. Em algum momento uma essência se revela, se desmistura
da matéria farta da vida para figurar-se no plano neoplatônico de uma verdade.
“A hora e vez de Augusto Matraga” é assim, “Corpo Fechado” também (ambos do
Sagarana). Como se Rosa fosse primeiro um escritor-fermentador, que procura
extrair da matéria-prima colhida na (sua) terra o máximo de aromas, cores e
sabores, os quais ele espalha e deixa proliferar ao longo da escrita; então,
Rosa expõe essa matéria múltipla e rica ao fogo direto de sua arte, revelando
algo que, em sua imperenidade, toca o plano arquetípico, ou mítico.
Nessa
rapsódia sertaneja, o grande ato é o que revela o velho Camilo como contador de
estórias. Ele, que é descrito no início como “apenas uma espécie doméstica de
mendigo, recolhido, inválido, que ali viera ter e fora adotado por bem-fazer,
surgido do mundo do Norte”, de repente se revela o rapsodo por excelência – ao
lado de sua companheira, que abrira a festa, Joana Xaviel. “Com facho, tocha,
rolo de cera aceso, e espertem essas fogueiras – seo Camilo é contador!” (p.
242). Mas se “Joana Xaviel sabe mil estórias”, e atua principalmente na
véspera, desdobrando-se entre crianças, mulheres e homens com seu corpo
vibrante e presente, seo Camilo, já quase descorporificado, vai contar uma só
estória, a do Menino, do Cavalo, do Boi Bonito… a modo de mito do lugar, onde
um riachinho se enuncia: “Sou riacho que nunca seca…” (p. 253). Como a água-da-vida
que corre nos cursos de um certo lugar sagrado onde se chega após o mundo se
acabar. Joana Xaviel é a fermentação dos frutos da terra, seo Camilo é a sua
destilação. E a expressão “estória de amor”, que dá título ao conto, quando
aparece é para falar dos dois.
O mundo
da Samarra, finalmente, não se acaba. Mas a folia, sim. Vê-se que “A festa não
é pra se consumir – mas para depois se lembrar…” É quando a história começa, e
a história, ensina o benjaminiano Didi-Huberman (2025: 101), “está sempre por
recomeçar”.
Fica
difícil não terminarmos cá com as próprias palavras finais do conto, na voz de
Manuelzão: “A boiada vai sair. Somos que vamos” (p. 258).
terça-feira, 14 de outubro de 2025
NORDESTINOS...
Feliz
Dia do Nordestino! 71 frases para celebrar o orgulho e o amor pelo Nordeste
O Dia
do Nordestino, celebrado em 8 de outubro, é o momento de exaltar as raízes, o
sotaque e a força da cultura brasileira! Reunimos 71 frases “arretadas” para
expressar o orgulho de ser nordestino, para compartilhar, postar e espalhar
amor pelo Nordeste.
Mensagem
para o Dia do Nordestino
Frases
curtas sobre o orgulho de ser nordestino
“Ser
nordestino é ser resistência e poesia.”
“O
Nordeste é minha bandeira e meu coração.”
“Arretado
é pouco para descrever meu orgulho!”
“Terra
quente, povo acolhedor.”
“Nordestino
não desiste, se reinventa.”
“Sol no
rosto e fé no peito.”
“Sou do
Nordeste com muito amor!”
“Orgulho
de ser arretado.”
“Aqui o
calor é do clima e do coração.”
“O
Nordeste é força, fé e alegria.”
Frases
longas para celebrar o Dia do Nordestino
“Ser
nordestino é carregar no peito a coragem de quem enfrenta a seca e ainda sorri
com o coração cheio de esperança.”
“O
Nordeste é mais que uma região, é um sentimento que mistura fé, cultura, luta e
amor pela vida.”
“Entre
o sertão e o mar, o Nordeste guarda histórias que inspiram o Brasil inteiro.”
“O
orgulho de ser nordestino vem da alma, do jeito simples e da força que move o
povo.”
“Quem
nasce no Nordeste aprende desde cedo o valor da resistência, da amizade e da
alegria.”
“É
impossível falar do Brasil sem reconhecer a grandeza do Nordeste e de seu povo
arretado.”
“Ser
nordestino é transformar dificuldades em poesia e calor em carinho.”
“No
Nordeste, a vida é dura, mas o riso é fácil e sincero.”
“Nordestino
é aquele que luta, ama e nunca perde a fé.”
“O
Nordeste é terra de fé, forró e muita história para contar.”
Frases
para homenagear o Dia do Nordestino
“Hoje é
dia de homenagear quem faz o Nordeste pulsar com alegria e resistência.”
“Um
viva a todos os nordestinos que enchem o Brasil de cor, arte e cultura!”
