A Verdade sobre Soros, Biden e Ucrânia
Paulo Henrique
Araujo, 22 de junho de 2024 0 150
A guerra na Ucrânia desencadeou de maneira global uma nova
fase da guerra de híbrida, tornando o campo da informação, uma praça de guerra,
onde histórias são criadas a partir de meias verdades e vilões e heróis
fabricados em fazendas de trolls espalhadas pelo mundo. Um dos principais fatos
neste cenário são as ligações da família Biden, George Soros e o governo da
Ucrânia. Mas o que há de verdade e de desinformação nesta história?
Antes de começarmos, é importante ressaltar que este vídeo
não tem o objetivo de apresentar todas as questões que envolvem a atual guerra
no leste europeu, mas, no contexto proposto, apresentar fatos objetivos que
contrapõem a larga desinformação aplicada nos últimos dois anos. Para um melhor
entendimento e organização das informações, dividiremos os fatos por meio de
atos.
Ato 1 – A guerra fria revolucionária: Soros x Putin
George Soros patrocinou diversos movimentos civis que
contribuíram para a queda da URSS e fez muito dinheiro com a massa falida das
repúblicas soviéticas. Em 2004, financiou a revolução laranja, com o intuito de
impedir que Viktor Yanukóvytch, político pró-Rússia assumisse o poder. Os
ucranianos conseguiram com o movimento realizar uma nova eleição, que acabou
elegendo como Presidente Viktor Yuschenko.
Em 2010, Yanukóvytch derrotado em 2004, venceu as eleições
presidências. Mesmo sendo aliado de Moscou, Yanukóvytch viu-se obrigado a
iniciar o pedido de adesão da Ucrânia à União Européia por pressão popular.
Putin interveio para impedir que o então presidente da Ucrânia se afastasse e
emprestou US$ 15 bilhões de dólares, além de baratear o gás, que estava sendo
utilizado como moeda de pressão política com a administração anterior de Viktor
Yuschenko. Assim, o presidente Viktor Yanukóvytch suspende o processo de associação
com a União Européia.
Exatamente como em 2004, novos protestos eclodem e uma nova
Revolução começa na Ucrânia entre 2013 e 2014: A Euromaidan, nome da praça
Maidan, onde iniciaram-se os protestos. Soros novamente utiliza seus métodos de
infiltração e financiamento nos protestos. Yanukóvytch concorda com todos os
termos dos manifestantes, mas a ordem era a sua derrubada. O Presidente então
deixa o governo e posteriormente o país. Estas sequências históricas foram
determinantes para que Putin, desejoso de proteger a sua influência e posição
dentro da Ucrânia, invadisse a Criméia durante o governo provisório de Olexandr
Turtchynov.
Ato 2 – George Soros e sua influência na Ucrânia
Novas eleições são realizadas e, em 25 de maio 2014 o
bilionário Petro Poroshenko é eleito. Próximo a George Soros, Poroshenko
aproxima sua administração dos interesses comum de Soros, chegando inclusive a
oferecer a este a maior condecoração da Ucrânia: a “Ordem da Liberdade”. Também
atribuindo papel de destaque à Open Society Foundation na proposta de
reformulação do Estado Ucraniano.
Poroshenko, foi eleito para assumir o cargo após a renúncia
de Viktor Ianukovytch (ligado ao esquema oligarca Russo, mas que por pressão
interna no país precisou fazer jogo duro contra o Presidente da Federação
Russa) na esteira dos acontecimentos da Euromaidan em 2014.
Poroshenko rapidamente favoreceu seu bem-feitor Soros, lhe
garantiu vantagens em negócios na Ucrânia e enriqueceu muito a sua família.
Soros chegou a ser condecorado por Poroshneko com honrarias estatais.
Dentre os negócios, estão pontes de acesso privilegiados à
Casa Branca, pois o presidente era Barack Obama, homem chave de Soros. Obama,
assim como Hillary e Biden, são considerados generais do Partido das Sombras,
controlado por Soros com mão de ferro, em uma estrutura imensa que utiliza
“técnicas globalistas” nos altos círculos de influência e, manipula e financia
os grupos de ação social com as técnicas de Saul Alinsky.
Ato 3 – Trump é eleito, Biden ameaça o então Presidente
Ucrâniano
Trump vencera as eleições de 2016 e, em 16 de novembro
daquele ano, temos o áudio de Biden onde ele como intermediário, avisa
Poroshenko para não “colaborar” com a nova administração. Biden inclusive
orienta “respeitosamente” que Poroshenko faça o que estiver ao seu alcance para
o fechamento do banco.
Estas informações vieram a público no ano de 2022,
divulgadas pela emissora de TV “OAN”, onde foi divulgado áudio de uma conversa
realizada em 16 de novembro de 2016 entre Joe Biden (então Vice-Presidente dos
EUA) e Petro Poroshenko (então Presidente da Ucrânia), duas semanas após a
vitória de Trump no pleito eleitoral. Na conversa, temos diretrizes sendo
“sugeridas” por Biden e uma fala que poderia ser interpretada como ameaça:
“Isso está ficando muito, muito próximo do que eu não quero
que aconteça, eu não quero que Trump chegue a uma posição em que ele pense que
está prestes a comprar uma política em que o sistema financeiro vai entrar em
colapso e ele se verá obrigado a despejar mais dinheiro na Ucrânia.
É assim que ele vai pensar antes de ficar sofisticado o
suficiente para conhecer os detalhes.
Então, qualquer coisa que você possa fazer para empurrar o
Privatbank para o fechamento, para que o empréstimo do FMI seja concedido, eu
respeitosamente sugiro que seja extremamente importante para sua segurança
econômica e física.”
