Migalhas não preenchem o
coração. Quando não existe uma troca, não existe nada.
Por Karen Curi
em Crônicas
A gente
tenta, insiste, faz de tudo e mais um pouco para que gostem de nós. Coração é
desse jeito… É terra de ninguém. Mais dia, menos dia, alguém que está de
passeio resolve ficar. Dorme uma noite, passa um fim de semana, um mês inteiro
e, quando vê, já se mudou. É assim que o amor começa. E quando a gente assusta
já está no meio, quem sabe, no fim.
Às vezes
não chegamos nem na metade do caminho. Porque essa não era uma prioridade,
porque não estávamos seguros do compromisso, porque a nossa solidão era melhor
do que a companhia do outro. Talvez não fomos tão insistentes. Talvez tenhamos
insistido demais, até ter a certeza de que não era para ser. Acontece que
ninguém é obrigado a amar, e nem é justo amar por dois. Se não for amor, que
seja paixão, desejo, amizade ou apenas vontade. Quando não existe uma troca,
não existe nada.
Podem
chamar de egoísmo. Eu chamo de amor-próprio. Ou a gente se ama primeiro, ou
nada feito. Aquele que não se valoriza e que não engrandece a própria presença
jamais será enobrecido aos olhos dos outros.
Não existe um amor por obrigação que seja prazeroso e gratificante. Justamente porque o amor não combina com imposição. Ou os dois se amam e querem estar juntos, ou que fique cada um no seu canto, mas com a certeza consoladora de estar obedecendo às próprias vontades.
Não existe um amor por obrigação que seja prazeroso e gratificante. Justamente porque o amor não combina com imposição. Ou os dois se amam e querem estar juntos, ou que fique cada um no seu canto, mas com a certeza consoladora de estar obedecendo às próprias vontades.
Existe
algo impossível: mandar em outros corações, ditar ordens e querer que sejam
cumpridas de acordo com as próprias regras. No amor não se manda. Também não se
implora por ele. O amor simplesmente acontece. E quando ele começa a ser
pedido, cobrado, mendigado, o mais honesto a fazer é deixar partir. Seguiremos
então os nossos caminhos junto daqueles que nos
Sou a
favor do compromisso com nós mesmos. Vivo sob as leis da reciprocidade. É por
isso que não admito me doar inteira e receber apenas um pedaço. Entrego tudo e
quero o seu tudo também. Com a mesma proporção e intensidade. Também não admito
ser metade de ninguém que esteja completo. Porque não é justo. Porque ninguém
merece pouca importância, pouco valor e pouco caso.
Migalhas não enchem a barriga, tampouco o coração.
Migalhas não enchem a barriga, tampouco o coração.
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