“Parabéns
ao povo mais guerreiro e acolhedor desse país.”
“O
Nordeste é feito de gente que transforma o impossível em arte.”
“Minha
homenagem a quem carrega no sorriso a força de um povo inteiro.”
“Que
nunca falte reconhecimento à coragem e à grandeza do povo nordestino.”
“Cada nordestino
é um pedaço da história viva do Brasil.”
“Hoje é
dia de celebrar quem faz o Nordeste ser o que é: único e inspirador.”
“Ao
povo nordestino, meu respeito, minha admiração e meu amor.”
“Ser
nordestino é motivo de aplauso todos os dias.”
Frases
sobre o orgulho de ser nordestino
“Tenho
orgulho da minha terra, da minha fala e das minhas raízes.”
“Sou
nordestino com muito orgulho, e não troco minha história por nada.”
“Ser
nordestino é um título que carrego com amor e respeito.”
“O
Nordeste me ensinou a sorrir mesmo diante da seca.”
“Tenho
o coração quente e a alma cheia de Nordeste.”
“Orgulho
de cada canto, de cada sotaque, de cada história.”
“O
Nordeste é a prova viva de que a beleza está na diversidade.”
“Ser
nordestino é ter coragem pra viver e poesia pra contar.”
“O
orgulho nordestino corre nas minhas veias.”
“Sou de
onde o sol brilha forte e o povo brilha mais ainda.”
Frases
com gírias e expressões nordestinas
“Pense
num povo arretado, é o nosso!”
“Ô
terra boa da gota!”
“Vixe
Maria, é muito amor pelo Nordeste!”
“Sou
cabra da peste, com orgulho e coragem.”
“Aqui é
tudo na base do “oxente” e do coração aberto.”
“No
Nordeste, o sol é quente e o abraço é mais ainda.”
“Ô
lugar danado de bonito!”
“Ave
Maria, o Nordeste é bom demais da conta!”
“Deixe
de besteira e venha se apaixonar pelo Nordeste.”
“Só
quem é nordestino entende o que é ser arretado de verdade.”
Frases
inspiradas na cultura e na música nordestina
“Como
dizia Luiz Gonzaga: ‘O Nordeste é o coração do Brasil.'”
“No
compasso do forró, a gente dança a vida.”
“Cada
sanfona que toca conta um pedaço da nossa história.”
“Do
sertão ao litoral, o Nordeste canta e encanta.”
“O
baião embala o coração de quem nasceu nessa terra.”
“Que
nunca falte forró, fé e esperança.”
“O
Nordeste é poesia em cada acorde da sanfona.”
“Quando
toca o xote, o coração do nordestino sorri.”
“No
balanço do mar e do forró, a gente encontra o sentido da vida.”
“O
Nordeste tem o dom de transformar ritmo em emoção.”
Frases
de fé e esperança para o Dia do Nordestino
“Deus
abençoou o Nordeste com luz, fé e coragem.”
“Cada
amanhecer no sertão é um milagre de fé.”
“O
nordestino acredita, reza e segue firme, mesmo na seca.”
“A fé
do povo nordestino é o que faz florescer o impossível.”
“O sol
do Nordeste ilumina mais que o caminho — aquece a alma.”
“Com fé
e coragem, o nordestino vence qualquer desafio.”
“O
Nordeste é forte porque é feito de fé e esperança.”
“Rezo
por esta terra arretada e abençoada por Deus.”
“Onde
há um nordestino, há luz, fé e alegria.”
“Ser
nordestino é acreditar que dias melhores sempre vêm.”
“Que o
Dia do Nordestino nos lembre de sempre ter fé que move essa terra.”
NOTÍCIAS...01
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segunda-feira, 13 de outubro de 2025
ESCRAVIDÃO SEC.XXI
Mauritânia: o último reduto da escravidão tradicional no
mundo
O governo mauritano nega há décadas que a escravidão exista.
Isso dificulta ainda mais que as pessoas escravizadas tenham acesso a seus
direitos.
Beatriz Sanz, do R7
Muitas crianças na Mauritânia ainda nascem como escravas
É difícil de acreditar que no século XXI ainda exista no
mundo um lugar onde crianças nascem escravas, mas na Mauritânia essa ainda é a
realidade de muitas pessoas.
No país do noroeste da África, o sistema de escravidão ainda
é o tradicional, semelhante ao que o Brasil viveu por quase quatro séculos. Lá,
os mais ricos ainda podem ser “donos” de outras pessoas. A condição de escravo
é hereditária e passa de mãe para filho.
“Eles [as pessoas escravizadas] estão socialmente mortos,
invisíveis. Ao contrário de outras formas de escravidão, essas pessoas não
conhecem a vida fora da zona permitida em que vivem”, explica a primeira
Relatora Especial sobre Escravidão no Conselho de Direitos Humanos da ONU,
Gulnara Shahinian, que acompanha muito de perto a situação no país africano.