O banco Privatbank, citado por Biden, é uma sociedade
anônima pública um dos maiores país e o maior credor da Ucrânia. Mas por qual
motivo este áudio é importante para entendermos questões de fundo na Guerra de
invasão da Rússia à Ucrânia?
Em 18 de dezembro de 2016 o banco foi nacionalizado pelo
governo da Ucrânia em 100%, como parte de uma “limpeza do sistema bancário” do
país. Teria Poroshenko prezado por sua “sua segurança econômica e física”,
conforme alertado por Biden 32 dias antes? Aqui cabe ressaltar o verdadeiro
papel de Soros, como “dono” do Partido das Sombras que elegera Obama,
organizara e patrocinara a campanha de Hillary Clinton e, mais adiante em 2020,
também foi o responsável pela eleição de Biden, conforme apresento no livro
“EUA e o Partido das Sombras”, em parceria com Ivan Kleber Fonseca.
Ato 4 – Os problemas para Putin e Soros: Donald Trump e
Volodymyr Zelensky
O povo Ucrâniano rejeitou o projeto imposto por Poroshenko,
que sofre uma derrota expressiva nas eleições de 2019 para um outsider chamado
Volodymyr Zelensky. O resultado do pleito ao final foi de 73,22% dos votos para
Zelensky, contra 24,25% para Poroshenko.
Zelensky é um personagem controverso que, como Donald Trump
e Jair Bolsonaro, foi eleito pelo cansaço das pessoas com a classe política
tradicional. Conseguiu apoio popular massivo por ser uma personalidade da
televisão ucraniana e, também, conseguir apoio de oligarcas locais,
considerados o “centrão” da Ucrânia.
Mesmo com este apoio do “centrão”, Zelensky não consegue
desmontar o establishment ucraniano, seja o pró-Rússia, seja o da Open Society.
Rapidamente, Zelensky faz aproximações com o governo
americano de Donald Trump e brasileiro de Jair Bolsonaro por precisar de apoio
para proteger sua administração dos interesses de Soros e também de Vladimir
Putin.
Trump, sabendo dos negócios envolvendo os Bidens, pede que
ele verifique o que sabe envolvendo o caso em uma ligação telefônica, que
falaremos em detalhes mais adiante. Soros, começa a agir em todas as frentes.
Ainda no fim de 2019 o bilionário encontra-se em Londres com Petro Poroshenko
e, começam a pipocar greves e convocações para uma “nova Maidan” contra
Zelensky, afirmando que ele era Pró-Rússia.
Enquanto isto nos EUA, uma das principais generais do
Partido das Sombras, Nancy Pelosi, entra no circuito e faz avançar o processo
de impeachment de Trump na câmara em 18 de dezembro de 2019, utilizando a
máquina política e principalmente da mídia, vaza o briefing da ligação entre
Zelensky e Trump, onde Trump dava a entender que era preciso investigar
negócios escusos de Hunter Biden, envolvendo a empresa de energia Burisma. Isto
traduz a questão pessoal de Joe Biden com Zelensky. O processo não avançou no
Senado e o processo de impeachment foi arquivado.
Em uma tacada, Soros e seus emissários tentaram derrubar
Trump e Zelensky de seus cargos. A intenção na Ucrânia era, talvez, trazer
Poroshenko de volta ao poder.
Ato 5: O homem errado para os dois lados
Três dias após a posse de Biden, o programa de entrevistas
Axios, vai até Kiev falar com Zelensky. O entrevistador faz de tudo para jogar
o Presidente ucraniano contra Trump, no jargão popular dá uma chance para ele
“limpar a cara” com Biden jogando seu aliado “aos leões” enaltecendo a imagem
de Biden. Até mesmo a invasão do capitólio de 06 de janeiro entra no tema.
Zelensky não entrega o que era esperado dele na entrevista.
Sobre Hunter Biden e seus negócios com a Burisma obviamente
não tivemos nada na entrevista. Esta entrevista está disponível na HBO Max.
Em suma, temos nesta época o seguinte panorama:
Zelensky atrapalha os negócios de Soros na Ucrânia e pode
ter informações que prejudiquem os Biden’s.
Zelensky atrapalha os negócios de Putin e sua esfera de
influência energética, imperialista-territorial e negócios.
Sua deposição, ou eliminação, é boa para “todo mundo”. Basta
lembrar que no dia da invasão da Ucrânia pela Rússia, Biden entrou em contato
com Zelensky, lhe oferecendo uma fuga para abandonar o governo, ação que gerou
a frase que tornou Zelensky conhecido em todo o mundo: “Não preciso de uma
carona, preciso de munição!”.
A guerra da Ucrânia era uma oportunidade única, tanto para
Putin, quanto para Soros, destruírem Zelensky. Um inimigo político comum que,
para Putin, trata-se de um nazista ocidental, para Soros uma porta de entrada
aos globalistas da União Europeia. Assim, conforme os acontecimentos da guerra,
decidiriam quem ficaria com os espólios do conflito, no caso, a Ucrânia. Claro,
tendo a possibilidade ainda de se verem reciprocamente destruídos no processo.
Só faltou combinarem com o povo ucraniano…
PONTO ADICIONAL:
Alguns leitores podem estar se indagando: “Mas o Soros está
apoiando a Ucrânia!”. Sim, pois ele tem a oportunidade de enfraquecer um
adversário muito maior que é Vladimir Putin. O Zelensky ele resolve depois…
quem sabe já na próxima eleição? Afinal, dificilmente um candidato pro-Rússia
vencerá.
Paulo Henrique Araujo
Analista político, palestrante e escritor; é o fundador do
portal PHVox e também apresenta os programas nosso canal do YouTube. É um
estudioso da história brasileira, principalmente referente ao período colonial
e monárquico, e da geopolítica latino-americana.
Sem comentários:
Enviar um comentário