quinta-feira, 19 de outubro de 2023

REFLEXÃO 01

 

Dois perigos que todo cristão enfrenta

 

Não existem zonas neutras da vida. Absolutamente tudo o que fazemos tem ponto de partida religioso

 

Por Pedro Dulci

 

Existem dois equívocos – que são irmãos gêmeos – que atrapalham muitíssimo os cristãos viverem a verdadeira espiritualidade.

 

O primeiro é pensar que existe alguma área da vida que esteja desconectada de Deus e de sua glória. Ou seja, de que podemos habitar uma zona neutra, sem dimensões religiosas, sem nos preocuparmos em obedecer a Deus naquela área.

 

Obviamente, essas zonas neutras da vida não existem. Absolutamente tudo o que fazemos tem ponto de partida religioso. Seja o café que tomamos, o livro que lemos ou o trabalho que executamos, estamos fazendo isso diante de Deus.

 

Tudo o que realizamos no dia precisa ser encarado como devocional. O mesmo senso de sacralidade que damos para a leitura bíblica e a oração precisa ser dado às conversas no telefone, aos deveres de casa e aos negócios.

 

Esse desafio de viver integralmente diante de Deus gera o segundo problema na espiritualidade cristã moderna: acreditar que essa vida vivida diante de Deus é uma espécie de rotina transcendentalista.

 

Sabe aquela imagem de discernimento espiritual como quem está em transe? Que come, bebe e canta de olhos fechados, concentrado no sobrenatural e invisível? Um tipo de mística evangélica que despreza o momento presente para tentar atingir um estado de iluminação catártica?

 

A verdadeira espiritualidade não tem nada a ver com isso. Dizer que não existe espaço neutro em nossa vida não é sinônimo de encarar tudo como uma série de processos secretos que preciso estar atento para saber onde estão os demônios e onde está o Senhor.

 

O ajuste fino entre esses dois extremos é o principal desafio para o discípulo contemporâneo de Jesus. Passar a encarar tudo o que fazemos de forma devocional sem escorregar a um transcendentalismo alienante é algo muito difícil.

 

Somos seduzidos a oscilar entre o naturalismo e o misticismo. Não conseguimos manter por muito tempo a convicção de que Deus está presente em cada momento, e que quer ser obedecido naquela hora, para sua glória, sem que isso signifique ser absorvido por uma atmosfera de adoração que volta suas costas ao cotidiano.

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