Não existem dados oficiais confiáveis sobre a quantidade de
pessoas escravizadas que vivem na Mauritânia, mas as estimativas são altas. O
Índice Global de Escravidão divulgado em 2016 aponta que 43 mil pessoas, o que
equivale a 1% da população do país executa trabalhos forçados.
Mas o especialista em escravidão Mike Dottridge, ouvido pelo
R7, questiona esse dado.
“Isto é baseado em uma amostra aleatória, uma pesquisa
nacional representativa conduzida em 2015, que procurou identificar casos de
casamento forçado e trabalho forçado na população em geral”, afirma. Gulnara
confirma que os dados disponíveis não são confiáveis.
Oficialmente, o governo da Mauritânia nega a existência da
escravidão no país. Logo, não existem dados do governo sobre o número de
pessoas escravizadas no país conduzido pelo presidente Mohammed Ould Abdelaziz,
um militar que deu um golpe de estado para chegar ao poder.
A abolição oficial da escravidão no país só aconteceu em
1981. A Mauritânia foi o último país do mundo a proibir a escravidão
legalmente.
Mas a transformação da prática da escravidão em crime só
aconteceu 26 anos depois, em 2007. Até então, apenas dois donos de escravos
haviam sido condenados judicialmente, segundo um relatório da Anistia
Internacional.
Estupros e casamentos forçados
Uma das faces mais cruéis da escravidão na Mauritânia é que
as mulheres que ainda vivem no sistema da escravidão são estupradas por seus
donos, já que a escravidão é condição hereditária e essas crianças também
nascerão escravas.
Além disso, mesmo sendo pessoas livres, os mouros negros que
tiveram familiares escravizados sofrem com o preconceito e continuam a carregar
os estigmas de uma vida de servidão.
“Mesmo depois de escaparem da escravidão eles não podem
acessar nenhum dos benefícios que o estado fornece a outros cidadãos, porque
eles não têm certidões de nascimento”, conta Jakub Sobik, gerente de
comunicação da ONG britânica Anti-Slavery.
Como são considerados propriedades, essas pessoas podem ser
vendidas, herdadas e até mesmo doadas como presente de casamento.
Outro costume dos
donos de escravos é casar as adolescentes à força.
Escravidão é baseada na cor da pele
Como aconteceu na maior parte do mundo, a escravidão na
Mauritânia também é baseada na cor da pele dos escravos. No país, os mouros
brancos escravizaram os mouros negros.
Os mouros negros, são divididos em duas grandes categorias
os haratine, que são pessoas que tiveram ancestrais escravizados, mas são
livres; e os abid, que continuam no regime de servidão.
A sociedade moura se divide em castas semelhante ao sistema
hindu. Os estratos mais altos — sacerdotes religiosos e guerreiros, por exemplo
— são reservados para os mouros brancos.
Eles são ainda maioria no governo, no Legislativo e também
no Judiciário. Isso é apontado pelos especialistas como um dos principais
fatores que dificultam as condenações dos escravagistas mauritanos.
“Promotores, juízes, policiais e autoridades locais em sua maioria
são das castas dominantes e mantém relações com donos de escravos ou eles mesmo
são donos de escravos”, afirma Jakub Sobik.
Os censos de população na Mauritânia não são divulgados, mas
acredita-se que a população negra seja maioria.
No sul do país, existem ainda outras etnias de população de
pele escura que não foram escravizadas.
Dificuldade para condenar escravistas
A criminalização da escravidão, no entanto, não facilitou a
condenação de outros donos de escravos como era esperado. A lei existe no papel,
mas não é colocada em prática.
O governo sequer admite que a escravidão tradicional ainda
exista.
Para Gulnara Shahinian, que trabalha denunciando casos de
escravidão na ONU, a falta de ação do governo mauritano pode ser explicada em
parte por conta da responsabilidade legal gerada ao se admitir que a escravidão
existe.
Ainda assim, algumas vezes, a Justiça da Mauritânia faz
alguma condenação, no melhor estilo “para inglês ver”. Em março deste ano, dois
antigos donos de escravos foram condenados há 10 e 20 anos de prisão pelo crime
de possuir escravos.
Em janeiro de 2018, uma decisão internacional surpreendeu os
militantes antiescravidão da Mauritânia. O Comitê Africano de Especialistas em
Direitos e Bem-estar da Criança exigiu que o governo mauritano preste auxílio a
dois garotos que fugiram dos maus tratos de seu antigo dono em 2011.
Este caso já havia sido julgado no tribunal do país e a pena
já havia sido definida: dois anos de prisão para o mestre escravista Ahmed Ould
El Hassine e indenização no valor de cerca de US $ 4.700 (cerca de R$ 16 mil)
para cada um dos garotos.
A pena, no entanto, não foi cumprida e o caso ficou parado
no tribunal, o que gerou a condenação internacional. Agora o governo mauritano
está obrigado a arcar com a indenização.
Militantes e ONGs têm dificuldades para atuar
Além de dificilmente punir donos de escravos, a Mauritânia
facilmente pune ativistas que defendem o fim da escravidão.
A principal ONG sobre o tema do país se chama SOS Esclaves
(SOS Escravos). Ela atua desde 1995 no país, mas só foi legalizada em 2005.
Um dos principais líderes da SOS Esclaves, Biram Dah Abeid,
foi preso e processado por “atividades ilegais”, em 2010. No ano seguinte ele
foi condenado a 12 meses de prisão, mas foi perdoado pelo presidente Abdel Aziz
na sequência.
Outra organização que trabalha pelo fim da escravidão no
país é a IRA (Iniciativa para o Ressurgimento do Abolicionismo, em tradução
livre do francês) que até hoje atua na clandestinidade pois não é reconhecida
pelo governo.
Em 2016, 13 membros dessa organização foram sentenciados a
15 anos de prisão cada por participarem de um protesto contra a escravidão.
Os militantes destacam que, como aconteceu no Ocidente, a
religião é usada na Mauritânia para justificar a escravidão. A religião oficial
do país é o islamismo.
“Como os escravos são analfabetos, o mestre usa a religião,
a divisão da família e outros fatores para mantê-los sob controle”, conta
Gulnara Shahinian.
Muitos sacerdotes utilizam trechos do alcorão para
fundamentar a escravidão.
Em protestos contra a escravidão é comum a queima de livros
religiosos.
A realidade do país onde ser escravo de nascença ainda é
'normal'
Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas
mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a
escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de
escravos. A abolição legal só aconteceu em 1981 e a escravidão tornou-se crime
apenas em 2007
Não existem dados oficiais confiáveis sobre quantas pessoas
vivam nessa condição no país, mas estima-se que seja cerca de 43 mil pessoas, o
que equivale a 1% da população. A maioria das pessoas escravizadas seriam
mulheres
Muitas crianças também são escravas porque, quando uma
mulher que está na condição de escrava tem um filho, ele também será
escravizado. Alguns desses garotos conseguem se livrar dessa situação e fugir
quando crescem, mas muito poucos conseguem libertar suas famílias
A escravidão na Mauritânia é baseada em um sistema de
castas, como na Índia. Os mouros brancos escravizaram os mouros negros, que
também são chamado de haratine. Mesmo depois que um haratine é libertado, ele
continua sofrendo preconceito de toda a sociedade
Os especialistas em escravidão ouvidos pelo R7 explicam que
em sua maioria, as pessoas escravizadas não possuem certidão de nascimento e
quando são libertadas não podem receber auxílio do Estado
Como são tratados como propriedade, os escravos podem ser
vendidos ou dados de presente em casamentos. Eles não possuem independência. É
costume entre os donos de escravos referir-se a essas pessoas como "da
família" o que dificulta ainda mais a fiscalização
Como os donos de escravos são ricos e fazem parte da elite
local, eles raramente são punidos por seus crimes. São muito poucas as
condenações de donos de escravos na Mauritânia
Além disso, ativistas que trabalham pelo fim da escravidão
têm seu trabalho ameaçado pela Justiça e muitas vezes são presos ao tentar
denunciar essa realidade degradante para o resto do mundo
Veja também: A realidade do país onde ser escravo de
nascença ainda é 'normal'
Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas
mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a
escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de
escravos. A abolição legal só aconteceu ...
Na Mauritânia, um país no noroeste da África, as pessoas
mais ricas ainda podem ter escravos. O país não reconhece oficialmente que a
escravidão seja uma realidade e não toma medidas reais para punir os donos de
escravos. A abolição legal só aconteceu em 1981 e a escravidão tornou-se crime
apenas em 2007
SUN TZU
SUN TZU
“Conheça o inimigo e conheça a si mesmo, e
você poderá lutar mil batalhas sem sofrer derrotas.”
Era uma
estratégia de poder. Estudada por imperadores chineses, samurais japoneses,
generais do Vietnã, pela KGB soviética e até pelo Exército dos EUA.
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ESTUDO: https://youtu.be/wmDs8QIZ9jc //Pr.Paulo Jr, // Amizades // https://youtu.be/aIha3Ef-WAg //Pr.Paulo Jr. // Orgulho // https://youtu...
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A mentira que o filme omite... O livro é o filme escondem quem foi Rubens Paiva, que aparece apenas como um pai de família. Ru...
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